A agência de rating canadiana DBRS, a única a segurar o rating de Portugal num nível acima de lixo, colocou esta terça-feira o rating da Caixa Geral de Depósito em revisão para um possível corte, uma revisão que terá em conta como a demissão de António Domingues poderá afetar o plano de recapitalização.

É a única agência que permite que a dívida portuguesa ainda possa ser usada pelos bancos como garantia nos empréstimos pedidos ao Banco Central Europeu e que permite que o próprio BCE compre dívida portuguesa no seu programa de compra de ativos, permitindo o alívio dos juros exigidos pelos investidores para comprarem dívida pública portuguesa.

Agora, a agência diz que o rating da Caixa passa a estar sob avaliação para a DRBS decida se vai ou não aplicar um corte. Segundo os canadianos, isto deve-se a um aumento dos riscos em torno das questões de governação da Caixa Geral de Depósitos, da sua eventual recapitalização e das dificuldades do grupo Caixa em melhorar a qualidade dos seus ativos e a sua rentabilidade.

“A revisão irá ter em conta como a recente renúncia da maior parte da administração, a dia 27 de novembro, irá afetar a reestruturação prevista do grupo”, diz a DBRS numa nota enviada às redações. A agência vai mais longe e diz que espera que o banco público continue a operar com baixos níveis de capital por mais tempo do que estava à espera.

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Os canadianos veem ainda dificuldades na emissão de mil milhões de euros em dívida subordinada prevista como parte do aumento de capital – que se junta à injeção de capital público à volta de 2,7 mil milhões de euros e da conversão das obrigações de capital convertível em ações -, devido à instabilidade que se faz sentir nesta altura nos mercados financeiros a nível mundial e ao acesso muito limitado da Caixa a estes mercados.

A recente demissão do conselho de administração vem, na opinião da DBRS, colocar mais dificuldades para que o Grupo regresso aos lucros, para reduzir os problemas com a qualidade dos seus ativos e aumentar a confiança dos investidores no Grupo. Apesar de a DBRS ter em conta que o Governo tem continuado a apoiar o banco sempre que necessário, vê como menos provável que esse apoio continue incondicional se o Grupo precisar de reforçar o seu capital no médio prazo”, diz a mesma nota.

A avaliação poderá agora demorar mais de três meses. Nesse período, a DBRS diz que vai centrar a reavaliação no processo de recapitalização, incluindo a parte desta recapitalização que é feita com a emissão de dívida subordinada para investidores privados, como as questões de governação do grupo e os desafios para que o banco volte a dar lucro e melhore a qualidade dos seus ativos.