As rosas são vermelhas, as violetas são azuis, e os corretores já não são só cor de pele — são azuis, amarelos, lilases, cor-de-laranja ou até verdes. Depois do contouring e do strobing, a nova moda da maquilhagem chama-se color correcting e consiste em disfarçar problemas como borbulhas, olheiras e vermelhidão com uma paleta de cores que até agora estava reservada à caixa de sombras.

Tal como tem acontecido com todas as tendências amigas das selfies, a técnica do color correcting já era usada por maquilhadores profissionais, a diferença é que agora está a chegar ao nécessaire da consumidora comum e a ser usada no dia-a-dia. Para além dos tutoriais que têm invadido o YouTube e as apps de cadeias de beleza como a Sephora, não faltam fãs rendidas no Instagram e, acima de tudo, muita oferta.

Da Marc Jacobs à Lancôme, passando pela Yves Saint Laurent, MAC, Benefit, Make Up Forever, Urban Decay, Nyx, Tarte, Cover FX, Catrice, Stila e Algenist, são muitas as marcas que se renderam aos pigmentos coloridos na arte de corrigir imperfeições, juntando aos seus corretores e primers uma série de paletes em pó, canetas líquidas ou sticks em tons de amarelo, lilás, verde e salmão. Alguns dos produtos ainda não estão disponíveis em Portugal mas, a julgar pela velocidade com que o contouring viajou dos Estados Unidos para a Europa, a avalanche não deve tardar.

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marc jacobs stick colour correction

Com as cores misturadas num efeito de mármore, os “sticks” de correção Marc Jacobs chegam às lojas Sephora portuguesas já em maio. O cor-de-rosa e azul ilumina, o amarelo e verde corrige vermelhidões. Foto: Marc Jacobs

Que tipo de cor usar em cada zona problemática

Como escreve o New York Times num artigo dedicado ao assunto, o princípio desta técnica de maquilhagem é o mesmo da teoria da cor. Ou seja — lembra-se das aulas de Educação Visual e da roda com as várias combinações? –, cores opostas têm o poder de se anular umas às outras.

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“É a técnica do camaleão”, resume Antónia Rosa, maquilhadora profissional há 30 anos. “Nós na natureza temos todas as cores, basta saber usá-las para o efeito pretendido.” Fã da técnica desde 2001, altura em que descobriu uns corretores da marca sueca Hakansson em Paris, Antónia Rosa usa o truque no dia-a-dia — “nem que seja para ir ao supermercado, é o melhor para uniformizar a pele” — e partilha com o Observador para que serve cada cor:

Verde — Se for verde seco ou mesmo amarelado, consegue anular “tudo o que é vermelho”, seja uma borbulha, um escaldão, umas rosáceas ou vermelhidão localizada como a que se instala “à volta do nariz, quando temos constipações”.

Salmão/pêssego/alperce — “Os alaranjados têm o poder de dar bom aspeto”, diz Antónia Rosa, e são “os mais indicados para cobrir os tons roxos e azulados que normalmente temos nas olheiras ou nas veias salientes”.

Cor-de-rosa — O tom do algodão doce é o melhor para iluminar a pele baça e cansada. Por isso mesmo é um aliado de Antónia Rosa no inverno, sobretudo quando usado no cimo das maçãs do rosto, quase como um blush.

Lilás — À semelhança do cor-de-rosa, é indicado para peles amareladas e aclara a tez, dando-lhe também luminosidade.

Amarelo — Familiar dos tons alaranjados, serve também para esconder pequenas veias e nódoas negras, e para dar uma luminosidade imediata quando usado como primer (antes da base). “É o sol de que precisamos no inverno”, diz Antónia Rosa.

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Depois de lançar uma base em almofada, a Lancôme juntou-lhe outros quatro tons: amarelo, verde, cor-de-rosa e lilás. Foto: Lancôme

Como aplicar

Para transformar o momento da maquilhagem numa verdadeira aula de desenho — o que não é difícil perante uma paleta tão grande de cores –, a maioria dos corretores pode-se aplicar com um pincel próprio, com uma esponja ou até, simplesmente, com o dedo. “Podem-se utilizar sozinhos, como eu faço, ou a seguir à base”, diz Antónia Rosa, para quem o sucesso da técnica que sempre encarou como “o futuro da maquilhagem” tem a ver com duas coisas: “mais informação e mais noção de cor”.

Dos batons às sombras, passando pelos vernizes e, agora, os corretores, com tanto tom à disposição há já quem estenda a explosão colorida aos próprios acessórios para aplicar a maquilhagem. É o caso da Beauty Blender, que acaba de lançar uma edição limitada — por enquanto disponível apenas nos Estados Unidos — com quatro micro esponjas com as cores base do color correcting. Desenhadas para chegar a áreas pequenas como os cantos do nariz e as olheiras, as esponjas ficam camufladas nos corretores, tal como eles ficam camuflados na pele — por muito difícil que seja acreditar à primeira.

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Foto: Beauty Blender