O Governo e o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos iniciaram nesta sexta-feira um processo negocial que tem como principal ponto a grelha salarial mas não houve acordo e foi marcada nova reunião para dia 3 de janeiro.

Henrique Reguengo, presidente do sindicato, disse à Lusa após a longa reunião que “há uma grande distância” entre o que os farmacêuticos necessitam e o que o governo está disponível para dar. Sem grande otimismo sobre o processo negocial o responsável congratulou-se ainda assim por desta vez ter havido a disponibilidade para iniciar a discussão das matérias que dizem respeito aos farmacêuticos.

É que, lembrou, as negociações entre o Ministério da Saúde e o Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) estavam interrompidas há três meses, com as reuniões sucessivamente adiadas pela tutela.

Nas discussões, disse, a parte mais importante é a tabela remuneratória, que não é mexida desde 1999, o que torna a discussão ainda mais difícil. “Temos 25 anos de atraso e por isso na atualização da grelha as nossas expectativas são altas e a margem do Governo é diminuta”, afirmou.

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Com uma próxima reunião marcada já para a próxima semana, Henrique Reguengo disse que para já a discussão “ainda está muito incipiente” e que nesta sexta-feira foi apenas “o início de um caminho”. “Mas foi positivo começar a traçar esse caminho”, adiantou.

Henrique Reguengo já tinha lamentado que a tabela remuneratória dos farmacêuticos permanecesse inalterada desde 1999, enquanto ao longo de 25 anos todas as outras tabelas remuneratórias das carreiras revistas da saúde foram atualizadas.

Sem essa revisão, considerou, não há qualquer fator da atratividade para os farmacêuticos irem para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), algo que já se está a refletir no SNS.

Depois de reuniões com o Ministério da Saúde sucessivamente desmarcadas os farmacêuticos convocaram uma greve entre 22 e 24 de outubro, com uma adesão que rondou os 90%. Depois desta paralisação, foi agendada nova reunião para 27 de novembro, que foi novamente adiada para 12 de dezembro, altura em que a tutela adiou mais uma vez o encontro, passando-o para esta sexta-feira.

Os farmacêuticos exigem urgência na finalização do processo negocial, sublinhando a necessidade de uma proposta de grelha remuneratória que “reconheça plenamente as responsabilidades e a complexidade das funções” exercidas pelos farmacêuticos do Serviço Nacional de Saúde e apelam “a um compromisso e à boa-fé” dos ministérios da Saúde e das Finanças.

O sindicato refere que os farmacêuticos “enfrentam condições de trabalho degradantes”, sem qualquer perspetiva de evolução, o que obriga muitos destes profissionais a abandonar o SNS ou a emigrar.