Quinze conhecidos políticos e ativistas venezuelanos foram detidos nas últimas 72 horas na Venezuela, entre eles o ex-candidato presidencial Enrique Márquez e o diretor da organização Espaço Público, denunciou esta quarta-feira o Comité pela Liberdade dos Presos Políticos (CLPP).
“Repressão na Venezuela: Estão a ser registados ataques repressivos no contexto da tomada de posse presidencial. Até à noite de terça-feira, 7 de janeiro, familiares e amigos relatam detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados de ativistas, líderes políticos e defensores dos direitos humanos, assim como de cidadãos estrangeiros, nas últimas 72 horas”, revelou a organização não-governamental na rede social X.
REPRESIÓN EN #VENEZUELA ????????| Se reporta razia represiva en el contexto de la toma de posesión presidencial en #Venezuela.
Hasta la noche de este martes #7Ene, familiares y amigos reportan las siguientes detenciones arbitrarias y desaparición forzada de activistas, dirigentes… pic.twitter.com/dRQDB7IZMK
— Comité por la Libertad de los Presos Políticos. (@clippve) January 8, 2025
Segundo o CLPP, nas últimas 72 horas, foram detidos em Caracas Rafael Tudares, genro do opositor e candidato presidencial Edmundo Gonzáles Urrutia, Carlos Correa, diretor da organização Espaço Público e do portal noticioso Crónica Uno, e o ex-candidato presidencial Enrique Márquez.
Ex-candidato presidencial venezuelano Enrique Marquez “detido arbitrariamente”
No interior do país foram detidos os professores Gerardo Camacho e Jesus Cira, os dirigentes do partido Vente Venezuela Marianela Ojeda e Alejandro Briceño e os ativistas Francisco Briceño Graterol, Robert Rea, Dario Duran Yorman González, Yuli Rosales e Engelbert Abreu, indicou a ONG, acrescentando que a lista de pessoas detidas integra ainda Francisco Carriello, de Aliança Bravo Povo, e Jeremy Santamaría, autarca do município Angostura.
Na terça-feira, o Presidente da Venezuela anunciou que sete estrangeiros, entre eles dois norte-americanos, dois colombianos e três ucranianos, foram detidos e acusados de terrorismo e de tentar desestabilizar o governo.
“Apenas hoje [terça-feira], capturámos sete mercenários estrangeiros, incluindo dois importantes mercenários dos Estados Unidos da América (…) que vinham para desenvolver ações terroristas contra a paz na Venezuela”, anunciou Nicolás Maduro, durante o ato de juramento do corpo de combatentes, transmitido pela televisão estatal venezuelana.
Os detidos, segundo indicou Maduro, juntam-se aos 125 estrangeiros, de 25 nacionalidades, que as autoridades venezuelanas capturaram desde novembro.
Estas detenções ocorrem a poucos dias da tomada de posse de Maduro para um novo mandato presidencial de seis anos, marcada para sexta-feira, dia 10 de janeiro.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho de 2024, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição venezuelana afirma que Edmundo González Urrutia (que pediu asilo político a Espanha) obteve quase 70% dos votos.
A oposição e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e têm exigido que o CNE apresente as atas de votação para uma verificação independente, algo que o Conselho ainda não fez.
Em 2 de janeiro, as autoridades venezuelanas ofereceram uma recompensa de 100.000 dólares (cerca de 97,4 mil euros) por informações sobre o paradeiro de Urrutia.
Na semana passada, Maduro avisou que o poder presidencial no país “jamais cairá nas mãos de um fantoche da oligarquia e do imperialismo”.
Na sexta-feira, o governo venezuelano enviou 1.200 militares para todo o país para “garantir a paz” antes e durante a tomada de posse.