Precisa de uma boa noite de sono? Então pense duas vezes antes de ligar o smartphone ou tablet para ver séries ou atualizar o Facebook antes de ir dormir. A culpa é da luz azul presente nos ecrãs, explicou Richard Hansler, físico norte-americano especialista nas questões do sono em entrevista ao site Gigaom.

O problema está na melatonina ou falta dela. Segundo o investigador da Universidade John Carroll, em Ohio, nos Estados Unidos da América (EUA), este tipo de luz interrompe os ritmos circadianos naturais do corpo – períodos de 24 horas que ajustam o relógio biológico, controlando o sono e o apetite -, porque a produção de melatonina é suprimida. Nota: a melatonina é a a hormona que nos põe a dormir.

Produzida, sobretudo, durante a noite, a melatonina é responsável por induzir o sono, mas também é conhecida pelas suas características rejuvenescedoras e antioxidantes. Além de influenciar o sistema imunitário, reage ao stress e é utilizada na prevenção de determinados tipos de cancro. Quando exposta à luz azul, a produção de melatonina é reduzida, o que pode ajudar no desenvolvimento de doenças como as cardíacas, diabetes, obesidade e alguns tipos de cancro.

Richard Hansler passou os últimos 20 anos a estudar o assunto. “Descobri que utilizar luz à noite é prejudicial à saúde e que interfere com o sono das pessoas. Achei que tinha o dever moral de fazer algo em relação a isso, sobretudo quando percebi que era a componente azul, presente nas luzes brancas mais comuns, que era responsável por suprimir a produção de melatonina”, explicou.

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Níveis de stress na retina aumentam entre jovens

A discussão é antiga, mas só em 2001 é que foi confirmada, depois de os cientistas terem descoberto que a luz de espetro azul – aquela que se situa entre o valor 415 e o 445 da escala nanométrica e que está presente em quase todos os equipamentos com ecrãs LED, como smartphones, tablets ou computadores portáteis – é responsável por romper com a produção de melatonina.

“O que não precisa de investigação é isto: a luz entre 415 e 445 nm é super quente e, quanto está muito perto – digamos que a seis polegadas [cerca de 15 centímetros] da cara de uma criança – e a ser muito focada, [o impacto] tem de ser significativo”, explicou o optometrista californiano William Harrison à mesma publicação. E há outra coisa que está a preocupar os optometristas: o nível de stress que estão a encontrar nas retinas dos mais jovens.

Preocupado porque já não dorme sem ficar a par das últimas notícias ou atualizações de estados do Facebook? Não fique. Alguns investigadores norte-americanos concluíram que se os utilizadores tiverem estes aparelhos eletrónicos a uma distância segura do rosto, a cerca de 30 centímetros, a luz não vai interferir com a qualidade do sono.

Os problemas causados pela luz azul não se ficam por aqui. Além do cancro e da diabetes, a luz tem impacto no sentido de humor e os baixos níveis de produção de melatonina estão ligados à depressão. Esta noite, para um sono seguro, mantenha o smartphone ou o tablet a uma distância segura. E durma descansado.