A acusação a nove dirigentes ou ex-dirigentes da FIFA e a cinco parceiros do organismo deverá ser apenas o início de uma operação mais ampla, admitiu em Nova Iorque o procurador federal de Brooklyn, Kelly Currie.
“É o início do nosso esforço, não o fim”, disse Currie na conferência de imprensa em que a procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, apresentou as principais linhas de um processo que levou mesmo à detenção de sete dirigentes ou ex-dirigentes da FIFA, em Zurique.
Questionado sobre o possível envolvimento dos mais altos dirigentes da FIFA, entre os quais o presidente, Joseph Blatter, Kellie Currie não o confirmou, mas fez questão de vincar que as acusações “não deverão ficar por aqui”.
A próxima etapa do processo, segundo Loretta Young, é pedir a extradição dos acusados para os Estados Unidos, para serem julgados. “Eles corromperam os negócios do futebol mundial para servir os seus interesses e para se enriquecerem pesoalmente”, disse.
A acusação aos nove dirigentes ou ex-dirigentes da FIFA e aos cinco parceiros passa por corrupção, extorsão e branqueamento de capitais, ao longo de 24 anos. Terão recebido e redistribuido mais de 150 milhões de dólares (cerca de 140 milhões de euros) desde 1991, com os direitos de difusão de torneios internacionais, entre os quais o Campeonato do Mundo.
“A começar em 1991, duas gerações de dirigentes do futebol usaram as suas posições para solicitar subornos de operadores desportivos por trocas de direitos comerciais sobre torneios. Fizeram-no vezes e vezes, ano após ano, torneio após torneio”, disse Loretta Young.
Como exemplo, referiu que para a preparação da Copa América de 2016, que terá lugar nos Estados Unidos pela primeira vez, terão sido pagos 110 milhões de dólares de subornos.
“É o Campeonato do Mundo da fraude. Hoje mostrámos o cartão amarelo”, disse por seu lado Richard Webb, responsável pela divisão de investigação criminal da administração fiscal dos Estados Unidos.
Entre os acusados estão dois vice-presidentes da FIFA, o uruguaio Eugenio Figueredo e Jeffrey Webb, das Ilhas Caimão e que é também presidente da CONCACAF (Associação de Futebol da América do Norte, Central e Caraíbas), assim como o paraguaio Nicolás Leoz, ex-presidente da Confederação da América do Sul (Conmebol).
Os restantes dirigentes já indiciados são o brasileiro José María Marín, membro do comité da FIFA para os Jogos Olímpicos Rio2016, o costarriquenho Eduardo Li, Jack Warner, de Trinidad e Tobago, o nicaraguense Júlio Rocha, o venezuelano Rafael Esquivel e Costas Takkas, das Ilhas Caimão.
Esta acusação surge depois de o Ministério da Justiça e a polícia da Suíça terem detido sete destes dirigentes, em Zurique, quando se encontravam num hotel na cidade. Os sete detidos são Webb, Li, Rocha, Takkas, Figueredo, Esquivel e Marin.
Simultaneamente, as autoridades suíças revelaram ter instaurado uma investigação à atribuição dos mundiais de 2018 e 2022 à Rússia e ao Qatar, respetivamente.