Um mês após elegerem como Presidente o centrista Emmanuel Macron, os franceses escolhem este domingo os seus representantes na Assembleia Nacional, onde o partido presidencial se bate pela maioria necessária à concretização das reformas prometidas na campanha.
Eliminados na primeira volta das presidenciais, os tradicionais partidos de esquerda e direita que partilham o poder em França desde há 60 anos temem ser varridos por uma onda azul, a cor do movimento presidencial criado há apenas um ano.
Segundo várias projeções, neste escrutínio destinado a eleger 577 deputados (11 dos quais em representação dos franceses residentes no estrangeiro), o movimento República Em Marcha (REM) poderá mesmo conquistar perto de 400 deputados, muito além do limite de 289 assentos parlamentares necessário para obter a maioria absoluta.
Apesar de os dirigentes europeus e os mercados se congratularem ao saber que as reformas prometidas poderão ser levadas a cabo, a perspetiva de uma concentração dos poderes preocupa as outras forças políticas francesas, que acusam Macron e o seu movimento de porem em prática “uma estratégia de controlo hegemónico”. O presidente francês já votou na cidade balnear de Touquet, onde foi acompanhado por uma grande multidão. Até às 12 horas, tinham votado 19,24% dos franceses, segundo dados do Ministério do Interior.
A vitória do REM seria a confirmação da sede de renovação política dos franceses, que afastaram os candidatos dos partidos tradicionais e elegeram um Presidente de 39 anos que ainda há alguns anos era um total desconhecido.
Estas legislativas revestem-se de uma enorme importância para Emmanuel Macron, que precisa de uma sólida maioria absoluta para aplicar a sua política de reformas social-liberais: moralização de uma vida política minada por escândalos financeiros, flexibilização do código de trabalho — correndo o risco de desencadear a ira dos sindicatos — e redução dos défices públicos, em cumprimento das normas europeias.
As assembleias de voto abrem às 08:00 (07:00 de Lisboa) e encerram às 20:00 (19:00 em Lisboa), hora a que serão divulgadas as primeiras projeções assentes em resultados parciais.
Se nenhum dos candidatos ultrapassar os 50% na primeira volta, os dois primeiros ficam automaticamente qualificados para uma segunda volta, tal como aqueles que ultrapassarem 12,5% dos inscritos — mesmo na terceira ou na quarta posições.
Na segunda volta, agendada para 18 de junho, vence o partido que obtiver mais votos, qualquer que seja a participação do eleitorado.