O nome não deverá soar estranho à maioria das pessoas, mesmo aquelas que pouca ou nenhuma atenção dedicam à música que se faz em Portugal. Os Moonspell são uma banda que dedicou 23 anos de carreira ao Metal Gótico, um género difícil mas que posicionou a banda da Amadora na lista das melhores e mais respeitadas do mundo. Aliás, foi um daqueles casos em que o (enorme) sucesso alcançado no estrangeiro catapultou a notoriedade da banda para dentro de portas.

O Observador entrevistou Fernando Ribeiro, a voz e o rosto dos Moonspell. Falou-nos da origem e do percurso da banda, do sucesso que alcançaram no estrangeiro e da atitude inconformada que os mantêm ativos mais de 20 anos depois do primeiro disco.

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A editora Napalm Records descreve-os como uma das poucas “bandas pioneiros ainda no ativo, uma banda de resistentes”, mas o tempo não amoleceu os “lobos” — a referência que se colou desde o álbum e estreia “Wolfheart” (1995). Ao longo dos anos a música, a banda e os seus elementos fundiram-se, uma intimidade revelada pelo jornalista Nelson Santos neste artigo da revista LOUD!

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“Exctinct” é uma viagem negra e profunda mas isso não faz dele um disco com contornos particularmente difíceis. Produzido por Jens Bogren, acabou por se tornar num palco para novas experiências. Tem mais voz e é mais melodioso. Os Moonspell estão a abrandar o ritmo? Fernando Ribeiro disse-nos que não, “estamos a experimentar coisas novas”.

Mas porquê “Extinct”? A extinção e a especiação, os dois lados da mesma coisa, vida e morte, são um complemento mas “é quase uma história de amor triste” [entre o Homem e as outras espécies]. Talvez o que inflama o disco seja precisamente a noção da morte, uma consciência que se revela de forma natural com o avançar dos anos. E se essa noção de proximidade faz com que uns se conformem, noutros destila a vontade de fazer algo de novo.

Extinção é sinónimo de renascimento mas também “um documento de memórias, um tributo”. É sempre o fim que dá origem ao novo, o desaparecimento de uma espécie é a oportunidade de outra. Renovação darwiniana. Mas o homem baralhou as contas da natureza e “é a possibilidade de escolher que torna esta era de extinção tão diferente das anteriores”, ouve-se na reflexão inicial do DVD incluído na edição especial do novo LP, uma viagem que acompanha a gravação de “Extinct”. Ali assiste-se ao processo de discussão, detalhado, entre a banda e o produtor, os pormenores estão por todo o lado, a “parede de som” revela uma harmonia que soa como uma orquestra.

Fernando Ribeiro contou-nos que os Moonspell escolheram fazer este disco à moda antiga. Nada de mensagens de email de um lado para o outro, com capturas de som de riffs e outros excertos. Renunciaram ao computador e resolveram construi-lo em conjunto e em tempo real. E talvez tenha sido essa construção em grupo que lhes permitiu estar prontos para a estrada tão rapidamente, ultrapassando a etapa de “treino ao vivo”.

A digressão “Road To Extinction Tour” arranca já no dia 12 na Holanda e atravessa grande parte da Europa. Estão garantidas duas datas em Portugal, dia 27 de março em Lisboa (Coliseu) e 28 no Porto (Hard Club). “Extinct” está disponível em formato CD, vinil e numa edição especial (mediabook) que inclui um DVD com um documentário de 80 minutos. Este é o vídeo do tema que dá nome ao álbum:

Este pode ser, como nos disse Fernando Ribeiro, um dos discos mais importantes da carreira dos Moonspell. “Extinct”? Não há aqui texto subliminar, os Moonspell não se ficam por aqui.