Os incêndios florestais consumiram este ano mais de 128 mil hectares, a maior área ardida no mesmo período na última década e quase cinco vezes mais do que a média anual dos últimos dez anos.
De acordo com o relatório provisório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), relativo ao período entre 1 de janeiro e 31 de julho, registaram-se 8.539 ocorrências (1.925 incêndios florestais e 6.614 fogachos), o quinto valor mais elevado em dez anos.
A base de dados nacional de incêndios florestais regista, no período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de julho de 2017, um total 128.195 hectares de área ardida de espaços florestais, entre povoamentos (76.422ha) e matos (51.773ha). Até 31 de julho de 2017 há registo de 556 reacendimentos, menos 12% do que a média anual do período 2007-2016.
O distrito mais afetado no que se refere à área ardida é Leiria, com 20.348 hectares, cerca de 16% da área total ardida até à data, seguido de Coimbra, com 18.045 hectares (14% do total) e de Portalegre, com 17.437 hectares (14% do total). O distrito de Leiria foi afetado pelo grande incêndio de Pedrógão Grande, onde morreram mais de 60 pessoas e arderam 20.072 hectares de espaços florestais (cerca de 98,6% da área ardida no distrito).
Os distritos de Porto (1.846), Braga (990) e Viseu (882) foram os que tiveram mais ocorrências, mas estas foram maioritariamente fogachos, ou seja, não ultrapassaram um hectare de área ardida. No caso específico do distrito do Porto a percentagem de fogachos é de 90%.
Da análise do índice de severidade diário (DSR), acumulado desde 1 de janeiro, o relatório do ICNF indica que 2017 é o terceiro ano mais severo desde 2003, abaixo dos anos de 2005 e 2012.
Face às condições meteorológicas adversas, favoráveis à propagação de incêndios florestais, a ANPC [Autoridade Nacional da Proteção Civil] decretou, até à data, 37 dias de alerta especial de nível amarelo ou superior do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF), dos quais 27 durante o mês de julho”, acrescenta o documento.
O número de ocorrências registado mensalmente mostra que os meses de fevereiro, março, maio e julho de 2017 ficaram abaixo dos respetivos valores médios mensais do decénio 2007-2016. Em abril registou-se o maior número mensal de ocorrências (2.285), quase três vezes mais do que a média mensal do decénio (cerca de 27% do total de ocorrências registadas no ano até à data). O mês de julho lidera este ano com a maior área ardida em Portugal continental (68.632 hectares) que representa mais de 50% da área ardida até à data.
Quanto aos grandes incêndios (com área total igual ou superior a 100 hectares), até ao dia 31 de julho registaram-se 60, que queimaram 112.988 hectares de espaços florestais, cerca de 88% do total da área ardida. O maior desta categoria de incêndios foi o que teve início na Várzea dos Cavaleiros, na Sertã (Castelo Branco), no dia 23 de julho, que queimou 29.162 hectares. Logo depois surge o grande incêndio de Pedrógão Grande (Leiria), com 20.072 hectares de área ardida.
Segundo dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, o pior ano em total de área ardida nos últimos dez anos aconteceu em 2016, quando o fogo consumiu mais de 160 mil hectares.
Quase 79% de Portugal continental encontrava-se em julho em situação de seca severa e extrema, segundo o boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que ponta um ligeiro desagravamento da seca severa (passou de 72,3% para 69,6%) e um pequeno agravamento na seca extrema (passou de 7,3% para 9,2%).
A Proteção Civil também já tinha feito na passada terça-feira um balanço da área ardida nos primeiros sete meses do ano e adiantado que 71 pessoas foram detidas na sequência dos incêndios.
Arderam 118 mil hectares e já foram detidas 71 pessoas por causa dos incêndios este ano