O presidente do Parlamento da Catalunha, Roger Torrent, decidiu manter o plenário previsto para este sábado, mas optou por não votar a investidura de Jordi Turull, preso esta sexta-feira. Assim, discute-se apenas a situação política da Catalunha, avançam os jornais espanhois.

A decisão foi tomada depois de uma reunião com os líderes dos grupos parlamentares e na sequência de vários partidos terem considerado que a detenção do candidato à presidência do governo regional da Catalunha, Jordi Turull, impossibilitaria a eleição para a presidência do governo autónomo.

O Governo já tinha avisado que estava a estudar “ações oportunas” para defender o cumprimento da lei caso o presidente do parlamento mantivesse a sessão parlamentar programada para este sábado, que incluía a sessão de investidura

Turull, separatista conservador e ex-porta-voz do governo de Carles Puigdemont, iria estar presente este sábado no Parlamento para uma nova tentativa de ser investido como presidente da Generalitat, depois de não ter reunido a maioria absoluta necessária na primeira votação. Precisava agora apenas de uma maioria simples.

No entanto, o juiz do Supremo Tribunal que está a instruir o processo relativamente às acusações de sedição dos líderes políticos independentistas catalães decidiu rever a medida de coação aplicada aos cinco suspeitos, que foram presentes a tribunal esta sexta-feira: Jordi Turull, Carme Forcadell, Josep Rull, Raul Romeva e Dolors Bassa.

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Na origem desta decisão esteve um pedido da própria Fiscalía, o órgão espanhol equivalente ao Ministério Público portugês, que comunicou ao Supremo existir risco de os suspeitos reincidirem nos crimes de secessão de que estão acusados. Referiu, ainda, existir um “risco de fuga agravado”, comprovado pela fuga de Marta Rovira, secretária-geral da ERC — que não compareceu perante o Tribunal e anunciou que saiu de Espanha.

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Na audiência desta sexta-feira, os políticos responderam que estes indícios visavam “criminalizar” as suas ideias políticas. Os advogados defenderam que era injusto alegar risco de fuga pela partida de Rovira, já que os restantes cinco compareceram no tribunal. Mas estes argumentos não convenceram o juíz Pablo Llarena, que decretou prisão preventiva sem fiança para todos.

Minutos depois de ser conhecida a decisão do juíz, Jordi Turull publicou no Twitter uma mensagem: “Fui preso por ter sido leal ao mandato dos que me escolheram como representante do povo da Catalunha”, escreveu, acrescentando na legenda que o diz “sendo capaz de olhar toda a gente nos olhos”.

Na mesma manhã, o MP espanhol anunciou que efetuou diligências para investigar Turull, por suspeitas de que ele tenha transferido parte do seu património para a mulher depois de ter começado a ser investigado. Em Espanha, tal ação pode configurar o crime de “levantamento de bens”, que ocorre quando uma pessoa oculta o seu património para evitar que este seja tomado pelos credores.