O parlamento de Tonga escolheu na quarta-feira o veterano ‘Aisake Valu Eke como o novo primeiro-ministro, duas semanas após a demissão surpresa do antecessor, num contexto de relações tensas com o monarca do arquipélago.
Eke recebeu 16 votos, em comparação com oito para o rival Viliami Latu, de acordo com o resultado de uma votação secreta.
O antigo deputado e ministro das Finanças, entre 2014 e 2017, tomará posse em fevereiro de 2025, antes das eleições legislativas marcadas para novembro.
Eke vai suceder a Siaosi Sovaleni, que se demitiu em 9 de dezembro, pouco antes do parlamento de Nuku’alofa votar uma moção de censura.
“Demiti-me imediatamente de acordo com a Constituição”, disse Sovaleni, num breve discurso perante o parlamento, sem especificar as razões para a sua decisão nem contestar a moção de censura.
“No que respeita a Sua Majestade [o rei de Tonga, Tupou VI] (…) e aos nobres que mudaram de lado porque tiveram medo, deixem-me suportar o peso e a dor”, acrescentou o dirigente, citado pelo jornal online Matangi.
Tonga é uma monarquia parlamentar em que o rei mantém poderes para nomear juízes, vetar leis e dissolver o parlamento. Tupou VI nomeia nove dos 26 deputados, enquanto os restantes 17 são eleitos pela população.
“É o melhor caminho para Tonga”, disse o político de 54 anos, após a sua demissão, à Rádio Nova Zelândia, acrescentando que espera que alguém tome as rédeas do executivo nos próximos 10 meses, até às próximas eleições gerais.
Primeiro-ministro de Tonga demite-se antes de enfrentar moção de censura
Sovaleni, que assumiu o poder em dezembro de 2021, enfrentou e sobreviveu uma moção de censura em setembro, apresentada por várias razões que incluíram suspeitas de corrupção, má gestão, a situação da companhia aérea Lulutai Airlines e o incumprimento de promessas eleitorais.
Em fevereiro Tupou VI tinha retirado, sem explicar os motivos, a confiança a Sovaleni como chefe das Forças Armadas, abrindo uma crise política no pequeno reino da Polinésia, onde o monarca tinha o poder absoluto até 2008.
O político admitiu ter “muito pouco conhecimento” sobre a razão pela qual o rei tentou obrigar o Governo a abdicar das pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
Tonga sofreu um tsunami em janeiro de 2022, causado por uma violenta erupção de um vulcão subaquático, que causou três mortes e deixou o país incomunicável durante vários dias, afetando 80% da população de cerca de 105 mil pessoas, distribuídas por 171 ilhas.
Tal como os seus vizinhos do Pacífico, o país tem sido um alvo diplomático dos Estados Unidos desde abril de 2022, quando a China e as Ilhas Salomão assinaram um pacto de segurança que prevê a possibilidade do envio de forças de segurança chinesa para o arquipélago.