A relação entre a Stellantis e o Governo de Giorgia Meloni tem estado ao rubro, com os italianos zangados, a acusar o ex-CEO Carlos Tavares de ter conduzido o gigante franco-italo-americano à deslocalização do fabrico de alguns modelos para mercados com custos de produção inferior. Acresce que os italianos também não perdoaram o facto de Tavares ter metido travões ao investimento numa fábrica de baterias para veículos eléctricos, que esteve programada mas que depois derrapou, deixando Meloni à beira de um ataque de nervos.

Agora, com o gestor português afastado e John Elkann (da família Agnelli) — tão italiano quanto Meloni — aos comandos, em representação do maior accionista do grupo, está aberto o caminho para a paz. Para que não haja dúvidas, a Stellantis anunciou um investimento em Itália de 2000 milhões de euros em 2025, como que a provar o compromisso a longo prazo com o país onde, entre 2021 e 2025, investirá um total de 10 mil milhões de euros. Esforço que será acompanhado pelo apoio governamental de 1,6 mil milhões na rede de fornecedores da Stellantis em Itália no próximo ano, estando mais 1000 milhões agendados para 2026.

Em reunião com o ministro italiano da Indústria e os representantes dos sindicatos, Elkann e um conjunto de membros da administração da Stellantis chegaram a acordo para, além do considerável investimento no país transalpino, o grupo avançar com a introdução de novos modelos, com destaque para três Alfa Romeo. A escolha contempla o substituto do SUV Stelvio, já em 2025, para em 2026 surgir a berlina que sucede ao Giulia. O terceiro modelo ainda permanece no segredo dos deuses, mas tudo indica tratar-se de um novo topo de gama, segundo a Reuters. Em comum têm o facto de todos eles serem produzidos na fábrica da marca em Cassino, no sul de Itália, entre Roma e Nápoles.

Além dos planos previstos para Cassino, as outras fábricas da Stellantis não foram esquecidas. Para Melfi está prevista a produção do novo Jeep Compass, além dos futuros Lancia Gamma e DS7, ambos com a possibilidade de oferecer versões híbridas e 100% eléctricas. A linha de produção de Pomigliano D’Arco vai ser adaptada à nova plataforma do grupo, a STLA Small, de forma a poder começar a fabricar o antigo Panda até 2030 e, simultaneamente, a nova geração.

Em Mirafiori vai continuar a ser fabricado o actual Fiat 500 até final de 2025, para a nova geração estar prevista para apenas 2032, enquanto a fábrica de Atessa, especializada em veículos comerciais, assegurará os furgões para a Fiat, Citroën, Peugeot e Opel. A fábrica de Modena vai ser transformada num centro para a produção de veículos topo de gama. Se até aqui produzia apenas os Maserati, a partir de agora vai reforçar a produção com os veículos de luxo da Stellantis. E Termoli, que se concentrava na produção de motores, vai converter-se numa Gigafactory para passar à fabricação de baterias da francesa Automotive Cells Company, que surgiu fruto do investimento da Stellantis e da Saft, da Total Energies, a que se juntou depois a Mercedes.

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