885kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

“As mulheres em Portugal têm tendência para engordar”

Especialista em gestão de peso, Teresa Branco põe fim a vários mitos sobre o bem-estar feminino antes e depois dos 40 anos. Quando o corpo começa a mudar, regule as hormonas e o metabolismo.

As mulheres que entram no instituto de Teresa Branco, em Lisboa, procuram mais do que uma especialista em gestão de peso que ganhou reputação pelos casos de sucesso no programa Peso Pesado. Umas queixam-se de não conseguir emagrecer (mesmo com exercício regular e uma alimentação cuidada), outras da tensão mamária e dos sintomas do síndrome pré-menstrual. As respostas que dá no consultório estão também agora na nova bíblia feminina Quando o Corpo Começa a Mudar, onde a fisiologista revela que a chave para o bem-estar e equilíbrio emocional das mulheres antes e depois dos 40 anos está no metabolismo e nas hormonas. A perda de peso, essa, passa não só pelo controlo fisiológico mas pela gestão das emoções e do equilíbrio em termos vitamínicos e minerais.

“À medida que a idade avança (usualmente a partir dos 40), a maior parte das pessoas, principalmente as mulheres, começam a ter muita dificuldade em controlar o peso, mesmo fazendo exercício e praticando uma alimentação saudável. Isto deve-se ao facto de o nosso organismo também amadurecer interiormente, gerando desequilíbrios hormonais, nutricionais e metabólicos”, explica Teresa Branco. “No entanto, estes desequilíbrios que levam ao aumento do peso também podem ocorrer precocemente por questões genéricas ou do desenvolvimento corporal.” Por exemplo, as mulheres sob stress têm maior probabilidade de aumentar de peso e perderem qualidade de vida por alterações no seu metabolismo.

A boa notícia é que Teresa Branco afirma ser possível contrariar o ritmo natural do corpo quando o metabolismo começa a desacelerar e a produção de hormonas se altera. Em entrevista ao Observador, a especialista partilha estratégias, planos alimentares e dicas para equilibrar o seu metabolismo quando a alimentação saudável e o exercício físico não chegam:

O livro foi publicado pela Lua de Papel e custa 14,50€.

É aos 40 anos que o corpo começa a mudar?
O nosso corpo começa a mudar quando temos alterações hormonais. É muito frequente as mulheres dizerem que independentemente de fazerem atividade física e de fazerem uma alimentação restritiva têm dificuldade em controlar o seu peso e que sentem que algo se passa com o seu metabolismo. Isto pode acontecer em qualquer idade mas é mais recorrente acontecer durante e após os 40 anos, quando as mulheres começam a entrar na fase da menopausa. Nessa altura sentem alterações no corpo, tendo uma predisposição muito grande para acumular gordura corporal — nomeadamente na região abdominal –, têm tendência para perder massa magra (massa óssea e massa muscular) e sentem que o seu corpo está, de facto, a mudar. Este livro é para essas mulheres que ao aproximarem-se da menopausa sentem as alterações naturais dessa fase da vida mas também para algumas mulheres que, antes disso, já têm alterações hormonais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Como é que a idade influencia a balança?
À medida que vamos envelhecendo as hormonas têm tendência a decrescer e existe uma transformação no nosso corpo. A mulher começa a sentir alterações, torna-se mais rechonchuda, deixa de ter cintura, fica com mais pelos onde não deve ter (como na cara), o peito fica flácido, perde a tonicidade da pele e o cabelo fica baço. Todas estas questões estão muito relacionadas com as hormonas que, quando somos jovens, estão em concentrações adequadas e à medida que vamos ficando mais velhos vão decaindo, levando a que haja um funcionamento menos bom do nosso metabolismo. Esta é a grande diferença entre ter 25 ou 40 anos.

Sintomas do hipotiroidismo

Mostrar Esconder
  • Fadiga
  • Pele seca
  • Prisão de ventre
  • Síndrome pré-menstrual
  • Ansiedade
  • Perda de cabelo
  • Intolerância ao frio
  • Unhas quebradiças
  • Falhas de memória
  • Desequilíbrios nutricionais

Há mulheres que têm dificuldade em controlar o peso, mesmo com exercício físico e uma alimentação saudável. Porquê?
Tem a ver com o facto de as suas hormonas não estarem bem. Muitas vezes, as mulheres (até por estarem a fazer uma restrição calórica muito grande) já afetaram um bocadinho a sua tiroide e podem sofrer de um hipotiroidismo que faz com que esta esteja praticamente parada. Isso fá-las ter um metabolismo diminuído e uma maior dificuldade em controlar o peso.

Noutro caso, podem já não estar a produzir as devidas hormonas sexuais (já têm défice de progesterona, muitos estrogénios ou falta deles). Qualquer uma destas alterações dificulta o controlo do peso porque o metabolismo diminui. Ou seja, existe um cansaço das suprarrenais que faz com que estas mulheres tenham uma produção de hormonas deficiente e tenham maior dificuldade em eliminar gordura. Isso tem a ver com um cansaço generalizado do organismo que, no fundo, está sujeito a uma pressão muito grande.

Então as mulheres sob stress têm maior probabilidade de aumentar de peso e perderem qualidade de vida?
Pode acontecer. No primeiro caso do livro falo do exemplo da Catarina que, aos 27 anos, tinha uma alimentação muito restritiva e praticava horas por dia de atividade física. Apesar de pesar 60 kg para os seus 1,60 metros de altura, queria perder algum peso e não o conseguia fazer. A primeira coisa que fizemos foi estudar o seu metabolismo através de umas análises muito completas às várias glândulas que compõem o seu sistema hormonal. Os resultados dessas análises vieram demonstrar que a Catarina estava extremamente cansada e que o seu metabolismo estava lento, não a deixando perder peso. O seu organismo já não respondia e foi necessário adequar um programa alimentar, recomendar o exercício adequado e utilizar alguma suplementação para regenerar as suprarrenais. Estas pessoas normalmente não são muito gordinhas — sempre foram magras e, a partir de uma determinada altura, aumentaram cinco a sete quilos e não os conseguem perder. Neste caso, por exemplo, tem a ver com este cansaço das suprarrenais e não com a menopausa.

Teresa Branco formou-se em Educação Física e Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, onde concluiu o mestrado em Exercício e Saúde e o doutoramento em Gestão de Peso. © André Marques/Observador

Mas há mulheres que têm predisposição para engordar?
Claro. Isso é uma das coisas que mais defendo. Ou seja, as mulheres não são todas iguais. As pessoas que têm excesso de peso, têm maioritariamente tendência para engordar. Infelizmente, grande parte das mulheres em Portugal tem tendência para engordar e vê-se pelas estatísticas (60% das pessoas tem excesso de peso, está previsto que em 2030 aumente para 80%). A juntar a essa tendência existe o facto de vivermos num ambiente que potencia o aumento de peso. Ora se as pessoas já têm geneticamente tendência para engordar, emagrecer é uma tarefa muito difícil e árdua. O mundo está feito para que as pessoas engordem. O que é antinatural é que as pessoas não engordem. E o que custa muito é que as pessoas têm de viver de uma forma antinatural.

Como é que podemos perceber que o nosso metabolismo não está equilibrado?
Uma das formas é o aumento de peso, quando a balança começa a subir e temos a mesma prática alimentar. Outros potenciais sintomas são o cabelo quebradiço, seco e baço, unhas quebradiças, retenção de líquidos e celulite. Estas mulheres podem ter os intestinos a funcionar mal, sentem dificuldade em ir à casa de banho, dormem mal, sentem-se muito ansiosas ou nervosas. Algumas pessoas chegam inclusivamente a ter dores de cabeça recorrentemente, dores musculares e articulares. Estes são sintomas de que o organismo não está bem. Só que a dada altura as pessoas habituam-se às unhas quebradiças, ao facto do intestino não funcionar bem e tomam laxantes para ir à casa de banho quando não devia ser assim. As pessoas deveriam ir à origem perceber o que, de facto, se está a passar com elas e não assumir que é algo natural.

"Assim que o metabolismo começa a desacelerar e a produção de hormonas se altera, a alimentação saudável e o exercício físico, por si só, não chegam."

Existem soluções para combater a síndrome pré-menstrual?
Usualmente a mulher que tem a síndrome pré-menstrual é a mulher que, nas semanas antes de menstruar, começa a sentir-se muito inchada. Depois tem uma grande perda de sangue durante o período, sente uma forte tensão mamária, preferência para comer açúcar, pode ter enxaquecas, não dorme bem e tem alterações fortíssimas de humor. Tudo isto tem a ver com as alterações hormonais que se processam nessa altura. Muitas dessas mulheres têm excesso de estrogénios comparativamente com a progesterona que produzem. E é a alteração da dominância estrogénica que provoca todos estes efeitos. Neste caso, as mulheres podem tomar um suplemento de progesterona para equilibrar os estrogénios. Depois, também existem alguns comportamentos que ajudam a regular os níveis hormonais: a atividade física e uma dieta rica em vegetais, fruta e hidratos de carbono não processados.

Um plano alimentar desenhado para equilibrar os níveis de estrogénios vai regular o nível de hormonas sexuais e contribuir para a perda de peso. © Imagem retirada de "Quando o Corpo Começa a Mudar"

Porque é que intestino é tão importante numa vida saudável?
É fundamental. Hoje em dia até se escreve sobre o facto de o intestino ser um segundo cérebro porque é no intestino que fazemos as absorções todas. Se tivermos o intestino a funcionar menos bem, as absorções não são feitas convenientemente (principalmente para termos todos os nutrientes necessários) e até podemos provocar inflamações no intestino, levando a desregulações do trânsito intestinal. Tanto a prisão de ventre como a diarreia são situações que indicam que o intestino não está a funcionar bem e que também não está a fazer as absorções necessárias de determinadas substâncias que são fundamentais para que o metabolismo trabalhe bem. Um metabolismo otimizado faz com que tenha mais saúde, mais capacidade imunitária para se proteger do aparecimento de determinadas doenças e, por outro lado, ajuda no controlo do peso.

Dicas para otimizar o metabolismo

Mostrar Esconder
  • Beber álcool de forma moderada;
  • Evitar alimentos processados e ler os rótulos dos produtos;
  • Consumir fruta, verduras e grãos integrais, nozes, sementes e leguminosas;
  • Praticar atividade física adequada e regular.

Quais são as estratégias práticas para otimizar o metabolismo e contrariar o ritmo natural do corpo?
Independentemente das alterações que sofremos, a prática regular de atividade física deve ser recorrente porque ajuda o intestino a funcionar melhor. Em termos alimentares, é essencial beber água frequentemente e ingerir vegetais e fruta de uma forma generalizada. Sabemos que a comida processada não faz bem e que os hidratos de carbono devem ser escolhidos de acordo com o metabolismo de cada pessoa. Mas também sabemos que qualquer pessoa, ao ingerir hidratos de carbono, deve ingerir-los com um índice glicémico baixo. No entanto, depois podemos individualizar estas estratégias para equilibrar os níveis de estrogénio, para equilibrar o funcionamento da tiroide ou para quem não metaboliza bem os hidratos de carbono.

Cortar os hidratos de carbono ou aderir à moda dos batidos pode ser a solução?
Não é a solução. No caso dos batidos, estes não têm os nutrientes necessários que o organismo necessita e podem ainda acentuar determinados tipos de alterações. É muito difícil um batido ter os nutrientes adequados para que o organismo funcione bem. Precisamos de comida sólida. Por isso é que temos os dentes, para mastigar. Em relação aos hidratos de carbono, já tem a ver com a forma como cada um metaboliza esse grupo de alimentos. Há pessoas que conseguem perder peso ingerindo hidratos de carbono e há outras que não. Mas isto tudo varia se incluirmos exercício na fórmula. Se as pessoas quiserem melhorar a sua performance física precisam de ingerir alguns hidratos de carbono. Vai variar muito dependendo de cada pessoa e de cada metabolismo.

"Um metabolismo otimizado faz com que tenha mais saúde, mais capacidade imunitária para se proteger do aparecimento de doenças e, por outro lado, ajuda no controlo do peso."

É por isso que é tão importante seguir um bom plano alimentar?
Eu não acredito só num plano alimentar quando existem alterações. Acredito que é fundamental ter um bom plano alimentar mas é necessário que as pessoas saibam gerir as suas emoções e o stress. E, no meio disto tudo, que estejam suplementadas hormonalmente por um clínico se têm problemas. Às vezes é fundamental tomar vitaminas e minerais, fazer exercício físico e ter um plano alimentar que esteja adequado ao metabolismo. Por exemplo, uma pessoa que metabolize mal os hidratos de carbono é uma pessoa que vai ter dificuldade em gerir a fome. Temos de avaliar cada organismo e assim fazer a prescrição. Claro que uma pessoa que tem um plano alimentar adequado ao seu metabolismo é uma pessoa que vai ter uma pele melhor, controla melhor o seu peso, vai ter mais força para treinar, menos celulite, faz menos retenção de líquidos, tem um cabelo melhor, dorme melhor e tem um intestino a funcionar melhor. Todo o seu organismo está potenciado, mas só o plano alimentar não chega.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.