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Pepe, um capitão em formato Benjamin Button que não consegue fazer tudo por todos (a crónica do Sporting-FC Porto)

Este artigo tem mais de 3 anos

Esteve na Seleção e foi dos melhores. Chegou ao FC Porto para ser capitão e foi dos melhores. Ainda assim, Pepe não conseguiu evitar o empate do FC Porto com o Sporting em Alvalade (2-2).

O central português assumiu a braçadeira de capitão na sequência da saída de Danilo para o PSG
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O central português assumiu a braçadeira de capitão na sequência da saída de Danilo para o PSG

AFP via Getty Images

O central português assumiu a braçadeira de capitão na sequência da saída de Danilo para o PSG

AFP via Getty Images

“Danilo Pereira, o capitão que esta quarta-feira foi titular devido à lesão de Sérgio Oliveira, tornou-se o símbolo de uma equipa de Sérgio Conceição que acredita na reabilitação, na resolução e na recuperação. Danilo começou a temporada dispensado de um estágio, depois de uma discussão com o treinador, chegou a recusar usar a braçadeira e acabou a época no banco de suplentes, afastado do onze inicial. Mas no jogo decisivo, no jogo que deu o título ao FC Porto, foi Danilo quem apareceu a desbloquear o resultado e a abrir o marcador. Como super-herói renascido das cinzas”

A meio de julho, do passado mês de julho, era assim que terminava a crónica do Observador sobre o jogo entre FC Porto e Sporting, no Dragão, que acabou por garantir a conquista do título aos dragões. O grande destaque era Danilo, que tinha marcado um golo e que era assim a figura maior e o símbolo de uma equipa que tinha perdido um troféu para o Sp. Braga, que tinha visto o treinador colocar o lugar à disposição, que tinha passado a época quase sempre atrás do Benfica e que acabou por alcançar uma recuperação assinalável na retoma. Este sábado, no primeiro Clássico da nova temporada, a ausência de Danilo acaba por ser a figura maior e o símbolo de uma equipa que perdeu duas referências, que se reforçou na reta final do mercado e que quer obter uma evolução na continuidade que permita lutar novamente pelo Campeonato.

Se Danilo e Alex Telles saíram do FC Porto, Acuña e Wendel saíram do Sporting: e assim, as duas equipas perderam dois elementos que nos últimos anos foram regularmente titulares durante quase toda a temporada. Este sábado, em Alvalade, era a primeira vez que tanto Rúben Amorim como Sérgio Conceição apresentavam de forma mais definida e definitiva quais é que serão as soluções para os próximos meses, quais é que serão os substitutos dos que saíram e qual será o papel dos nomes que chegaram nas últimas semanas.

Apesar da eliminação precoce às mãos do LASK na Liga Europa, o Sporting chegava a este Clássico sem golos sofridos nas duas jornadas que disputou, com quatro golos marcados e com os mesmos seis pontos que o FC Porto — que derrotou Sp. Braga e Boavista mas caiu com o Marítimo no Dragão antes da pausa para os compromissos das seleções. Com menos um jogo disputado, devido ao adiamento da jornada inaugural com o Gil Vicente devido aos casos positivos de Covid-19 nas duas equipas, os leões tinham este sábado o primeiro grande desafio da época. E Rúben Amorim lançava no onze aquele que acabou por ser o reforço mais improvável do mercado de verão que terminou recentemente.

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João Palhinha, que foi reintegrado depois do fim do empréstimo ao Sp. Braga, tinha selo de transferência desde que voltou a entrar em Alcochete. A ideia geral que pairava no universo leonino era de que o médio português ia sair novamente do Sporting, desta feita a título definitivo, e rumar a outras paragens. Mas Palhinha ficou, renovou contrato e este sábado era titular frente ao FC Porto. Contra os dragões, Amorim arriscava ainda uma novidade tática: Tiago Tomás era suplente e Matheus Nunes entrava na equipa para reforçar o meio-campo, onde aparecia junto a Palhinha, com Matheus Nunes e Porro mais perto das alas e Nuno Santos e Pedro Gonçalves no apoio a Jovane. João Mário integrava a convocatória pela primeira vez e era suplente, assim como Vietto.

Do lado do FC Porto, Sérgio Conceição não surpreendia nada e colocava Zaidu, antigo lateral do Santa Clara, no lugar que era de Alex Telles. Corona ocupava um lugar no trio ofensivo, com Luis Díaz no lado contrário e Marega no eixo do ataque, e Otávio, Sérgio Oliveira e Uribe formavam o grupo do meio-campo. Ainda sem Grujic e Sarr, os reforços Toni Martínez, Taremi, Nanu e Felipe Anderson começavam no banco de suplentes.

O FC Porto começou melhor e obrigou Adán a uma intervenção atenta logo no primeiro minuto, depois de um livre batido por Sérgio Oliveira. O Sporting respondeu logo nos instantes seguintes, com um primeiro ensaio em que Nuno Santos roubou a bola a Manafá na esquerda, combinou com Jovane e tentou encontrar Pedro Gonçalves com um cruzamento rasteiro (3′), e o golo acabou por aparecer pouco depois. Matheus Nunes teve nos pés a melhor oportunidade até então, ao aparecer na cara de Marchesín e permitir uma grande defesa do argentino (8′), e o banco de suplentes ainda se recompunha desse lance quando Nuno Santos decidiu tornar-se protagonista: cruzamento largo na direita, Mbemba desviou de cabeça para trás e o médio ex-Rio Ave, de primeira e sem deixar a bola cair, atirou em força para dentro da baliza (9′).

O Sporting estava melhor no plano ofensivo e obrigava sempre o FC Porto a deixar pelo menos três elementos numa zona mais recuada, já que o trio Nuno Santos/Jovane/Pedro Gonçalves raramente descia para defender e ficava sempre no meio-campo adversário. Ainda assim, os leões estavam muito permissivos no setor defensivo, principalmente no lado esquerdo, e Corona ia tendo muita liberdade para aparecer já dentro da grande área a procurar cruzamentos curtos e letais. Foi assim que Uribe quase marcou, ao cabecear por cima depois de um lance brilhante do mexicano (13′).

O FC Porto foi crescendo na partida e acabou por conseguir chegar ao empate num lance onde, mais uma vez, foram visíveis as fragilidades defensivas dos leões. Zaidu tirou um cruzamento na esquerda e Uribe — que esta temporada aparece frequentemente em zonas de finalização, algo pedido por Sérgio Conceição desde a pré-época –, totalmente sozinho, rematou para dentro da baliza (25′). O Sporting respondeu ao golo sofrido principalmente a partir de Pedro Gonçalves, que estava muito móvel na faixa direita do ataque mas aparecia a oferecer soluções em espaços interiores e ia sendo o elemento ‘mais’ da equipa: tendo até uma oportunidade para marcar, quando apareceu na cara de Marchesín mas viu o argentino responder novamente com uma grande defesa (44′).

Já perto do intervalo, numa fase em que o Sporting até estava mais perigoso e só se adivinhava o fim da primeira parte, Corona acabou por tirar um coelho da cartola para confirmar a reviravolta. Luis Díaz perdeu a bola na grande área dos leões e o mexicano recolheu, tirou Feddal da frente com um pormenor delicioso e picou por cima e Adán, colocando o FC Porto a ganhar pela primeira vez na partida (45′). Luís Godinho assinalou grande penalidade de Zaidu sobre Pedro Gonçalves, mostrou o segundo cartão amarelo e expulsou o lateral dos dragões mas foi ao VAR, reverteu as duas decisões, nem sequer marcou falta e acabou por expulsar Rúben Amorim por protestos.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-FC Porto:]

Na segunda parte, o treinador leonino — já a partir da bancada — tirou um apagado Jovane para lançar Vietto e a partida entrou numa fase algo incaracterística. O jogo partiu, fator também motivado pelas substituições que se seguiram, e a qualidade técnica e tática começou a dar lugar a uma combatividade muito intensa mas sem grandes consequências práticas. Conceição colocou Toni Martínez e Felipe Anderson em campo e Amorim fez all in com a saída de Luís Neto para a entrada de Tiago Tomás, com Nuno Mendes a recuar no relvado para ocupar o lugar vago no trio defensivo.

Numa segunda parte em que o FC Porto se demitiu quase por inteiro do jogo, sem procurar o terceiro golo e a limitar-se a controlar o resultado para não ser obrigado a sofrer nos instantes finais, o Sporting não foi capaz de impor alguma intensidade ou criatividade na partida e acabou por oferecer ao adversário exatamente aquilo que ele queria — um encontro lento, sem oportunidades, sem lances de perigo. Pedro Porro ainda rematou ao lado (75′), João Mário voltou a Alvalade e jogou os últimos dez minutos, Toni Martínez, Felipe Anderson e Nanu estrearam-se pelos dragões. Mas os únicos momentos de emoção da segunda parte apareceram já mesmo ao cair do pano.

A dois minutos dos 90′, João Palhinha roubou uma bola a Felipe Anderson, abriu em Tiago Tomás na direita e o jovem avançado cruzou rasteiro para a grande área; Sporar desviou de calcanhar ao primeiro poste, Marchesín defendeu e Vietto, na recarga, conseguiu empatar o resultado (88′). Até ao fim, Taremi ainda entrou e rematou ao lado (90+2′) mas o marcador não voltou a alterar-se, terminando com o empate no primeiro Clássico da época.

O Sporting mantém-se invicto no Campeonato mas continua sem impressionar, o FC Porto leva o segundo jogo seguido sem conseguir ganhar e voltou a mostrar alguma fragilidade na hora de segurar a vantagem e aumentar os números para poder descansar. Pepe, que é agora o capitão na sequência da saída de Danilo, está num momento assinalável de forma que faz lembrar a história de Benjamin Button, que ficava mais novo com o avançar dos anos — mas não é capaz de fazer tudo por todos, de ser tudo para todos e de evitar os erros dos outros.

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