Ser treinador já lhe passava pela cabeça quando ainda era “mediano” a correr com a bola entre os pés. Com “26 ou 27 anos” tirou o nível II do curso de treinador e preparou-se para o que aí vinha. E até veio antes do esperado: em 2010/2011, uma teimosa lesão obrigava Marco, o lateral direito, a tornar-se no Marco, diretor desportivo. Tudo no Estoril, clube que, quatro meses depois, fez outro convite e criou outra versão de Marco Silva. Aos 34 anos chega a treinador, pega numa equipa aos soluços na segunda liga e monta-lhe um trampolim para, seis meses volvidos, dar o salto.

Com 35 anos, Marco Silva aterra no campeonato principal e não mais de lá sai. Passa duas épocas no Estoril, dá-lhe dois bilhetes consecutivos para a Liga Europa (fica em 5.º lugar em 2012/2013 e faz um 4.º na época seguinte). O treinador deixa obra no Estoril e, entre essas duas temporadas, em maio de 2013, não tinha pressas. “Não faço planos. Não tem que ser amanhã, daqui a um ano, ou dois. É quando as pessoas entenderem que é o momento certo”, diz, sobre a possibilidade que, um dia, vir a dar ordens num dos grandes em títulos do futebol português.

Chegaria ao Sporting no início desta época e, entre outras coisas, passou a provar o saber de clássicos e dérbis — estes contra o Benfica, claro está. Antes de se tornar treinador dos leões, contudo, Marco Silva já sabia o que era defrontar os encarnados, mesmo que não o tenha feito muitas vezes. Foram quatro partidas em duas temporadas, repartidas por três golos marcados, oito sofridos e um ponto amealhado para o campeonato. É pouco, mas o treinador, e o Estoril, apesar de só conseguirem um empate além de três derrotas, até batem o pé ao Benfica.

Antes de chegar ao Sporting, o registo de Marco Silva diante do Benfica é negativo. Mas que, pelo meio, conseguiu um empate que, em 2012/2013, obrigaria o jogo do título a deslocar-se para o Estádio do Dragão — a três jornadas do fim do campeonato, foi com o Estoril à Luz empatar (1-1) e fazer com que o Benfica, de Jorge Jesus, fosse para o clássico com os dragões, no jogo seguinte, com apenas dois pontos de vantagem. O técnico só voltaria a pontuar em jogos contra os encarnados quando aterrou no Sporting, já esta temporada. O Observador recorda, em baixo, os cinco encontros que Marco Silva já teve com o Benfica (e, já agora, com Jorge Jesus).

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Estoril 1-3 Benfica, 6 de janeiro de 2013

Golos: Nico Gaitán (36’), Lima (59’), Salvio (65’) e Gonçalo Santos (88’).

https://www.youtube.com/watch?v=KhuLpNTRrEE

Eis o primeiro duelo. A equipa de amarelo, do Estoril, tinha regressado à primeira liga, mas um confronto com o Benfica só aconteceu em janeiro, quando a primeira volta do campeonato já se preparava para dobrar a esquina. Os encarnados foram ao Estádio António Coimbra da Mota vencer, sem problemas, e o Estoril só reagiria em golos aos 88′, por Gonçalo Santos.

Benfica 1-1 Estoril, 6 de maio de 2013

Golos: Jefferson (58’) e Maxi Pereira (68’)

https://www.youtube.com/watch?v=g8Keoxb3axs

Primeiro lugar, quatro pontos e três jornadas por realizar. O Benfica parecia estar tranquilo e bastava-lhe fazer o que dele esperavam — ganhar ao Estoril e ao Moreirense, na Luz, para o resultado do clássico no Estádio do Dragão que aparecia entre essas partidas fosse irrelevante. Não o conseguiu.

Culpa de Marco Silva e do Estoril, que visitaram o Benfica, marcaram um golo e não deixaram que os encarnados fizessem mais que um. O jogo do 33.º título encarnado era para ter sido este, mas o técnico conseguiu que passassem para a casa do FC Porto.

Estoril 1-2 Benfica, 6 de outubro de 2013

Golos: Lima (10’), Óscar Cardozo (71’) e Javier Balboa (74’).

https://www.youtube.com/watch?v=xG-WsGCQYjo

Nova época, mesmo resultado caseiro. Marco Silva perde de novo com o Benfica e passa quase um jogo inteiro a ver os seus correrem atrás da desvantagem. Lima marcou cedo, Cardozo marcaria tarde e o golo de Javier Balboa, homem que em 2008/2009 até vestira de encarnado, foi ainda mais tardio.

Benfica 2-0 Estoril, 9 de março de 2014

Golos: Luisão (6’) e Rodrigo (19’)

https://www.youtube.com/watch?v=fyAm7Dp94FE

É a primeira vez que uma equipa com Marco Silva a dar ordens não marca um golo ao Benfica. Os homens do Estoril foram à Luz para se colocarem à frente de uma equipa já bem embalada rumo à conquista do campeonato e perdem. Jorge Jesus, na altura, defendeu até que a derrota fora magra em números. Este encontro, aliás, foi o oitavo consecutivo que o Benfica somou sem sofrer um golo.

Benfica 1-1 Sporting, 31 de agosto de 2014

Golos: Nico Gaitán (12’) e Islam Slimani (20’)

https://www.youtube.com/watch?v=IOnn2gCuIKI

O duelo mais recente — e a estreia de Marco Silva em dérbis. Em teoria, nunca antes tivera uma equipa com jogadores e expetativas para os adeptos lhe pedirem uma vitória contra o Benfica. Não foi desta que o conseguiu, mas terá sido o encontro mais equilibrado que teve frente à equipa de Jorge Jesus.

Os encarnados marcaram cedo e com estilo, numa jogada rápida e com todos decididos a tocar pouco na bola. E os leões igualaram quando Artur preferiu tentar um chapéu a um adversário ao invés de enviar um chutão para a frente. Foi o segundo ponto que o treinador amealhou diante do Benfica.