A adaptação do romance “O homem duplicado”, do Nobel português José Saramago, chega dia 19 de Junho aos cinemas. Um filme que tal como o livro que o inspirou ou o escritor que o dactilografou, coloca questões à existência niilista contemporânea.

“O homem que acabou de entrar na loja para alugar uma cassete de vídeo tem no bilhete de identidade um nome nada comum, de um sabor clássico que o tempo veio a tornar rançoso, nada menos que Tertuliano Máximo Afonso.”

É com este parágrafo que começa o livro “O homem duplicado” de José Saramago, publicado em 2002. É o tédio que move Tertuliano, até que descobre no filme que assiste que ele não é original: existe alguém idêntico a ele, o mesmo tom de voz, a mesma fisionomia. Mas com uma vida totalmente diferente…

Não vamos já desvendar toda a história. Depois de uma adaptação cinematográfica do livro Ensaio sobre a Cegueira, o trabalho de adaptar este livro coube ao realizador canadiano Denis Villeneuve, reconhecido pelo trabalho em Incendies – a mulher que canta. A fasquia estava alta. “Queria que o espetador se fizesse as mesmas perguntas que me fiz quando li o livro”, afirmou Denis Villeneuve sobre Enemy, título do filme em Inglês. ”

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O homem duplicado” trata-se de um romance existencial e que coloca inúmeras questões sobre a identidade de cada indivíduo, o que já antecipava um grande desafio de adaptar a narrativa ao cinema. Nas palavras de Denis Villeneuve, este filme é uma homenagem ao “maestro” Saramago.

“Ao ler o romance intui-se que há muitas formas possíveis de transpô-lo para o ecrã, tanto quanto ao tom como quanto à parte visual, mas depois de ver Enemy chega-se à conclusão de que esta era a única”, escreveu o crítico Javier Ocaña no El País.

Para Pilár del Rio, viúva e presidente da Fundação José Saramago, a interpretação de Jake Gyllenhaal é “magistral”. “Acho que se lê o livro, com todas as complexidades que coloca, somente seguindo um ponto de vista”, contou.

Jake Gyllenhaal, ator que interpreta Tertuliano, mostra a sua versatilidade num papel muito complexo de interpretar.”Saramago esteve presente no set (de filmagens) à distancia, foi uma inspiração”, disse Jake Gyllenhaal, em entrevista ao jornal infolibre.

Agora só resta esperar por dia 19 de Junho. E talvez, não querendo desvendar demasiados detalhes do filme, a citação que aparece na contra-capa do livro, também utilizada na entrada do filme, resuma da melhor maneira possível esta adaptação: “O caos é uma ordem por decifrar.”

https://www.youtube.com/watch?v=HexDnmQjBcc