A Força Aérea tem servido de “barriga de aluguer”, palavras do ministro da Defesa, para a aviação civil e a prova disso é que já saíram das fileiras 275 pilotos desde 2000. Os dados foram dados esta quarta-feira por Aguiar-Branco que garantiu já ter pedido, por despacho, às chefias militares para apresentarem propostas para resolver o problema, mas sem adiantar datas.

O ministro esteve de manhã a ser ouvido na comissão parlamentar de Defesa onde admitiu que há um problema de saída de pilotos da Força Aérea Portuguesa (embora não relacione o caso dos Açores com esta falta) e que isso acontece devido à “competitividade com a aviação civil que é prejudicial à aviação militar”. “Não há a possibilidade de concorrência de pagamento salarial ao nível da praticada na aviação civil”, referiu. Para minimizar esta questão, Aguiar-Branco diz que já pediu propostas às chefias militares para minimizar o problema.

Mais tarde, em resposta aos deputados, Aguiar-Branco até referiu que é um problema sistémico:

“A Força Aérea Portuguesa serve de barriga de aluguer de pilotos para depois a aviação civil serem beneficiários dessa matéria”.

A falta de pilotos-comandantes, sobretudo nos arquipélagos, voltou a ser referida depois da morte de um paciente por atrasos nos transportes inter-ilhas. E Aguiar-Branco justificou que a falta de pilotos-comandantes se deve à redução de horas de voo que já vem do Governo anterior. Antes, o ministro já tinha responsabilizado o Governo anterior pela redução de horas e deu alguns dados. De acordo com o ministro, em 2010 foram praticadas 22.093 horas de voo e em 2011 já só tinham sido praticadas 18.500 horas. “Seguramente foram reduzidas por razões de interesse nacional”, referiu.

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Já em 2013, com este Governo em funções, Aguiar-Branco diz que foram voadas 16.543 horas e que em 2014 estão previstas 18.052 horas o que mostra, de acordo com o ministro, “um esforço de repor aquilo que é uma necessidade para a normalidade de voo da Força Aérea”.
Relativamente a este problema, acrescentou ainda que reforçou o orçamento da Força Aérea em cerca de um milhão de euros para fazer uma “aceleração” da formação de pilotos.

Prevenção de incêndios

Como em anos passados, o ministro garantiu que as Forças Armadas vão participar novamente no combate e prevenção de incêndios. De janeiro a junho, segundo o ministro, já participaram cerca de 2.000 militares e 500 viaturas e houve a abertura de 115kms de faixas de gestão de combustíveis que correspondem a mais de 1.600 horas de utilização. Além disso, disse o ministro já foi dada formação específica, no âmbito dos incêndios florestais, a mais de 1.200 militares.