Esta quinta-feira foi conhecido mais um organograma com a possível atribuição de pastas na nova Comissão liderada por Jean-Claude Juncker. Embora as dúvidas permaneçam quanto à veracidade destes documentos, há algumas coisas que já são certas para os próximos cinco anos em Bruxelas. A Comissão vai ter super-comissários que vão coordenar a ação dos restantes colegas, certas pastas que até agora eram consideradas de primeira linha vão estar livres para serem ocupadas por pessoas com menos peso político. E, no que respeita a Portugal, o Emprego está fora de questão para Carlos Moedas. Mais, esta Comissão terá nove mulheres e assim iguala a de Barroso.

Tanto o organograma avançado ontem pelo “Financial Times”, como o que foi divulgado esta quinta-feira pelo “Euroactiv” dão a Carlos Moedas a pasta do Emprego e dos Assuntos Sociais. Fontes próximas das negociações entre S.Bento e Bruxelas ouvidas pelo Observador desmentem esta possibilidade, mas avançam com outras possíveis pastas como a Fiscalidade ou a Investigação. No Conselho de Ministros de hoje, o ministro Marques Guedes adiantou que “não está definida a distribuição de pelouros”, mas que seria bom para Portugal ficar com “uma pasta significativa”, acrescentando que “a pasta do Emprego seria uma ótima pasta”.

Quanto à organização interna da sua equipa, Juncker vai pôr em vigor uma ideia antiga que é a organização das várias pastas por temas, havendo um super-comissário que supervisiona e coordena a ação de um grupo de comissários numa determinada área. Estes super-comissários também receberão o título de vice-presidentes.

Estes temas podem vir a ser Economia, Controlo Financeiro, Agenda Digital, Regulação dos Mercados, Relações Externas e Energia, segundo o Euroactiv. Até agora a única certeza sobre os super-comissários é Federica Mogherini, a nova Alta Representante para os Negócios Estrangeiros e Politica de Segurança, que vai ficar responsável pelas Relações Externas. Outro provável super-comissário é finlandês Jyrki Katainen, que deverá ficar à frente da Economia.

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A criação destes super-comissários vai deixar muitas pastas livres, já que a maioria destas figuras não terá uma pasta especificamente atribuída a si, supervisionando a ação dos colegas e reportando a Juncker. Assim, isto vai fazer com que alguns portefólios que à partida não estariam disponíveis para países com menos influência na UE ou para nomeados com menos experiência, vão abrir portas a novas protagonistas na política europeia – algo útil para Carlos Moedas que é o único nomeado que não é ex-primeiro-ministro, ministro ou ex-comissário.

Quanto ao número de mulheres, Juncker deverá ter esse assunto resolvido ainda nesta quinta-feira, com a Bélgica a indicar uma mulher e assim fazer com que a equipa fique no total com nove mulheres. Apesar do desequilíbrio óbvio de género (nove mulheres em 28 nomeações possíveis), o luxemburguês consegue assim atingir o mínimo de comissárias e facilitar a aprovação do Parlamento Europeu. A belga escolhida deverá ser Marianne Thyssen, eurodeputada e vice-presidente do grupo parlamentar do PPE.

O novo presidente da Comissão já disse que por haver poucas mulheres, vai reforçar os seus perfis e as suas responsabilidades, de modo a dar relevância às comissárias da sua equipa. A atribuição das pastas deverá ficar fechada este fim de semana – Carlos Moedas vai ser ouvido hoje por Juncker e as entrevistas acabam na sexta-feira -, e a nova Comissão será apresentada dia 9 ou 10 da próxima semana.