Aos 32 anos, a participação de Nelson Évora no Rio2016 pode muito bem ter sido a sua última participação em Jogos Olímpicos. Ainda que se qualifique para Tóquio, em 2020, não deverá disputar aí as medalhas. Ou talvez sim; Évora é um exemplo de superação, venceu uma lesão (uma fratura na tíbia da perna direita que o afastou de Londres2012) que muito não venceriam, e voltou a competir entre os melhores do mundo.
Mas “despedida” olímpica não lhe correu bem — ou, pelo menos, tão bem quanto Évora desejaria. Horas antes de começar a saltar a final do “triplo”, o atleta escreveu nas redes socais: “Rezem para que não me magoe, que o resto faço eu!” Não se lesionou. E tentou fazer “o resto”. Não é mais o medalhista de ouro em Pequim2008, não salta mais os longuíssimos 17.67 metros de então, mas começou por saltar 16,90 metros no Rio de Janeiro.
Depois de Évora, saltou o favorito ao ouro, o americano Christian Taylor, e “limpou” desde logo a concorrência toda: 17,86 metros. A medalha não estava entregue, mas quase, naquele que foi o melhor salto da temporada.
Évora melhorou no segundo salto: 16.93 metros. E mais melhoria, com os 17.03 metros no terceiro; foi a sua melhor marca do ano. Olhando em redor, Nelson Évora tinha o 5.º melhor salto da final, atrás — muito atrás — de Taylor (17.86 metros), Claye (17.76), Dong (17.58) e Murillo (17.09). E aí Évora arriscou tudo. Talvez demais. Mas tinha mesmo que arriscar se quisesse uma medalha. Tanto arriscou, tanto quis ganhar centímetros preciosos na tábua de chamada, que os seus três derradeiros saltos (apurou-se ao terceiro para a fase final, a oito e não mais a doze) foram nulos.
Christian Taylor também saltou nulo na derradeira tentativa, não melhorou o primeiro salto de 17.86 metros, mas este bastou-lhe para ser primeiro e medalha de ouro. A prata também ficou entre americanos, para Will Claye (17.76), e o bronze (17.13) para Bin Dong e para a China.