No dia em que Salgueiro Maia faria 70 anos, e no ano em que se comemora o 40º aniversário do 25 de Abril, o livro Capitão de Abril regressa às livrarias, enriquecido com três depoimentos feitos propositadamente para a nova edição, duas entrevistas e um poema de Sophia de Mello Breyner.

“Fernando Salgueiro Maia é um dos principais heróis da história de Portugal. Conseguiu-o através da sua destemida, extraordinária e patriótica ação no memorável dia 25 de Abril de 1974”. Assim começa o prefácio do livro, escrito pelo antigo membro do Movimento das Forças Armadas, Vasco Lourenço.

“Um dia, já lá vão alguns anos, o Fernando [Salgueiro Maia] entregou-me uma cópia de uns escritos que elaborara e pediu a minha opinião sobre os mesmos. Pensava publicá-los, pois considerava importante dar testemunho de algumas vivências pessoais”, conta Vasco Lourenço.

Salgueiro Maia morreu a 4 de abril de 1992, aos 47 anos, vítima de cancro. Não teve tempo de publicar o livro que queria, mas a mulher e os amigos juntaram-se para realizar esse sonho, ainda que postumamente. Capitão de Abril saiu em 1994. Em 1997 houve uma 2ª edição, já lá vão 17 anos. Há vários que estava fora do mercado.

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A Âncora Editora publica a terceira edição esta terça-feira, 1 de julho, dia em que Salgueiro Maia faria 70 anos. Como novidade apresenta três depoimentos, de António de Sousa Duarte (biógrafo de Salgueiro Maia), Armando Fernandes e João de Melo. Os dois primeiros foram escritos propositadamente para esta edição. Já as palavras de João de Melo foram retiradas do Dicionário de Paixões, publicado pela Dom Quixote em 1994. Os três novos textos juntam-se aos de Carlos de Matos Gomes, Francisco Sousa Tavares, Maria Manuela Cruzeiro e Vasco Lourenço, que já se encontravam na edição original.

As duas entrevistas também aparecem nesta obra pela primeira vez. A que foi cedida a Adelino Gomes, dias depois da “Revolução dos Cravos”, foi publicada na edição de 18 de Maio de 1974 da revista brasileira Manchete, tendo o texto sido editado sem autorização, como o próprio explica numa nota que também integra este livro, mesmo antes da reprodução integral da entrevista. Em 1988, Salgueiro Maia concede outra entrevista, desta vez ao jornalista e escritor Fernando Assis Pacheco.

A reprodução fac-similada do relatório da “Operação Fim do Regime” é também uma novidade nesta edição de Capitão de Abril. Na contracapa encontra-se “um dos belos poemas que Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu em homenagem a Salgueiro Maia”, explica a Âncora Editora ao Observador.

Novidades à parte, o que o leitor encontra em Capitão de Abril são as memórias do militar Salgueiro Maia, desde que combateu na guerra colonial em Moçambique, de 1967 a 1969, e na Guiné, de 1971 a 1973. A 25 de Abril de 1974 comandou a coluna militar que, partindo da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, ocupou o Terreiro do Paço e cercou o Quartel do Carmo, em Lisboa, culminando na rendição de Marcello Caetano e na queda do Estado Novo. Desde a teoria à prática, passando pelas razões que motivaram a revolução, todos os episódios são ali contados por Salgueiro Maia.

O lançamento de Capitão de Abril decorre esta terça-feira, às 18h30, na Associação 25 de Abril, em Lisboa, mas o livro só deverá chegar às lojas no decorrer desta semana. A apresentação será feita pelo coronel Vasco Lourenço. Natércia Salgueiro Maia e o biógrafo António de Sousa Duarte também vão participar na sessão.