O ministro das Finanças, Mário Centeno, já admite que o governo irá — “tudo pondera nesse sentido” — cortar as projeções de crescimento económico que suportam o orçamento. Em entrevista ao Público, Centeno garante que a culpa é a da procura externa: “tem havido uma sucessão de revisões que neste momento, face às nossas projeções iniciais, já têm uma dimensão significativa”. Será necessária uma “aceleração” até para chegar à estimativa mais pessimista, a da OCDE.
Mário Centeno não dá, no entanto, números concretos sobre a dimensão do corte. “Se tivesse de fazer [projeções] todas as semanas, todas as semanas tinha de as rever, afirmou o ministro das Finanças, salientando que “apesar das revisões em baixa, as projeções que existem para a economia portuguesa continuam a apontar para uma aceleração da economia ao longo do ano“.
Mas o ministro das Finanças diz que mesmo para chegar a um crescimento anual de 1,2%, será “necessário alguma aceleração da atividade económica ao longo do ano”. As previsões oficiais que constam no Orçamento do Estado para 2016 apontam para um crescimento de 1,8%. Mas Centeno deixa claro: “já nem falo em 1,8%” — e a referência a 1,2% deve-se ao facto de esta ser a previsão mais baixa que existe para a Portugal (OCDE).
Revisão em baixa das previsões? “Pode ser que sim, até pela dimensão do ajustamento externo que observamos, e pelo choque do “Brexit”. Tudo isso pondera nesse sentido. É absolutamente claro que a atualização das variáveis condicionantes do cenário macroeconómico de Portugal que temos observado é só por si justificativa de uma revisão do nível de crescimento nessa direção. Ou seja, numa direção em baixa”.
Em entrevista ao Público, Mário Centeno dá a entender que a revisão das projeções será feita em outubro mas que isso não significará que tenha de haver um Orçamento retificativo. “As previsões dos governos, que não são centros de projeções económicas, fazem-se nos momentos orçamentais. É quando temos de ajustar a nossa política à medida do que são as políticas orçamentais. É nesse momento que reavaliamos a situação macroeconómica portuguesa”, diz Mário Centeno.