1. A fama é tanta que bastam seis letras para designá-lo: “The Cal” é o diminutivo pelo qual é conhecido o calendário Pirelli, publicado pela marca de pneus italiana desde 1964. O artigo definido não está lá por acaso — mês atrás de mês, é “o” calendário, o único que conseguiu transformar a peça de decoração favorita das oficinas no “objeto mais desejado do jet set“, como diz Benedikt Taschen, que resolveu mostrar a retrospetiva completa no livro Pirelli — The Calendar. 50 Years And More, com o slogan “dispa-se para fazer história, por favor”.
2. Com o livro da Taschen, atualmente em pré-venda, vai ser a primeira vez que vai poder comprar um calendário da Pirelli. Isto porque a publicação que tem captado as modelos mais famosas do mundo com pouca ou nenhuma roupa é enviada apenas para alguns VIPs e clientes especiais da marca. A edição de colecionador do livro já está esgotada, mesmo em pré-venda, mas por muito menos dinheiro (49,99€ em vez dos 1500€ da versão limitada) pode ter 41 calendários à cabeceira, incluindo fotografias dos bastidores, imagens censuradas e entrevistas com os diretores de arte, Derek Forsyth e Martyn Walsh.
3. Quarenta e um calendários? Não são 50? Não. Apesar de todo o glamour, houve anos em que a edição foi suspensa devido a cortes financeiros. Isso explica que em meio século tenha havido quarenta e uma e não 50 edições. Em novembro de 2014 foi publicada a 42ª, referente a 2015.
4. Apesar de os valores não serem conhecidos, cada calendário implica um investimento que daria para fazer pneus de ouro. Basta pensar nas supermodelos e atrizes contratadas, e que até hoje incluem nomes como Kate Moss, Gisele Bündchen, Naomi Campbell, Laetitia Casta, Cindy Crawford, Penélope Cruz, Milla Jovovich, Heidi Klum, Adriana Lima e Sophia Loren.
5. Como se não bastasse o currículo que está à frente da objetiva, ainda há o que está por trás. Até hoje, o calendário Pirelli reuniu alguns dos melhores fotógrafos do mundo, de Richard Avedon a Patrick Demarchelier, passando por Annie Leibovitz, Peter Lindbergh, Terry Richardson, Mario Sorrenti, Mario Testino e até Karl Lagerfeld.
6. O calendário de 1986 foi entregue a dois fotógrafos ao mesmo tempo (e que fotógrafos): Bert Stern, que captou a última sessão conhecida de Marilyn Monroe, e Helmut Newton, um dos nomes que mais impacto teve na representação do corpo da mulher. Newton acabaria por perder a corrida ao abandonar o projeto a meio, por razões pessoais, e as suas fotografias estiveram sem ver a luz do dia até 2014, altura em que a edição comemorativa dos 50 anos do calendário recuperou as imagens do fotógrafo.
7. Todos os anos, o Pirelli escolhe um tema para unir os 12 meses do calendário. Em 2015 foi o fetichismo, com muito látex captado pela lente de Steven Meisel e styling da ex-diretora da Vogue francesa, Carine Roitfeld.
8. O primeiro calendário surgiu como uma forma de divulgação da marca, ou não fosse sobre os 12 produtos bestseller da Pirelli, em diferentes áreas de exportação. Doze modelos, muito vestidas, posaram dentro de carros ou em cima de Vespas, mas o sucesso esteve muito longe do pretendido, de tal forma que a produção, que corresponderia ao ano de 1963, acabou por ser retirada da contagem oficial dos calendários (mas está no livro da Taschen, em jeito de bónus). A contagem começou no ano seguinte, quando o puritanismo — e grande parte da roupa — ficou fora da sessão captada nas praias de Maiorca.
9. Aos 51 anos, o Pirelli mostrou que ainda tinha algo para inovar ao incluir a primeira modelo plus size nas suas páginas. O peso coube a Candice Huffine e aos seus 90 quilos para 1,80 metros de altura. “A minha presença nesta sessão, a mais glamorosa do mundo, é sinal de que algo está a mudar na moda”, disse então a modelo à Vogue Itália.
10. Apesar de ser oficialmente lançado em novembro, o calendário costuma revelar algumas fotografias durante o verão. Isto significa que já não falta muito tempo para conhecer o que nos reserva o Pirelli 2016. E que as temperaturas irão certamente subir ao nível de um alerta laranja nesse dia.