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As mais icónicas marcas portuguesas têm um lar comum

Na região Centro de Portugal, a tradição, a qualidade e a inovação apresentam-se como aliados perfeitos. Desta tripla união, surgem alguns dos melhores produtos nacionais.

Algumas marcas conseguiram manter-se inalteradas ao longo das suas muitas décadas de existência, ganhando novo fôlego numa altura em que o desejo por um regresso às origens, e o orgulho de “consumir” Portugal atingem o seu pico; outras foram-se adaptando aos novos tempos, reinventando-se através de uma nova imagem e de produtos cujo design tem em conta as exigências e costumes atuais, sem nunca perderem, no entanto, a sua identidade.

Neste artigo, redescobrimos algumas das marcas mais icónicas do Centro de Portugal e cujos nomes estarão para sempre ligados à identidade e memória coletiva portuguesas.

Vista Alegre

Fundada em 1824 por José Ferreira Basto na Quinta da Vista-Alegre da Ermida, junto à Ria de Aveiro, a Vista Alegre surge como a primeira unidade industrial dedicada à produção de porcelana em Portugal. A elevada qualidade das suas peças e o seu sucesso industrial viriam a garantir-lhe o título de Real Fábrica, apenas cinco anos após a sua fundação.

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Após a fusão com o Grupo Atlantis, em maio de 2001, a Vista Alegre viria a tornar-se no maior grupo nacional de tableware e a ocupar a sexta posição na lista mundial.

Ao longo dos anos seguintes, a marca nunca deixou de privilegiar o desenvolvimento de técnicas industriais, apostando em técnicas mecânicas de decoração, algo que lhe permitiria aumentar a sua produção. A crise social e política sentida em Portugal levaria, no entanto, a que a marca viesse a atravessar um período de decadência, ultrapassado apenas no início do século XX. Em 1924, a Vista Alegre inicia um período de renascimento e desenvolvimento tanto a nível industrial como criativo. Entre 1947 e 1968, a marca alarga a sua oferta a novos mercados, estabelece colaborações com artistas contemporâneos e instaura a produção de peças únicas, sendo um exemplo perfeito o serviço produzido em exclusivo para a Rainha Isabel II de Inglaterra. Após a fusão com o Grupo Atlantis, em maio de 2001, a Vista Alegre viria a tornar-se no maior grupo nacional de tableware e a ocupar a sexta posição na lista mundial.

No Museu Vista Alegre, fundado em 1947 e atualmente localizado nos edifícios da antiga Fábrica em Ílhavo, os visitantes têm a oportunidade de revisitar o espólio das coleções produzidas ao longo dos anos e descobrir a história de uma das marcas portuguesas de maior reconhecimento a nível global.

Bordallo Pinheiro

Em 1884, Raphael Bordallo Pinheiro, uma das personagens mais relevantes da cultura portuguesa nas áreas da caricatura, desenho humorístico e cerâmica, fundava a Fábrica de Faianças das Caldas, nas Caldas da Rainha. Aqui, viriam a ser imaginadas e produzidas centenas de modelos cerâmicos únicos, assentes em tradições locais como a olaria caldense e inspirados em elementos da fauna e flora. Para os padrões dos seus azulejos, Bordallo Pinheiro basear-se-ia nos estilos mais variados, passando pelo Naturalismo, o Renascimento, a Art Nouveau e influências hispano-árabes.

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As suas criações, entre as quais se encontram o mítico Zé Povinho, viriam a transformar-se em testemunhas eternas do estado político, social e cultural de uma época. A personalidade arrojada de Bordallo Pinheiro manifestar-se-ia através de exemplos como a jarra “Beethoven”, com 2,60m de altura, hoje em exposição no Museu das Belas Artes, no Rio de Janeiro. Ao longo dos anos, o artista viria a receber algumas das mais importantes distinções em várias exposições internacionais. Durante 21 anos, as criações de Bordallo Pinheiro garantiram à marca um muito merecido reconhecimento tanto a nível nacional como internacional. Em 1905, após a sua morte, a marca viria a ser continuada pelo seu filho, Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro. O seu trabalho e dedicação fizeram com que a Bordalo Pinheiro resistisse ao passar do tempo e perdurasse até aos dias de hoje.

As suas criações, entre as quais se encontram o mítico Zé Povinho, viriam a transformar-se em testemunhas eternas do estado político, social e cultural de uma época.

Mantendo a sua identidade e respeitando a tradição e a inspiração naturalista das obras originais, a marca conseguiu simultaneamente adaptar a estética e funcionalidade das suas peças aos tempos atuais, sendo hoje uma das principais referências artísticas portuguesas.

Branca de Neve

Em 1924, António Trigueiros de Aragão fundava em Alcains, no concelho de Castelo Branco, a Fábrica Lusitana. Desde sempre dedicada ao ramo das moagens e das farinhas, a fábrica lançaria em 1954 uma das marcas portuguesas mais emblemáticas de sempre: a farinha Branca de Neve.

Apresentando-se como uma inovação na área dos produtos para confeção de bolos pelas suas características “self-raising”, a marca rapidamente atingiria um enorme sucesso. Em 1955 tornar-se-ia num dos primeiros produtos portugueses a serem publicitados. A consistência, inovação e carácter diferenciador foram três fatores essenciais para o sucesso da marca Branca de Neve ao longo dos anos. A sua qualidade e identidade manteve-se inalterada ao longo de várias décadas, marcadas por altos e baixos a nível político, económico e social, afirmando-se como uma marca ícone das famílias portuguesas.

Desde sempre dedicada ao ramo das moagens e das farinhas, a fábrica lançaria em 1954 uma das marcas portuguesas mais emblemáticas de sempre: a farinha Branca de Neve.

O início do século XXI seria marcado pelo lançamento de produtos inovadores e complementares dentro da marca, como a farinha para pão caseiro e uma gama de preparados e toppings para bolos que lhe viria a garantir a distinção de Produto do Ano. A relação próxima que sempre manteve com os seus consumidores mereceu-lhe ainda o prémio de Superbrand assim como de Marca de Confiança dos Portugueses durante vários anos consecutivos.

Licor Beirão

A história do Licor Beirão remonta a finais do século XIX, altura em que se iniciou a produção de um licor com propriedades digestivas, então conhecido como licor de Portugal. Em 1929, na vila da Lousã, em homenagem ao 2º Congresso Beirão de Castelo Branco, o licor assume o nome pelo qual é hoje conhecido: Licor Beirão. Graças ao espírito empreendedor de José Carranca Redondo, que em 1940 adquire a fábrica onde trabalhava, a marca consegue ultrapassar as condições económicas menos favoráveis da altura. A criatividade e irreverência das suas campanhas publicitárias leva o Licor Beirão a níveis de notoriedade que se mantêm até aos dias de hoje.

A criatividade e irreverência das suas campanhas publicitárias leva o Licor Beirão a níveis de notoriedade que se mantêm até aos dias de hoje.

As vendas de um dos produtos portugueses mais icónicos de sempre viriam a registar um crescimento constante ao longo dos anos. Em 2000, a marca estabeleceu o objetivo de alcançar públicos mais jovens através da promoção de novas formas de consumo. A sua identidade gráfica manter-se-ia praticamente inalterada ao longo de décadas, até 2007, ano em que se verificou a primeira revisão significativa do rótulo e em 2014, altura em que foi lançada uma nova garrafa.

Água do Luso

Conhecida como uma das melhores marcas portuguesas no setor das águas para consumo, a Água do Luso tem origem na água das chuvas que caem na Serra do Bussaco.

Conhecida como uma das melhores marcas portuguesas no setor das águas para consumo, a Água do Luso tem origem na água das chuvas que caem na Serra do Bussaco. Apesar de os seus benefícios terapêuticos serem conhecidos desde 1726, a Sociedade para o Melhoramento dos Banhos do Luso (entretanto designada por Sociedade da Água do Luso) só viria a ser constituída em 1852. Quatro décadas depois, dar-se-ia início à comercialização da Água do Luso.

Em 1903, após mais de cem anos de conhecimento geral dos benefícios terapêuticos das águas das Termas do Luso, a água é oficialmente considerada “puríssima” pelo químico francês Dr. Charles Lepierre, com base em análises bacteriológicas. Em 1970, a Central de Cervejas entra no capital da Sociedade da Água do Luso como acionista maioritário, ficando responsável pela sua distribuição. Durante mais de 160 anos a sua mítica garrafa de vidro manter-se-ia inalterada, à exceção do seu rótulo. Hoje, a Água do Luso chega a cerca de 30 países, tendo recebido já várias distinções ao longo dos anos pela sua qualidade, assim como pelos elevados níveis de confiança junto dos consumidores portugueses.

Arroz Pato Real

Com 100 anos de existência celebrados em 2020, a fábrica Ernesto Morgado, localizada no Vale do Mondego, próximo da Figueira da Foz, produz um dos mais conhecidos produtos alimentares portugueses, o mítico arroz Pato Real.

Esta empresa familiar, detida atualmente pela terceira geração da mesma família, é a mais antiga distribuidora de arroz em Portugal. O seu sucesso tem por base o uso da matéria-prima oriunda de terras locais, onde se incluem as terras da família fundadora, e a excelente relação que mantêm com os agricultores locais, criteriosamente selecionados. Comercializado desde sempre apenas nas variedades agulha e carolino, 2006 foi o ano que marcou o início de um longo período de inovação, marcado pelo lançamento de duas novas variedades: o arroz Pato Real Vaporizado e o Basmati.

No ano seguinte, a Ernesto Morgado entraria no mercado das refeições de preparação rápida sob a marca Pato Real Gourmet, produto que em 2008 receberia os prémios Sabor do Ano, Master da Distribuição e o Grande Prémio na categoria Design no Festival Internacional de Publicidade e Comunicação em Língua Portuguesa. Em 2010, a Ernesto Morgado voltaria a ver a qualidade dos seus produtos reconhecida, ao receber o Prémio Sabor do Ano atribuído à recém-lançada gama de refeições rápidas Pato Real Minuto. E em 2012/2013, a gama Pato Real seria novamente alargada com o lançamento do arroz Thai Jasmim e Arroz Carnaroli.

O seu sucesso tem por base o uso da matéria-prima oriunda de terras locais, onde se incluem as terras da família fundadora, e a excelente relação que mantêm com os agricultores locais, criteriosamente selecionados.

Com o slogan “o arroz da sua vida”, a marca Pato Real tem feito parte do dia a dia das famílias portuguesas no último século e, tendo em conta o seu percurso de sucesso, fará com certeza parte da vida das próximas gerações.

Renova

Hoje presente em 70 países espalhados por 5 continentes, as origens da marca portuguesa Renova, cuja fábrica se encontra em Torres Novas, junto às margens do Rio Almonda, remontam à segunda década do século XIX.

A sua história está marcada por um constante processo de reinvenção. Nos seus primeiros anos de operação, a sua produção consistia em papel de escrita, de impressão e de embalagem, tendo, entretanto, evoluído para papel tissue para uso doméstico e higiénico no final da década de 50 do século XX.  A marca distingue-se não só pela sua elevada qualidade, reconhecida por várias publicações de renome internacional como o “The New York Times” e o “El Mundo”, como também pelo seu carácter inovador, comunicação sofisticada e compromisso ambiental. Em 2005 a Renova entrou para a História com a criação do “papel mais sexy do mundo”, um papel higiénico preto que causou impacto a nível mundial.

A sua história está marcada por um constante processo de reinvenção. Nos seus primeiros anos de operação, a sua produção consistia em papel de escrita, de impressão e de embalagem, tendo, entretanto, evoluído para papel tissue para uso doméstico e higiénico no final da década de 50 do século XX.

Conservas Comur

A Comur é fundada em 1942, na Murtosa, como forma de organizar a atividade das conservas de enguias, produzidas há anos por mulheres locais, conhecidas como as Fritadeiras da Murtosa.

Ao longo dos anos, a Comur desenvolveu a sua oferta, produzindo hoje mais de 30 variedades de conservas pelas mãos de mais de cem mulheres, com base em métodos artesanais

A sua intenção inicial era a de levar as conservas de enguias, tão típicas da Murtosa, a todo o mundo. Ao longo dos anos, a Comur desenvolveu a sua oferta, produzindo hoje mais de 30 variedades de conservas pelas mãos de mais de cem mulheres, com base em métodos artesanais. As suas latas litografadas com ilustrações originais concedem-lhe um aspeto vintage, tão apreciado pelo público nacional como internacional, e as suas lojas, espalhadas por todo o país, são uma porta de entrada para um mundo de fantasia e cor.

Burel Factory

Do coração da Serra da Estrela nasce um dos produtos têxteis artesanais portugueses mais tradicionais: o Burel, um tecido feito de lã proveniente dos ovinos de raça Serra da Estrela do tipo Bordaleira e Merina Branca. Em tempos à beira do esquecimento, a produção de Burel ganhou uma nova vida após a aquisição e recuperação da antiga fábrica de Lanifícios Império por Isabel Costa e João Tomás, na altura recém-proprietários do atual hotel Casa das Penhas Douradas, localizado nas instalações de um antigo Sanatório nas Penhas Douradas.

A inovação aliou-se à tradição de forma a desenvolver um produto adaptado aos tempos de hoje. Os antigos mestres artesãos foram colocados a dar formação aos mais jovens para que a arte não morresse.

Na Fábrica, foram mantidas as máquinas do século XIX e reciclados padrões antigos. As cores foram diversificadas, fugindo às cores originais da lã. A inovação aliou-se à tradição de forma a desenvolver um produto adaptado aos tempos de hoje. Os antigos mestres artesãos foram colocados a dar formação aos mais jovens para que a arte não morresse.

A Burel Factory é hoje o maior empregador na área de Manteigas, na Serra da Estrela.

É impossível visitar o Centro de Portugal sem nos cruzarmos obrigatoriamente com a história de algumas das marcas e produtos mais icónicos deste país. Marcas que nos transportam a tempos idos e que nos levam num tão desejado e nostálgico regresso às origens. Da próxima vez que tiver nas mãos um destes produtos, lembre-se das suas histórias e da sua íntima ligação à memória coletiva nacional.

Saiba mais sobre este projeto em 
https://observador.pt/seccao/centro-de-portugal/

 
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