O centro de Lisboa prepara-se para receber uma nova sala de espetáculos. Fica dentro do emblemático Coliseu dos Recreios e vai chamar-se Coliseu Club. O novo espaço é inaugurado a 1 de março com um concerto da banda portuguesa Humana Taranja.

O programador e produtor cultural Nuno Barros, da equipa do Coliseu dos Recreios, adianta ao Observador que já era uma ideia com alguns anos, tendo começado a ser pensada antes da pandemia. O Coliseu Club, que ainda se encontra em fase de finalização, ocupa o espaço do antigo bar do Coliseu dos Recreios, no primeiro andar do edifício. Quando abrir, terá capacidade para 200 pessoas sentadas ou 500 em pé.

Esta não será a primeira vez que aquele local dentro do Coliseu acolhe espectáculos. Durante o festival Super Bock em Stock, promovido pela produtora Música do Coração em diversas salas entre a Praça dos Restauradores e a Avenida da Liberdade, já tinha recebido concertos. Agora sofreu obras para se tornar de facto numa sala de espetáculos com uma vida autónoma face à sala principal do Coliseu dos Recreios.

“É uma sala que vai ter não só programação independente, mas que também pode servir como complemento à sala principal. O Coliseu dos Recreios tem sido uma sala de acolhimento, fazemos poucas produções próprias. A ideia do clube é fazer parcerias com artistas e dar a hipótese a muitos tipos de projetos de se mostrarem no centro de Lisboa”, explica Nuno Barros.

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“A ideia foi criar um espaço polivalente, mais pequeno, mas que também tivesse uma programação eclética, que pode ir da música ao stand-up comedy, passando por conferências. Estará aberta a todo o tipo de eventos”, acrescenta o programador e produtor cultural.

Enquanto a sala principal costuma ser alugada por promotores externos para organizarem espetáculos, o método com o Coliseu Club será distinto. “Com a sala pequena não é esse o objetivo, pelo menos por agora. O objetivo é que este ano a sala faça alguma programação própria, que façamos parcerias com artistas ou estruturas, e, depois, no futuro, se verá.”

A programação do Coliseu Club não será tão frequente como a da sala principal do Coliseu dos Recreios, pois não poderá haver eventos a decorrer em simultâneo. “O que vai acontecer é que, acabando o concerto na sala principal, começa outro espetáculo no clube. Que pode ser, ou não, complementar ao espetáculo na sala grande.”

Embora tenham licença para estarem abertos pela noite fora, o objetivo também não passa por criar um espaço de clubbing, com pista de dança aberta durante a madrugada. “A ideia é fazer concertos ao domingo às seis ou sete da tarde. Durante a semana, quando não houver concertos na sala grande, pelas 21h30. Sextas e sábados, quando não houver concerto na sala principal, às 22h ou 22h30. E se houver um concerto na sala grande, o outro concerto só pode arrancar no clube à meia-noite.”

Nuno Barros acredita que o Coliseu Club vem “dar mais uma valência ao Coliseu dos Recreios” e deixar “mais uma porta aberta” na cidade de Lisboa. “Acredito que muitas das bandas e artistas que por aqui passarão acabarão por tocar na sala principal passado algum tempo.”

Por outro lado, o Coliseu Club vem preencher uma certa lacuna de salas de média dimensão na capital portuguesa. “Há outras salas com esta capacidade no centro de Lisboa. Mas estamos diretamente acima de um B.leza e abaixo de um Capitólio, a nível de capacidade em pé. E a sensação, pelo menos daquilo que temos falado com os promotores e os agentes, é que quanto mais salas, melhor. A ideia não é fazer concorrência, é precisamente ser complementar, para projetos que por vezes têm necessidade de terem mais público.”

Imóvel de Interesse Público desde 1996, o Coliseu dos Recreios foi inaugurado em agosto de 1890. Tem capacidade para 2 846 pessoas em formato de plateia sentada, ou 5672 em pé. O edifício pertence há cerca de um século à Ricardo Covões S.A., da família do promotor de eventos Álvaro Covões, fundador da Everything is New, uma das principais promotoras de espetáculos a operar em Portugal.