Acabou o suspense. Passos Coelho e Paulo Portas surpreenderam no 25 de abril e vão anunciar este sábado o acordo de coligação. O anúncio será feito em Lisboa e com os dois líderes presentes. PSD e CDS têm como principal intenção renovar a Aliança Democrática, encabeçada por Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa em 1979 – a única coligação pré-eleitoral bem-sucedida entre os dois partidos.

O anúncio chegou às redações sem dizer que os dois lideres falariam sobre coligação, mas o Observador confirmou que se tratava sobre o anúncio da coligação. A data para a apresentação do acordo foi acertada esta semana e o acordo em si ficou fechado aquando da apresentação do Programa de Estabilidade por parte do Governo. O Observador sabe que para os dois partidos era essencial fechar os traços do programa antes de avançar para o acordo oficial da coligação pré-eleitoral.

O anúncio vai ter lugar às 20h, num hotel em Lisboa. A coligação está a ser preparada há dois meses pelos presidentes dos dois partidos, assim como pelos seus vice-presidentes Marco António Costa do lado do PSD e Pedro Mota Soares, ministro da Segurança Social, pelo CDS. Agora os dois partidos têm de acordar a distribuição de lugares nas listas, tema que pode agitar as estruturas tanto do CDS como do PSD. Tal como o Observador escreveu no início de abril, a ideia dos negociadores é fazer com que, caso os dois partidos baixem o número de votos, a perda aconteça de forma proporcional de um lado e do outro.

Depois do anúncio de intenções dos líderes, os dois partidos têm que reunir os Conselhos Nacionais para aprovar a estratégia. Em seguida, serão escolhidos os lugares dos sociais-democratas e dos centristas nas listas de candidatos a deputados em cada distrito. O CDS poderá ter três cabeças de lista: Paulo Portas, Luís Pedro Mota Soares e Assunção Cristas. Dos atuais quatro ministros do CDS, António Pires de Lima já deixou claro que não tenciona ser candidato a deputado nas próximas eleições.

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Nas eleições legislativas de 2011, os centristas tiveram 11,7% (24 lugares) e o PSD 38,6% (108). As últimas sondagens colocam a soma destes dois partidos a cerca de 3 pontos percentuais de distância do PS. A última referência de Passos Coelho à coligação foi feita à porta fechada no Conselho Nacional do PSD, altura em que o líder disse aos dirigentes do partido que a coligação não era tema para essa reunião e que os sociais-democratas ainda podiam tentar uma maioria absoluta sozinhos. Já Paulo Portas disse que daria novidades, quando as tivesse. “Feito um entendimento sobre políticas substantivas, eu acho que chegou agora o tempo de conversar sobre matérias de natureza partidária”, disse o líder centrista no dia 17 de abril.

Os negociadores da coligação

Apesar de as grandes linhas serem debatidas e acordadas entre os dois líderes, Marco António Costa e Pedro Mota Soares são também protagonistas deste acordo. Os dois vices já trabalharam juntos no ministério e têm funções similares em cada um dos partidos. Tanto Mota Soares como Marco António Costa já passaram por vários cargos dentro dos partidos, conhecendo a sua estrutura e os militantes – pontos fulcrais quando se está a acordar uma coligação pré-eleitoral que vai mexer com as bases do partido, desde a sua estrutura local, até aos seus principais dirigentes.

Fontes dos dois partidos dizem ao Observador que ambos têm “capacidade de trabalho” e têm a “plena confiança” dos líderes. Sobre Marco António Costa, fonte social-democrata avança que é “um conciliador”, que possui “larga experiência política” e que é “um negociador nato”. Já Mota Soares passou pelos principais cargos de liderança dentro do CDS, tendo sido líder da JP, e é-lhe apontada “uma enorme capacidade de trabalho” e “está desde sempre na primeira linha” do partido.

Agora os dois vices vão continuar o entendimento, mas no que diz respeito às listas e aos lugares elegíveis em cada distrito. Fonte centrista disse ao Observador que estava claro que era mais vantajoso concorrerem juntos devido ao método utilizado na atribuição de mandatos, embora as perdas para os dois partidos possam causar desconforto nas estruturas intermédias dos partidos, “pouco adeptas da perda de lugares”.

Esta é a primeira tentativa de coligação de pré-eleitoral oficializada entre os dois partidos desde a AD de Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa. Em 1998, Paulo Portas e Marcelo Rebelo de Sousa, então líder do PSD, encetaram negociações para concorrerem juntos às legislativas de 1999, mas o caso Moderna e o desconforto no PSD com a liderança do professor impediram que o entendimento vingasse. Em 2005, foi ainda pensada nova tentativa com Santana Lopes, mas a iniciativa foi abandonada nas fases iniciais.