“Donald Trump não tem perfil para liderar um grande partido político, muito menos os Estados Unidos da América. É tempo de o demitir.” É esta a legenda que acompanha a capa da mais recente edição da revista britânica The Economist, partilhada há poucas horas na respetiva página de Facebook. A proposta de despedimento faz lembrar — muito a propósito — a frase popularizada por Trump no programa de televisão The Aprrentice, “You’re fired!” (“Estás despedido!”, em português).
Na capa é possível ver uma ilustração que cruza a figura emblemática do Tio Sam — símbolo nacional originalmente usado durante a guerra anglo-americana de 1812, ainda que só mais tarde tenha sido desenhada — com o rosto do candidato republicano à Casa Branca. O artigo associado à capa, e que pode ser lido gratuitamente aqui, faz um claro apelo: “É preciso parar Donald Trump”.
Donald Trump is unfit to lead a great political party, let alone America. It's time to fire him. Our cover for Asia and the Americas this week
Publicado por The Economist em Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2016
Não é por acaso que o discurso direto e nada imparcial surge agora. Ainda esta quarta-feira era notícia que Trump venceu a terceira e consecutiva ronda rumo à nomeação republicana para as presidenciais norte-americanas com uma vantagem confortável: o multimilionário do imobiliário arrecadou 45.9% dos votos enquanto o segundo, Marco Rubio, contou com 23.9%. Em terceiro ficou Ted Cruz, com 21.4%.
É neste contexto que a publicação semanal dedica um texto às façanhas (negativas) de Trump, ele que continuamente incentiva à violência e ao ódio: foi Trump que se referiu aos imigrantes mexicanos como violadores e que propôs que os muçulmanos fossem proibidos de visitar os EUA. E isto são apenas alguns dos discursos que Trump já protagonizou.
Is Donald Trump unstoppable? https://t.co/sElWE9iuUD pic.twitter.com/Ocvo59cmtr
— The Economist (@TheEconomist) February 24, 2016
“Ele é tão imprevisível que só a ideia de estar perto de um cargo alto é aterradora”, continua o artigo que, a certa altura, questiona-se sobre como responderia Trump a uma crise internacional ou a um ataque terrorista nos Estados Unidos.
Esta não é a primeira vez que o editorial de uma grande publicação toma uma posição clara, contra Donald Trump. Se na terça-feira o Boston Globe publicava um editorial a apelar aos eleitores de Massachusetts que não entregassem o seu voto a Trump, na quarta-feira era a vez do Washington Post seguir o exemplo e estender um apelo semelhante aos líderes do comité do partido republicano. Já a CNN, no mesmo dia, dava vitória certa a Trump dentro do respetivo partido.