A fabricante de veículos elétricos chinesa BYD cortou relações com a empresa de construção cujos operários chineses foram encontrados a trabalhar e a viver em condições de escravatura no Brasil, levando à suspensão da obra.

Na segunda-feira, as autoridades brasileiras resgataram 163 trabalhadores chineses que estavam a construir uma nova fábrica de veículos elétricos para a BYD, no estado da Bahia, no nordeste do país, e ordenaram a suspensão da construção, de acordo com um comunicado do Ministério Público do Trabalho brasileiro.

O gigante chinês dos veículos elétricos pôs termo às relações com a Jinjiang Construction Brazil Ltd e comprometeu-se a proteger os direitos dos trabalhadores subcontratados, informou a subsidiária brasileira da BYD.

Todos os trabalhadores serão transferidos para hotéis, garantiu a empresa, em comunicado.

“A BYD Auto do Brasil reitera o seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que diz respeito à proteção dos direitos dos trabalhadores e da dignidade humana”, disse o vice-presidente da BYD Brasil, Alexandre Baldy.

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Os procuradores afirmaram que os trabalhadores viviam em condições análogas à escravidão, de “trabalho forçado”, e que tiveram os seus passaportes e grande parte de salários retidos pela construtora.

Entre uma série de falhas, o relatório constatou que, se um trabalhador se demitisse após seis meses, sairia sem qualquer remuneração, pois a empresa descontava a passagem aérea de ida e volta para o Brasil, entre outros custos. Uma vítima sofreu um acidente de trabalho, após ter trabalhado durante 25 dias seguidos.

Uma das instalações de alojamento tinha camas sem colchões e apenas uma casa de banho para cada 31 trabalhadores, obrigando-os a acordar diariamente às 4 da manhã para estarem prontos a sair para o trabalho às 5h30, referiu o relatório.

As autoridades encerraram os locais de alojamento até que as entidades reguladoras locais os considerem em conformidade com as normas.

A BYD afirmou ter efetuado uma “revisão detalhada” nas últimas semanas das condições de trabalho e de vida dos trabalhadores subcontratados e ter solicitado, em “várias ocasiões”, que a empresa de construção efetuasse melhorias.

A nova fábrica de veículos elétricos deve entrar em funcionamento no próximo ano.