O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (CCILA), Bernardo Meyrelles, afirmou esta terça-feira que a presença das empresas alemãs em Portugal mantém-se forte e sólida.

Dando exemplos como a Bosch, a Volkswagen ou a Siemens, Bernardo Meyrelles sublinhou que “o interesse da Alemanha em Portugal não diminuiu”. Os investimentos das empresas alemãs em Portugal continuam de “forma forte e sólida”, acrescentou na conferência “60 anos de conetividade”, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã.

De seguida, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, falou das perspetiva para a economia portuguesa, lembrou as reformas feitas durante o programa de assistência financeira, e do Portugal que ficou no pós-troika.

Paulo Portas sublinhou que a “modernização da economia passa pelas empresas exportadoras”, e diz que Portugal tem “uma posição amiga e aberta ao investimento estrangeiro e alemão”.

Recordando que “não há crescimento sem investimento”, disse aos empresários que os “portugueses veem com bons olhos o anúncio de novos projetos”, que ajudarão a criar “mais emprego”, referindo-se ao recente investimento anunciado de mais de 600 milhões de euros na Autoeuropa, em Palmela.

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O vice-primeiro-ministro explicou que “Portugal aproveitou tempo de crise para mudar o que não estava bem”, e garantiu que as reformas continuam. “Parar é perder”, sublinhou. Sublinhou o que já foi feito e colocou a ênfase na redução do IRC. Um projeto a quatro anos que pretende tornar este imposto num dos “mais competitivos da Europa”, baixando-o 2,5% ao longo dos quatro anos.

“Vale mais uma boa negociação do que dez mil manif’s”

Portas elogiou também o modelo social de partilha de responsabilidades e objetivos entre trabalhadores e empregadores na Alemanha, referindo que vale mais uma boa negociação do que dez mil manifestações. “A Alemanha é um dos melhores exemplos da Europa de que uma boa negociação vale mais do que dez mil manifestações, uma boa negociação entre empregadores, de um lado, e representantes de trabalhadores, do outro, capazes de dialogarem, defenderem os seus interesses e chegarem a resultados”, disse o governante.

A Europa marca passo enquanto o mundo corre

António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal, disse, por seu lado, que ainda “existem riscos”. Sublinhou que a “recuperação do investimento ainda é fraca” e os níveis de “endividamento público, das empresas e particulares ainda são elevados”. Lembrou que um dos riscos mais elevados é o “limitado acesso ao crédito, em particular às pequenas e médias empresas”, tendo como consequência a “retração do investimento”.

António Saraiva fez um discurso virado para a Europa, argumentando que o “crescimento permanece um imperativo”. A “Europa caminha a passo enquanto o resto mundo corre”, disse Saraiva. A Europa deve “preparar uma estratégia pós-crise” e isso passa pelo investimento, pelas exportações e importações .

Apelou, por isso, ao Estados-membros que “têm espaço de manobra” e “com excedentes”, como a Alemanha, para que estimulem o “consumo interno” para que a Europa “possa crescer”.

Alemães dizem que Portugal voltou a dar cartas

O secretário-geral da Associação Federal da Indústria Alemã (BDI), Markus Kerber afirmou que a competitividade regressou a Portugal e que o país voltou a dar cartas nos mercados. “O balanço do país [Portugal] é positivo, foi positivo em 2013. Podemos dizer que a competitividade regressou ao país. Portugal está novamente a dar cartas nos mercados”, afirmou o secretário-geral da BDI, porque “apostou em três fatores: emprego, promoção da indústria e crescimento”.

No entanto, “não podemos negar que em Portugal ainda há problemas”, disse, apontando o nível da taxa de desemprego ou a dívida pública.”Mas estou certo de que com cooperação solidária conseguiremos colmatar esses problemas”, afirmou Markus Kerber e recordou que “as empresas alemãs dão grande valor a Portugal enquanto investimento”.

O secretário-geral da BDI lembrou que “90% do potencial de crescimento da Europa está fora do continente europeu. “Portugal tem aqui um papel estratégico”, devido à localização, para que as empresas europeias e alemãs consigam chegar aos mercados da América do Sul ou de África”.

Recordou Vasco da Gama para dizer que o “espírito dos descobridores” deveria servir de inspiração. É preciso “coragem, capacidade de decisão e persistência” para se chegar a “bom porto”, afirmou o secretário-geral da Associação Federal da Indústria Alemã. No final Markus Kerber confessou: “Voltarei para casa encorajado pelas conversas que tive com os portugueses.”

A conferência “60 anos de conetividade”, que decorre em Lisboa, no Centro Cultural de Belém contará ainda com as presenças do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e do Presidente da República Federal da Alemanha, Joachim Gauck.