Não tem maioria, não tem quem lhe aprove o Orçamento em outubro e só sabe que a AR não é dissolvida porque o Presidente deixa de o poder fazer em setembro. Apesar deste ser o cenário para 2025, o primeiro-ministro Luís Montenegro aproveitou a sua primeira mensagem de Natal como primeiro-ministro para dizer que “Portugal é um referencial de estabilidade” num “mundo em convulsão” e numa “Europa apreensiva” com a estagnação da Alemanha e a dívida de França. Fala de imigração e segurança, mas de forma cautelosa e sem as relacionar.
O primeiro-ministro, numa mensagem transmitida esta quinta-feira à noite pela televisão e rádio públicas, falava acima de tudo de estabilidade financeira. Para os mercados verem e ouvirem, Luís Montenegro deixou ainda a garantia que “esta nova política de baixar impostos e valorizar salários e as pensões é realizada com rigor e equilíbrio orçamental.”
Numa altura em que enfrenta críticas por elogiar a ação policial no Martim Moniz, Luís Montenegro optou por uma posição equilibrada em matéria de segurança e por uma posição defensiva relativamente à imigração. O primeiro-ministro garante que vai “promover imigração regulada, para acolher com dignidade e humanismo aqueles que escolherem viver e trabalhar no nosso país.” O ónus da regulação não parte dos efeitos nocivos da imigração ilegal (como muitas vezes adverte o Chega), mas da necessidade dos imigrantes viverem com dignidade no país.
Já sobre segurança, Luís Montenegro diz que “Portugal é um dos países mais seguros do mundo”, mas avisa que é preciso “salvaguardar esse ativo para não o perdermos.” Por um lado destaca a ideia de que Portugal é muito seguro, mas por outro também alerta que não é um valor adquirido e que tem de ser protegido. Ainda assim, com muita moderação.
Sobre a governação, Luís Montenegro justifica-se perante os portugueses, dizendo que nestes primeiros nove meses teve que “resolver questões mais urgentes” e enumerou várias medidas tomadas pelo Governo, desde a valorização de várias carreiras na Função Pública até ao aumento de pensões. Neste último caso até se apropriou de uma medida proposta pelo PS (aumento extra de pensões até 1527,78 euros), aprovada com a ajuda do Chega e relativamente à qual o PSD e o CDS (e também a IL) votaram contra. Ainda neste setor, lembrou que aprovou aumentos das pensões “sem truques”, numa nova farpa à forma como o Governo Costa processou as pensões em 2023.
O primeiro-ministro termina ainda o discurso para lembrar as efemérides redondas em que se celebrou Mário Soares e Sá Carneiro em 2024 para “convocar todos a inspirarem-se” nestes líderes a que chamou de “dois artífices da democracia”. Evocou ainda os 50 anos do 25 de Abril, mas nada disse sobre a primeira sessão do 25 de Novembro no Parlamento — que se realizou em 2024, nos 49 anos do 25 de Novembro de 1975.