Morreu Eduardo Campos, candidato do Partido Socialista Brasileiro (PSB) às eleições presidenciais do Brasil. O ex-governador do estado de Pernambuco seguia a bordo de um jato que caiu na tarde desta quarta-feira numa zona residencial de Santos, cidade localizada a cerca de 71 quilómetros de São Paulo, no Brasil.

O avião partira do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, e tinha como destino o aeroporto de Guarujá, em São Paulo. A aeronave, do modelo Cessna 560XL, despenhou-se no bairro Boqueirão, zona residencial de Santos, por volta das 14 horas portuguesas.

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A Força Aérea brasileira, em comunicado, informou que o jato “se preparava” para aterrar, mas “arremeteu devido ao mau tempo” e, “em seguido, o controlo de tráfego aéreo perdeu contacto” com o avião.

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O jato despenhou-se na esquina entre a rua Vahia de Abreu e a rua Alexandre Herculano, no bairro Boqueirão, em Santos, cidade no litoral do Estado de São Paulo. Autor: Milton Cappelletti

O jato particular, segundo a Infraero, entidade que gere os aeroportos no Brasil, seguia com sete pessoas a bordo: Eduardo Campos, candidato às eleições presidenciais do Brasil, um assessor, Carlos Augusto Leal, um fotógrafo, Alexandre Gomes Santos, Paulo Valadares Neto, Marcelo Lira e os dois pilotos, Marcos Martins e Geraldo da Cunha.

Não há sobreviventes do acidente, avançou o diário Estadão. O chefe da Defesa Civil de Santos revelou que pelo menos 10 edifícios foram atingidos e 10 pessoas ficaram feridas.

Às 17h34, o Estadão avançou que elementos do Centro de Prevenção e Investigação e Prevenção Aeronáutica (CENIPA) já tinham chegado ao local. Por norma, acrescentou o diário, as investigações duram cerca de 30 dias.

Além de candidato às eleições presidencias brasileiras, Eduardo Campos, de 49 anos — celebrados a 10 de agosto –, era presidente do Partido Socialista Brasileiro. Foi Ministro da Ciência e Tecnologia durante a presidência de Lula da Silva (entre janeiro de 2004 e julho de 2005) e governador do Estado de Pernambuco, de janeiro de 2007 a abril de 2014. “O país perde um homem público de rara e extraordinária qualidade. Ao longo de toda sua vida, Eduardo lutou para tornar o Brasil um país mais justo e digno”, lembrou Lula.

Eduardo Campos morre no mesmo dia que o seu avô, Miguel Arraes, falecido em 2005, que também fora (por três vezes) governador de Pernambuco.

“Uma perda irreparável”

Cerca de duas horas após a confirmação da morte de Eduardo Campos, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, em nota oficial, decretou a interrupção da sua campanha por três dias. “Neto de Miguel Arraes, exemplo de democrata para a minha geração, Eduardo foi uma grande liderança política. Desde jovem, lutou o bom combate da política, como deputado federal, ministro e governador de Pernambuco, por duas vezes”, escreveu.

À hora do acidente, Marina Silva, candidata a vice-presidente pelo PSB, estava em São Paulo a gravar um programa televisivo de campanha. “Ela está em casa, chocada”, revelou ao Estadão um dos assessores da Rede Sustentabilidade, movimento político que criou. A revista Exame já escreveu que deverá ser Marina Silva a escolhida para suceder a Eduardo Campos, como candidata do PSB às eleições presidenciais. O partido, aliás, terá 10 dias para escolher um novo candidato ao sufrágio, noticiou o Folha de São Paulo

Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, assegurou que os membros do partida ainda “não têm cabeça” para falar sobre o assunto. “Primeiro, vamos enterrar o nosso presidente. Depois, assumo a presidência e convoco o diretório nacional do partido”, afirmou, citado pelo Estadão.

Aécio Neves, também candidato presidencial, pela coligação Muda Brasil, já reagiu à morte de Eduardo Campos, através da sua conta oficial de Twitter. “É com imensa tristeza que recebi a notícia do acidente que vitimou o ex-governador e meu amigo Eduardo Campos. O Brasil perde um dos seus mais talentosos políticos, que sempre lutou com idealismo por aquilo em que acreditava. A perda é irreparável e incompreensível”, lamentou.

O PSB, em comunicado, relembrou que Eduardo Campos “vivia o auge de sua brilhante carreira política”, sublinhando a sua coerência com “os princípios que sempre nortearam a sua vida, e o primeiro deles era a busca por justiça social”. E acrescentou: “Perdemos Eduardo Campos quando mais o Brasil precisava de seu patriotismo, seu desprendimento, seu destemor e sua competência.”

Márcio França, presidente do PSB em São Paulo e uma das pessoas que esperava a aterragem do jato no aeroporto de Guarujá, sublinhou que Eduardo Campos “era um dos jovens mais brilhantes que a política brasileira produziu nos últimos anos”. Júlio Delgado, deputado federal, lamentou a “perda irreparável” que representa a morte de Eduardo Campos”. Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, já decretou três dias de luto pela morte do político.

O líder do Partido dos Trabalhadores e deputado estadual de São Paulo, Rui Falcão, divulgou uma nota na qual manifestou um “imenso pesar” pela morte de Eduardo Campos, além de informar que o partido “decidiu cancelar todas as atividades públicas referentes à campanha eleitoral nas esferas nacional, estadual e municipal, em manifestação de luto, com duração de três dias”.

A Ibovespa, o principal índice da Bolsa de São Paulo, registou uma queda de 1,5% após a confirmação da morte de Eduardo Campos.

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