A Caixa Geral de Depósitos precisa de 385 milhões de euros para pagar ao Estado o empréstimo de 900 milhões de euros em obrigações convertíveis (CoCos), noticia a edição deste fim de semana do jornal Expresso, com base num documento entregue a Maria Luís Albuquerque, em julho de 2015. O crédito deve ser reembolsado até junho de 2017.
No documento a que o Expresso teve acesso, a CGD explica que precisa de três medidas adicionais que permitam o reforço de capital do banco em 800 milhões de euros. Contudo, apenas em duas fica explícito o impacto que estas medidas teriam nas contas do banco presidido por José Matos.
Uma das medidas passa por entregar 49% da ParCaixa – parceria entre a Caixa e a Parpublica – à CGD, fazendo com que a Parpublica entrasse no capital da CGD e provocando um impacto de 400 milhões de euros. Outra passa pela reclassificação contabilística e prudencial da provisão para o médico dos trabalhadores e reformados da CGD, que geraria um impacto positivo na ordem dos 400 milhões.
A terceira medida adicional é a venda do Mercantil Bank, na África do Sul, e de uma participação minoritária do BNU Macau. Mais tarde, a CGD propôs criar uma holding que agregasse as participações nas operações internacionais, mas o banco não consegue estimar o encaixe possível com esta medida. Considera, inclusive, que tendo em conta as atuais condições de mercado, este encaixe não seria significativo.
A proposta chegou ao governo pouco antes de Pedro Passos Coelho ter dito, em entrevista ao Jornal de Negócios, que estava preocupado com a CGD. Nessa altura, BPI e BCP já tinham pago 2250 milhões de euros dos 3 mil milhões que CoCos que tinham de desembolsar ao Estado.
No documento a que o Expresso teve acesso, o banco avisava que precisava de mais dois anos para atingir os mínimos de rácio de cost to income (parte de riqueza gerada pelo banco que é absorvida pelos custos).