Até este sábado, as melhores prestações de Marcel Keizer enquanto treinador principal de um clube tinham sido dois vice-campeonatos: um com o Ajax, outro com o Ajax B; um 2017, outro já em 2018; um na Eredivisie, outro no equivalente ao segundo escalão. Com a conquista da Taça da Liga, o treinador holandês garantiu o primeiro título da carreira e o maior feito enquanto técnico. O holandês de 50 anos, que viveu uma semana conturbada após ter tido conhecimento da morte do sogro apenas horas antes da meia-final contra o Sp. Braga – para depois se deslocar à Holanda para estar presente no funeral –, recebeu um cumprimento especial por parte de Sérgio Conceição ainda antes do apito inicial e terminou o encontro em festa com os jogadores, entre muitos sorrisos e cumprimentos aos adeptos que o solicitaram.

Uma vitória que foi o espelho dos acidentados 43 minutos de Petrovic em campo (a crónica do FC Porto-Sporting)

Keizer, que chegou a Alvalade em novembro para substituir José Peseiro, conseguiu algo que o Sporting não alcançava há dez anos: a revalidação de um título em anos consecutivos (a última vez tinha sido em 2008 e 2009, quando Paulo Bento conquistou a Supertaça Cândido de Oliveira duas vezes consecutivas). O holandês tornou-se ainda o primeiro treinador estrangeiro em seis anos a conquistar um troféu em Portugal: o último tinha já sido Mitchell Van der Gaag, em 2013, quando o Belenenses se tornou campeão da Segunda Liga – curiosamente, também ele holandês. Na Taça da Liga, tornou-se apenas o segundo estrangeiro a sagrar-se vencedor, depois do espanhol Quique Flores pelo Benfica em 2009.

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Na conferência de imprensa depois do jogo, o treinador leonino lembrou que o Sporting ainda teve uma “grande oportunidade” para ganhar o jogo durante o tempo regulamentar – Raphinha quase marcou já depois de Dost empatar a partida – e garantiu que a equipa “sabe que sabe jogar futebol”. “Tivemos bons momentos. Gostei muito do espírito lutador da equipa. Temos de lutar por cada jogo e vamos continuar a fazer precisamente isso. Todas as competições são diferentes: na Europa estamos vivos porque são dois jogos, na Taça a mesma coisa, no Campeonato estamos um pouco para trás mas temos de continuar a tentar e fazer melhor porque a segunda parte não foi muito boa”, explicou Marcel Keizer.

Questionado sobre os ânimos exaltados que encheram a imprensa desportiva nos dias que se seguiram às duas meias-finais, em tudo relacionados com a arbitragem no geral e o VAR em particular, o holandês decidiu desviar ligeiramente a pergunta e falar sobre “a emoção” do futebol”. “Acho que a emoção no futebol é muito boa. Em Portugal há muita emoção nos jogadores, na equipa, nos adeptos. No estádio há um ambiente muito bom. Há bons jogos, jogadores muito bons. Todos sabemos que Portugal é um país de futebol”, lembrou o treinador holandês.

Sobre as prioridades do Sporting, Keizer garantiu que o Campeonato continua a estar no topo da lista. “Para mim, o mais importante é o Campeonato. Toda a gente tem prioridades diferentes, mas o clube também acha que é importante terminar num bom lugar no Campeonato. Sei que não depende só de nós, mas vamos lutar até ao fim”, afirmou o técnico, acrescentando ainda que a conquista da Taça da Liga traz um novo alento. “Dá-nos mais confiança, isso é certo, mas já sabíamos que conseguíamos jogar bom futebol. Agora, queremos ser consistentes e deixar de andar para cima e para baixo. Podemos fazer coisas boas esta época. Há esta alegria no balneário, no autocarro, depois vamos para casa e continuamos o trabalho. Queremos fazer mais e melhor”, garantiu o holandês.

Renan Ribeiro, guarda-redes que defendeu uma grande penalidade e voltou a ser decisivo, e Raphinha, jogador que está a realizar a primeira temporada em Alvalade, foram dois dos elementos do Sporting que agradeceram ao treinador e lhe atribuíram grande parte do mérito pela vitória. “Mister, parabéns para nós. Ajuda-nos bastante, é muito importante para o grupo. Estamos juntos”, disse Renan, enquanto que Raphinha – que no final fez todo o relvado de joelhos – garantiu mesmo que “o mais importante” para a conquista da Taça da Liga foi “quando o mister chegou”. “Ele sabia do potencial que tínhamos, foi muito importante para esta conquista”, disse o extremo ex-V. Guimarães contratado na presente temporada.