“Joan Baez — A Cantiga é uma Arma”

Realizado a seis mãos por Miri Navasky, Maeve O’Boyle e Karen O’Connor, Joan Baez — A Cantiga é uma Arma (uma versão canhestra do título original Joan Baez — I Am a Noise), partem da digressão de despedida feita por Joan Baez para construir um filme sobre a sua vida e carreira que fuja à rotina, aos lugares-comuns e à repetição de informação e histórias conhecidas dos trabalhos biográficos deste género, e que dá a palavra à própria Baez, adotando um registo de confissão muito íntima. Mas, por um lado, o filme sabe a incompleto, percorrendo décadas da vida e carreira da cantora quase sempre pela rama; por outro, demora-se a esmiuçar os problemas mentais de longa data e as depressões recorrentes de Baez, que a certa altura alega ter sido molestada pelo pai quando era jovem, naquilo que tem todo o ar de ser um lamentável caso de “memórias falsas” implantadas pelo seu psiquiatra, e que fica vago, mal explicado e inconclusivo.

“A História de Souleymane”

O Souleymane do título desta fita de Boris Lojkine é um emigrante africano em Paris que leva o dia a trabalhar como estafeta que entrega comida ao domicílio, e passa as noites em centros de apoio aos sem-abrigo da capital francesa. Souleymane tem apenas dois dias para preparar uma entrevista fundamentel para o seu futuro. A conversa decidirá ou não se ele vai ter direito ao estatuto de emigrante legal a que se candidatou. Se a resposta for positiva, a sua vida mudará por completo. Se for negativa, Souleymane poderá mesmo ter que regressar ao seu país. A História de Souleymane foi exibido na secção paralela Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2024, valendo, na mesma, o Prémio de Melhor Actor a Abou Sangare, o seu intérprete (que nunca tinha entrado num filme), e o Prémio do Júri ao  realizador e co-argumentista, Boris Lojkine.

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“Mars Express”

Realizada pelo francês Jérémie Périn, Mars Express é uma longa-metragem animada de ficção científica. Passa-se no século XXIII, num planeta Marte há muito terraformado e colonizado, onde a Inteligência Artificial faz parte integrante do quotidiano, tal como os robôs e os androides. A agente humana Aline Ruby e o seu parceiro androide Carlos Rivera, um “Ressuscitado” (uma pessoa que morreu mas que cujo acervo de memória, intelectual e emocional foi guardado, e implantado num corpo robótico, permitindo assim a sua recriação), investigam um caso que envolve robôs que estão a ser “destrancados” por hackers ativistas — ou seja, libertados dos programas que os fazem trabalhar para os humanos e não terem autonomia —, e o desaparecimento de duas estudantes de robótica. Mars Express foi escolhido como filme da semana pelo Observador e pode ler a crítica aqui.