“Aqui”
O novo filme de Robert Zemeckis é a adaptação da banda desenhada homónima de Richard McGuire, e passa-se numa casa nos subúrbios de uma cidade americana, nos séculos XIX, XX e XXI, abrangendo uma série de famílias que a ocuparam, e sobretudo várias gerações de uma delas, nas últimas oito décadas, com alguns saltos para o local quando da pré-história e de quando lá vivia ainda uma tribo índia. Aqui decorre toda na mesma divisão, a sala de estar com vista para a rua, fazendo-o parecer um híbrido de banda desenhada e teatro filmado com efeitos digitais (Tom Hanks e Robin Wright são rejuvenescidos por computador). Esta colagem formal de Zemeckis à ideia gráfica e narrativa do livro, e a jiga-joga temporal, fazem de Aqui um filme repetitivo, dramática e visualmente entediante, e ao contrário do que o realizador desejaria, muito pouco envolvente no plano emocional.
“O Barco do Amor”
A funcionária de um próspero empresário mobiliza o seu marido desocupado e um punhado de amigos sem cheta para proporcionarem àquele, e à mulher que quer conquistar, um fim-de-semana romântico e inesquecível num barco que navega pelos canais de um rio, abotoando-se com os milhares de euros que ele ia pagar a uma empresa especializada neste tipo de turismo. Só que um imprevisto complica o plano dos vigaristas. O ator e realizador Bruno Podalydès escreve, filma e desempenha um dos papéis desta comédia ligeira na boa e despretensiosa linhagem do género, e que junta ambientes, características humorísticas, situações e tipos de personagens que remetem tanto para as comédias francesas dos anos 30, quer para as das décadas de 70 e 80. O coeso e muito divertido elenco inclui ainda Sandrine Kiberlain, Daniel Auteuil e Denis Podalydès.
“Babygirl”
Assinado pela atriz e realizadora holandesa Halina Reijn, Babygirl tem Nicole Kidman no papel de Romy, uma mulher que parece ter tudo e estar realizada em todos os planos: profissional, familiar e íntimo. Manda numa empresa de robótica inovadora e muito lucrativa e valorizada, é casada com um famoso encenador de teatro, tem duas filhas, vive num enorme apartamento em Manhattan e possui uma lindíssima casa de férias numa propriedade no Connecticut. O que ninguém sabe é que Romy precisa de ver pornografia para ter a satisfação sexual que não consegue com o marido, e é uma submissa sadomadoquista. E certo dia, ela envolve-se com um dos jovens estagiários da sua empresa. Babygirl foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.