A conferência com todos os ingredientes para ser tida como “sem precedentes” acontece esta segunda-feira. Não se sabe exatamente a que horas Isabel II se encontrará com Harry — e com Meghan que, estando no Canadá, deverá participar via videoconferência — para discutir o futuro dos duques de Sussex. A imprensa britânica refere, ao invés, que será “ambicioso” pensar que já existe um plano e adianta que, se as coisas correrem mal, o jovem casal pode revelar segredos da família real britânica numa entrevista, à semelhança do que fez a princesa Diana em 1995, na qual fez a polémica afirmação: “Éramos três no casamento, por isso, acho que era uma multidão”.

Isabel II: “Apoiamos inteiramente o desejo de Harry e Meghan”

Citado pelo The Guardian, o jornalista Tom Bradby — que é considerado um amigo de Harry e de Meghan — assegurou que, caso a família real não estivesse do lado do casal, esta corria o risco de os duques de Sussex darem uma entrevista sem restrições. “Acho que isso não seria bonito”, disse Bradby, que garante que teve uma conversa muito franca com Harry em Angola na sequência do documentário para a ITV News.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Príncipe Harry confirma afastamento de William: “Estamos em caminhos diferentes, mas vou estar sempre lá para ele”

Este é o mesmo Tom Bradby que, durante a viagem oficial dos duques a África, perguntou a Meghan como estava a lidar com toda a pressão, questão que fez a ex-atriz norte-americana responder: “Obrigada por perguntar porque poucas pessoas me perguntaram se estou bem”. O documentário de outubro foi, muito provavelmente, o primeiro grande sinal de que os duques não estavam confortáveis no seio da família real.

Escrevendo para o jornal The Sunday Times, o jornalista afirmou ainda que o casal descobriu uma relação “tóxica” em alguns membros da família real, que se revelaram “ciumentos e, por vezes, hostis”. “Não há dúvida de que Harry e Meghan sentem que foram expulsos”.

Esta será a primeira vez que os quatro membros da família real — Isabel II, Carlos, William e Harry — se encontram pessoalmente depois de o duque de Sussex ter tornado público os seus planos para ser “financeiramente independentes” na última quarta-feira.

Os pormenores do encontro real

O encontro desta segunda-feira começou pelas 14h, tendo o princípe Harry chegado às 13h45 para não comparecer ao almoço, escreve o The Daily Mail. O mesmo jornal esclarece que o staff esteve a preparar a Long Library, uma divisão da propriedade em Norfolk que chegou a ter uma pista de bowling e que Harry e William frequentaram em miúdos — era onde costumavam beber chá com a mãe, a princesa Diana, e os primos. A sala, dada a sua localização na propriedade, promete privacidade.

Rainha Isabel II convoca reunião para discutir o futuro de Harry e Meghan

Meados de janeiro é a altura preferida de Isabel II para estar em Sandringham — a escolha do local para a reunião “envia uma mensagem forte”, assegura um dos seus ex-funcionários ao jornal já citado. “Primeiro, diz que ela não se vai mexer; Norfolk é onde ela está em janeiro, portanto, ele [Harry] é que vem ter com ela. Segundo, esta é uma casa particular e não oficial, como o Palácio de Buckingham, e ela espera que Harry perceba a distinção”, continua.

Durante a reunião, a vida normal em Sandringham vai ser interrompida, com as empregadas a serem ordenadas a trabalhar no outro lado da casa. Caso o encontro aconteça às 14h, será primeiro servido um almoço na sala de jantar, com a reunião a decorrer durante a tarde, podendo alongar-se durante três horas e acontecer até às 17h, hora do chá para Isabel II. Marcar o encontro entre refeições está a ser visto como uma forma de acalmar os ânimos.

Entretanto, o The Guardian refere um comunicado divulgado esta segunda-feira pela Press Association sobre as regras que permitem a membros da família real realizar atividades comerciais. Foram criadas há cerca de 20 anos na sequência do escândalo em torno de Eduardo, o quarto e o mais novo filho da rainha Isabel II — em 2002 os condes de Wessex abandonaram os negócios a título pessoal para se tornarem membros da realeza a full-time, isto depois de serem acusados de estarem a fazer dinheiro à conta do estatuto que detinham. Estas regras poderão servir de base para qualquer que seja o acordo a sair hoje de Sandringham.

Uma das regras prevê, por exemplo, que os membros da realeza têm de, em primeiro lugar, consultar o Lord Chamberlain — um dos principais oficiais da Royal Household do Reino Unido, organização que dá apoio à monarca e respetivas atividades oficiais — antes de iniciar uma atividade comercial, o que, diz o The Guardian, pode ser visto como um impedimento ao tipo de independência que Harry e Meghan procuram.

Harry e William fazem comunicado conjunto a desmentir jornais

O desejo de se afastarem da família real britânica, expresso na quarta-feira por Harry e Meghan Markle, criou aquilo que os jornais britânicos estão a apelidar de “crise”. E muito se tem escrito nas horas que antecedem o encontro de hoje, entre a rainha Isabel II e os príncipes Carlos, William e Harry. Muitos jornais dedicaram as capas ao tema. O The Telegraph, por exemplo, escreveu um editorial sobre o assunto e o The Guardian tem um live blog aberto para acompanhar os desenvolvimentos ao minuto, os quais podem ter implicações na forma como é gerida a monarquia.

Vários membros da imprensa britânica encontram-se nas redondezas de Sandringham, ainda que a reunião não seja um evento oficial. Ou seja, não está marcada qualquer conferência de imprensa findo o encontro, pelo que existe uma probabilidade de acabarmos o dia sem grande acrescento de informação.

Mas há, ainda assim, desenvolvimentos importantes: além de um príncipe Philip “de rosto sombrio” ter sido avistado a deixar a propriedade, ele que não está previsto participar na “cimeira”, os irmãos William e Harry emitiram esta segunda-feira um comunicado em conjunto negando uma história de que o duque de Cambridge teria feito bullying a Meghan. “Para dois irmãos que se preocupam tanto com os assuntos que envolvem a saúde mental, o uso de linguagem inflamatória desta maneira é ofensivo e potencialmente prejudicial”.

Do outro lado do Atlântico, os canadianos parecem entusiasmados com a ideia de os duques de Sussex viverem no país. Uma sondagem citada pelo jornal National Post revela que 60% das pessoas consultadas apoiaria Harry enquanto o próximo governador-geral do Canadá, título que diz respeito ao representante oficial da monarca no Canadá.

Ainda nos media é notícia que Elton John, conhecido amigo do casal que já antes os defendeu publicamente, soube dos planos dos duques de Sussex ainda antes da rainha, com Harry e Meghan a confidenciarem com o artista sobre o que fazer a seguir. Ainda assim, o cantor não terá influenciado a decisão dos Sussex.