“Quero que todos vós pensem que a escola é uma grande oportunidade, mas que pensem também em quem não pode ir. Nos vossos irmãos e irmãs que, mesmo que queiram, não têm acesso à educação”, disse Malala Yousafzai perante uma plateia de jovens norte-americanos na Califórnia. Malala foi entrevistada em direto no Facebook por Sheryl Sandberg, chefe de operações da rede social e uma das mulheres mais poderosas do mundo, segundo a Forbes. A mensagem da jovem paquistanesa? O terrorismo só se combate com educação.

Malala Yousafzai é uma jovem paquistanesa que desde muito nova denunciava as dificuldades das jovens que como ela queriam frequentar a escola num país dominado por taliban. Depois de muitas ameaças, aos 15 anos foi baleada na cabeça num autocarro por um terrorista da Al-Qaeda enquanto regressava da escola. Agora com 17 anos e a viver no Reino Unido, disse na entrevista que frequenta o 11º ano e que apesar de frequentar uma escola só de raparigas – deu mesmo um recado ao pai à frente de milhões de pessoas ao dizer que não percebe porque é que o irmão vai a escola mista -, está muito entusiasmada com os seus estudos.

Para combater a dificuldade de acesso à educação por milhões de crianças, Malala constituiu o Malala Fund que diz estar a ajudar meninas e meninos em todo o mundo. Em resposta a uma pergunta da fundadora do Huffington Post sobre a sua fonte de força para lutar – todos os utilizadores puderam durante a tarde colocar perguntas no seu mural -, a jovem disse que a vai buscar às crianças que ajuda. “O que me dá força é quando vejo crianças. Fui à Jordânia e conheci refugiados, um deles é uma rapariga de 16 anos que quer ser jornalista e tudo o que ela deseja é voltar à Síria. Nesse campo há 60 mil crianças e três escolas”, afirmou Malala.

Para além disto, Malala vai lançar um segundo livro com a sua história, mas para crianças. “Pensámos que seria fixe ter uma edição para crianças. É uma maneira de dizer aos mais novos dos países desenvolvidos que têm sorte porque podem ir para a escola, têm amigos, têm professores talentosos e bons edifícios.  Mas que se olharem para a outra parte do mundo, há crianças que não podem ir para a escola e que estão a lutar por isso. Não querem uma Xbox, nem uma PSP, só querem ir à escola”, explicou.

Outras das perguntas foi sobre a dificuldade de mudar a maneira como os terroristas pensam. Malala não hesitou. “Só a educação é que pode combater o terrorismo, não as armas”, afirmou, dizendo que não procura “vingança” e que procura sim acabar com a discriminação e desigualdade através da mudança. “Devemos perguntarmo-nos porque é que os terroristas se tornam terroristas. Alguns são discriminados ou pobres, há muitas razões que levam as pessoas a tornarem-se terroristas”, concluiu Malala.

Para além da visita ao campo de refugiados na Jordânia, Malala disse que está a ajudar 40 meninas a estudar no Paquistão e a prestar apoio às raparigas que conseguiram fugir a Boko Haram. Ela esteve há três semana na Nigéria e promover um encontre entre o presidente e as raparigas e as suas famílias.

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