Telma Monteiro sente a responsabilidade de alertar os atletas mais jovens para a necessidade de projetarem o pós-carreira, com a judoca a considerar prioritário que os desportistas entendam como “indispensável” esse planeamento do futuro.

No âmbito da formação “Potencia o Teu Futuro – Descoberta e Desenvolvimento Pessoal”, uma iniciativa da Comissão de Atletas Olímpicos, que decorre esta terça e quarta-feira no Comité Olímpico de Portugal, Monteiro falou com a Lusa sobre a importância destas ações para “consciencializar as pessoas não só da preparação que podem fazer, enquanto ainda são atletas, para depois terem o futuro mais garantido quando terminem a carreira”, mas também para mostrar “as opções e a forma como as coisas podem ser feitas”.

“Quando somos atletas, às vezes estamos muito focados naquilo que são os nossos objetivos principais, que, como é óbvio, é ter boas performances e alcançar bons resultados, mas a carreira do atleta termina sempre, inevitavelmente. Portanto, é bom que haja campanhas para […] informar”, notou.

Aos 38 anos, a mais bem-sucedida judoca portuguesa assume que é difícil pensar no pós-carreira quando ainda se está no auge do percurso desportivo, uma vez que, nesse momento, a prioridade são os treinos, o planeamento de competições e “todas as preocupações” inerentes ao alto rendimento, mas defende que é “indispensável” fazê-lo.

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“É tentar, dentro daquilo que é a agenda de um atleta de alto rendimento, que é extremamente exigente, encontrar uma forma de estudar, de pensar nas opções que podem ser importantes no futuro”, aconselhou.

Única portuguesa medalhada (bronze) no Rio2016, Telma Monteiro soma cinco medalhas em Mundiais — quatro delas de prata -, 15 em Europeus, onde se sagrou campeã seis vezes, para além de mais de duas dezenas no circuito mundial de judo ao longo de uma carreira de 25 anos, mas sempre teve consciência de que deveria preocupar-se em continuar os estudos.

“Sou licenciada em Educação Física, tirei a pós-graduação em Marketing do Desporto e, nesse sentido, sempre tive uma perspetiva de estar preparada e ter uma base, depois, para quando terminasse a carreira de alto rendimento”, declarou à Lusa, admitindo que as suas opções de futuro passarão por ficar na área do treino ou da gestão desportiva.

A judoca do Benfica sente que o investimento académico que fez compensou, dizendo mesmo que os atletas devem estar “sempre abertos a aprender e continuar a evoluir”. “É preciso sempre começar de algum sítio e ter alguma base”, completou.

Inscrita na formação “Potencia o Teu Futuro – Descoberta e Desenvolvimento Pessoal”, realizada no âmbito do programa Athlete 365 Career+, do Comité Olímpico Internacional, com o objetivo de apoiar os atletas na transição para o mercado de trabalho após a carreira desportiva, Telma Monteiro confessa sentir a responsabilidade de alertar os mais jovens para esta temática.

“Tenho consciência de que quando estamos na alta competição não temos tanta disponibilidade mental para prestar atenção, então espero com o meu exemplo poder chamar um pouco mais à atenção”, pontuou.

Embora conceda que começa a haver “uma sensibilização maior por parte dos atletas” para a necessidade de projetar o futuro laboral, a cinco vezes olímpica estima que “ainda há um caminho para se percorrer”, pelo que formações como a que hoje se inicia são fundamentais.