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MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Biografia. O "Integrado Marginal" José Cardoso Pires

Bruno Vieira Amaral dá a conhecer o processo de construção de um dos maiores escritores do século XX. O Observador publica um excerto da obra com edição Contraponto que chega às livrarias esta quinta.

Naquele ano, José Cardoso Pires navegava “por altos mares”, hipotecava a carreira fora de terra, via a relação afundar, mas “vira mais mundo em três meses do que no resto da vida”, balanço auspicioso para qualquer futuro marujo das letras. Voltava outro para um país que também aparentava querer nadar sem boia, sempre menos inquieto e deambulante, no entanto, que aquele que por fim ficaria ancorado na galeria dos maiores do século XX — e ainda assim tantas vezes datado e a léguas submarinas da projeção internacional de outros vultos nacionais.

É ao longo de 600 páginas que Bruno Vieira Amaral tece o processo de fabrico do escritor e do homem, o mesmo que em 1945 se alistou na Marinha Mercante, ainda longe de desembarcar no seu porto maior. Um “Integrado Marginal” tão livre e insubmisso como imerso em angústias, movido a antagonismos e fiel à exigência obsessiva de um artífice empenhado na dignificação do ofício.

A obra tem o preço de 20, 90 euros

A edição, com a chancela da Contraponto, que em janeiro de 2019 anunciou o início da publicação de uma coleção de Biografias de Grandes Figuras da Cultura Portuguesa Contemporânea, chega às livrarias esta quinta-feira.

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Colaborador da Rádio Observador, Bruno Vieira Amaral estreou-se no romance com “As Primeiras Coisas” (Quetzal, 2013), distinguido com o Prémio PEN Clube Narrativa, Prémio Literário Fernando Namora, Prémio Time Out e Prémio Literário José Saramago, em 2015. Em maio de 2021, o volume “Uma ida ao Motel e outras histórias” granjeou a unanimidade do júri no Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.

POR ALTOS MARES

No artigo dedicado a Pierre Loti, Cardoso Pires escrevera que, enquanto marinheiro, aquele pudera «conhecer o mundo que ele ardentemente desejava percorrer e observar». Com o mesmo propósito do seu antigo ídolo, e com a facilidade de o pai ser oficial da Marinha, também se quis entregar à «espinhosa missão de sulcar oceanos», numa altura em que a guerra terminara na Europa e prosseguia no Pacífico. O Japão, uma das potências do Eixo, ainda não se rendera.

A 27 de junho, Cardoso Pires registou‐se na capitania do Porto de Lisboa, inscrito como praticante de piloto sem curso, uma categoria recentemente criada e que dispensava os aprendizes de piloto de fazerem um curso prévio, com a Cédula Marítima n.o 42 576. Luiz Pacheco ainda terá querido acompanhar o amigo, mas, como não sabia nadar, ficou em terra.

Um mês depois, a 28 de julho, Cardoso Pires, que chegara a praticar natação no Sporting, na Doca de Alcântara, embarcou no Sofala, cargueiro que levava tropas para Timor, então ocupada pelos japoneses, com escalas previstas em diversos portos africanos. No cais, os pais e os irmãos e o amigo Pacheco acenaram‐lhe adeuses e viram‐no afastar‐se na sua «garbosa e alva farda».

O Sofala era o maior cargueiro da frota da marinha mercante portuguesa. No início da guerra, era um cargueiro alemão, pertencente ao armador Bremen Norddeutscher Lloyd, que se refugiou, por ordens do Governo de Berlim, no porto de Lourenço Marques. Em 1943, depois de apresado pelas autoridades portuguesas, foi adquirido pela Companhia Nacional de Navegação, que lhe deu o novo nome. A operar na rota das colónias, era um navio de tal porte que ganhou a alcunha, entre os marinheiros e pessoal dos portos, de «rapa‐cais».

Partiu de Lisboa bem carregado: além dos seiscentos militares, levava dois mil e quinhentos sacos de encomendas postais, quinhentas e cinquenta toneladas de conservas com destino a Durban, três caixas de cento e cinquenta quilos cada com sementes, cinquenta fardos com cobertores, sessenta e três volumes de duas toneladas e meia com conservas e, a pedido da Delegação Colonial de Importações e Compras, oitocentas toneladas de cimento com destino a São Tomé, Luanda, Lobito, Moçâmedes, Porto Amboim, Novo Redondo e Cabinda. Para a viagem, que entre ida e volta deveria durar noventa dias, levava mil novecentos e oitenta quilos de bacalhau para a tripulação, constituída por oitenta e sete homens, dos quais dois telegrafistas (uma exigência em tempo de guerra para todos os navios que se dirigissem a portos do Índico ou do Pacífico), e para os quinze passageiros de primeira classe a bordo do navio.

"Após escalas em São Tomé e Luanda, o Sofala acostou no Lobito em meados de agosto. A viagem, que até aí decorrera sem sobressaltos, sofreu uma mudança, pelo menos aos olhos do ingénuo Cardoso Pires, que este nunca mais esqueceria. A paragem servia para descarregar mercadoria e para os marinheiros se aliviarem da tensão acumulada em várias semanas de alto‐mar com meninas negras de 13 e 14 anos, num ritual que tinha tanto de surreal, com uma cerimónia inventada que simulava casamentos entre os homens e as raparigas, como de repugnante."

Quase tão imponente como o navio, e muito mais romanesco, era o seu capitão, Gustavo Peixe, o tal que em 1917 tinha sobrevivido ao naufrágio de um bacalhoeiro torpedeado pelos alemães ao largo de Aveiro. Peixe, natural de Ílhavo, comandante experimentado, tinha durante anos capitaneado barcos na pesca do bacalhau. Aos 55 anos, tendo cruzado mares revoltos em tempos de guerra, o mar não lhe metia medo nem tinha segredos. Cardoso Pires, com os seus inexperientes 19 anos, nunca vira nada como aquele «leão do mar, curtido pelas estações da pesca do bacalhau na Gronelândia e na Terra Nova», «um autêntico personagem do Moby Dick», de «uma enorme ternura escondida num corpo brutal!».

De navegação, Cardoso Pires nada sabia. Quando muito, aprenderia alguma coisa naquela viagem inaugural, acompanhando o segundo‐piloto na ponte de comando de binóculos em punho a varrer o Atlântico à procura de minas flutuantes ou de submarinos inimigos que, felizmente, nunca apareceram. Afastado do que dizia ser os jogos dos interesses de bordo e das relações já estabelecidas entre os restantes membros da tripulação, sobrava‐lhe tempo para a leitura.

Refugiava‐se no camarote e passava o tempo a ler, sobretudo livros de bolso em inglês de autores como Erskine Caldwell ou Damon Runyon. Mesmo com os seus conhecimentos de inglês, tinha dificuldade em perceber os coloquialismos e a gíria de Runyon, escritor muito popular na imprensa nova‐iorquina da época, com os seus contos sobre os marginais e os fura‐vidas de Brooklyn. Como um aprendiz em exercícios de fortalecimento muscular, o praticante de piloto sem curso aprendia mais sobre literatura do que sobre navegação marítima.

Após escalas em São Tomé e Luanda, o Sofala acostou no Lobito em meados de agosto. A viagem, que até aí decorrera sem sobressaltos, sofreu uma mudança, pelo menos aos olhos do ingénuo Cardoso Pires, que este nunca mais esqueceria. A paragem servia para descarregar mercadoria e para os marinheiros se aliviarem da tensão acumulada em várias semanas de alto‐mar com meninas negras de 13 e 14 anos, num ritual que tinha tanto de surreal, com uma cerimónia inventada que simulava casamentos entre os homens e as raparigas, como de repugnante.

Cardoso Pires, ainda o catequista da Perseverança e rapaz que só conhecia as delícias do amor consentido, assistiu a tudo com perplexidade. Logo à chegada, os homens tinham à sua espera, na escada do portaló, uma mulher negra, chamada Catrina, de cachimbo na boca, com a missão de organizar o negócio. Alguns membros da tripulação entraram em táxis que os levaram para umas cubatas nos arredores do Lobito para celebrarem os ditos casamentos com nomes falsos, pagando uma determinada quantia em jeito de dote que lhes dava o direito de desflorar as meninas, «tirar‐lhes o cabaço». Cardoso Pires ficou no navio, mas à noite, quando os colegas regressaram, ficou a saber de todos os pormenores pela boca dos oficiais: «De galões e diploma da Escola Náutica, contavam o assalto às virgens com uma ironia selvagem até ao mais íntimo detalhe.»

MANUEL MOURA / LUSA

O Sofala prosseguiu viagem até à África do Sul. Aí, em Durban, Cardoso Pires disse ter visto pela primeira vez a morte à sua frente: «Um americano e um preto inglês ou sul‐africano envolveram‐se numa rixa e eu meti‐me no meio daquilo tudo e foi a única vez na minha vida que vi uma pistola apontada para mim – felizmente, só depois é que me apercebi de que aquilo era uma pistola.»19

Da ostensiva segregação racial do regime do apartheid apercebeu‐se bem. Por todo o lado viam‐se letreiros que diziam «Europeans Only». Porém, o colonialismo português não era o cenário cor‐de‐rosa, fraternal e cristão que o Estado Novo vendia, como ele pôde testemunhar em Lourenço Marques, onde o Sofala chegou nos primeiros dias de setembro. Sentado na esplanada do mítico café Scala, no centro da cidade, Cardoso Pires observou filas de presos, acorrentados uns aos outros, a asfaltar a avenida. A vida nas colónias era uma realidade desconhecida e desinteressante para os portugueses da metrópole, a quem não era difícil vender as narrativas luso‐tropicalistas de pretensa harmonia racial e da excecionalidade do colonialismo português.

O pouco que pôde ver com os próprios olhos em Angola, em Moçambique e até em Durban deu‐lhe uma ideia da dimensão da sua ignorância, de como o mundo em que até aí tinha vivido, enquanto filho da pequena burguesia, era uma redoma de privilégios dos quais não tinha noção completa. Para quem detestava a província e se considerava urbano e cosmopolita, descobrir o mundo que existia para lá da Almirante Reis, do circuito de cinemas e cafés da capital foi um choque.

A 20 de setembro, o Sofala partiu para deixar as tropas em Timor e abastecer de carvão o paquete Angola, fundeado no porto de Díli. Após o lançamento das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui a 6 e 9 de agosto, o Japão rendera‐se finalmente e, no início de setembro, o comandante das forças militares japonesas que ocupavam Timor entregou as armas ao governador português.

Os militares portugueses que seguiam a bordo do Sofala iriam retomar o território, mas devido às condições climatéricas tiveram de ir em baleeiras enquanto o navio permanecia no porto exterior da capital timorense. A 15 de outubro, o comandante Gustavo Peixe desesperava por indicações da Marinha portu‐ guesa, como dizia numa comunicação enviada à empresa pro‐ prietária do navio, a Companhia Nacional de Navegação: «Conto estar aqui nada menos de sessenta dias pois não há embarcações para levar a carga nem reboques para puxar as embarcações.» Nesta altura, já o praticante de piloto sem curso, o jovem José Augusto Neves Cardoso Pires, estava a caminho de Lisboa, no paquete Niassa.

A cada paragem, a experiência de vida de Cardoso Pires multiplicava‐se e a sua ingenuidade era confrontada com a dureza de um mundo desconhecido. A vida a bordo ficara aquém das suas expetativas, os rituais dos marinheiros enojavam‐no, nunca se integrou. Começou a questionar‐se sobre o que era aquilo de levar tropas para Timor e, por essa razão, ou por desejo de aventura, não hesitou quando, ao fim de duas noites em Lourenço Marques, um experimentado marinheiro de Cabo Verde embarcado num cargueiro norte‐americano o desafiou, enquanto bebiam cervejas no «sórdido» bar Penguin, da Rua Araújo, a desertar e acompanhá‐lo.

Cardoso Pires esqueceu‐se do nome do marinheiro, mas não da forte impressão que este lhe causou, como se aquele homem e as suas palavras estivessem envoltos num «halo de aventura e de imaginação»: «Pequeno e calvo, para começar; e coxo por ter naufragado na malfadada rota de Murmansk, entre gelos e minas alemãs. Falou‐me de Lisboa e pôs‐lhe tais cores, tais intimidades, que recriara uma cidade como só sabem fazer os bons narradores de muito mundo. Contou‐me as ilhas: com melancolia, com uma gentileza de frase e uma constelação de pormenores. Uma opulência que – penso eu – devia ter herdado dos avós genoveses, homens, como ele, de largas viagens e que foram dos primeiros povoadores de Cabo Verde.»20

O marinheiro cabo‐verdiano estava embarcado no SS Loammi Baldwin, um dos mais de dois mil cargueiros Liberty construídos no esforço de guerra pelos EUA, que seguiria para Carachi, no Paquistão. Já com Cardoso Pires a bordo, o navio zarpou do porto de Lourenço Marques ainda de madrugada. Contudo, não muito longe da costa, um dos tripulantes apresentou sintomas de uma doença contagiosa e o Loammi Baldwin teve de regressar ao porto. Azar dos azares, durante a vistoria ao navio, a Polícia e o médico do porto deram com Cardoso Pires no paiol da amarra onde o imediato o escondera. Na cadeia para onde foi levado, só pernoitava. Durante o dia, passeava por Lourenço Marques.

"A viagem no Niassa foi digna de comédia. Entre os passageiros estavam o célebre Octávio de Matos, ilusionista que se apresentava com o nome exótico de Ling‐Chung e que, ao fim de cinco anos de atuações nas colónias, regressava pela primeira vez à metrópole acompanhado pela mulher e pelo filho (o pequeno Octávio Matos, futuro ator), e a atriz Graziela Mendes, que viria a participar no filme Capas Negras."

Uma vez mais, precisou de uma «palavrinha» do pai para se livrar de apuros. José António Neves conhecia o chefe do Departamento Marítimo de Moçambique, Marques Esparteiro, que tinha sido seu comandante na canhoneira Pátria em Macau. Foi este quem resolveu a trapalhada e, a 13 de setembro, pôs Cardoso Pires a bordo do paquete Niassa, novamente como praticante de piloto sem curso, para que regressasse a Lisboa, de onde partira menos de dois meses antes.

A viagem no Niassa foi digna de comédia. Entre os passageiros estavam o célebre Octávio de Matos, ilusionista que se apresentava com o nome exótico de Ling‐Chung e que, ao fim de cinco anos de atuações nas colónias, regressava pela primeira vez à metrópole acompanhado pela mulher e pelo filho (o pequeno Octávio Matos, futuro ator), e a atriz Graziela Mendes, que viria a participar no filme Capas Negras. A banda sonora no paquete era da responsabilidade do quinteto de cordas dirigido pelo maestro madeirense Guilherme Wilbraham.

António Bettencourt, o comandante do paquete, não era uma figura romanesca como Gustavo Peixe. Cardoso Pires encontrava‐o em permanente estado de embriaguez junto de um imediato odioso chamado Simas. Não via a hora de chegar a Lisboa e saltar para fora do barco. Para relaxar um pouco valiam‐lhe as Hermanas Lopez, Palmira e Manola, que tinham atuado durante uma temporada no Casino Costa, situado na mesma rua do Penguin, em Lourenço Marques, e que ele já conhecia da noite lisboeta, mais precisamente do cabaré Olímpia, aos Restauradores, que, no dizer do escritor, era um pardieiro de quinta ordem, mas que, nas páginas do Diário de Lisboa, publicitava o seu «luxuoso bar» e as constantes atrações internacionais, como Gaby Ubilla – «a mais completa das artistas do Chile» –, que o visitavam.

Ora, o tal Simas, «um gajo grande de cara quadrada» com manias de machão, terá caído de amores por uma das manas e, ressentido pela proximidade entre as espanholas e Cardoso Pires, chamou‐o «à camarinha», o mesmo que dizer que lhe queria dar uma lição. Cardoso Pires lia muito, mas na hora dos apertos não atirava bonitas palavras à cara de ninguém: «Quando entrei, havia uma ventoinha com uma base de chumbo, atirei‐lhe a ventoinha e acertei‐lhe na cabeça. Fui preso. Puseram‐me umas horas no porão da amarra e depois então, mandaram‐me, como um oficial, recolher ao camarote. O camarote tinha uma porta que dava para o convés, e o Octávio de Matos […] trazia‐me maços de tabaco, e sentava‐se ali a apanhar sol e a conversar.»21 Por causa da agressão ao imediato Simas, foi definitivamente expulso da Marinha meses depois.

O Niassa atracou na gare marítima da Rocha Conde de Óbidos a 29 de outubro de 1945, uma segunda‐feira amena de outono. Com o fim da guerra, Lisboa animara‐se. No Teatro Variedades, Mirita Casimiro e Vasco Santana brilhavam na peça «Alto Lá com o Charuto!» enquanto o público do cinema esgotava as sessões do filme de Fritz Lang, Suprema Decisão, com Edward G. Robinson e Joan Bennett nos principais papéis, e rendia‐se a Leslie Howard, protagonista de O Professor Smith, a entrar na terceira semana de exibições.

Quando desembarcou, três meses depois de partir de Lisboa, José Cardoso Pires tinha a carreira na marinha mercante hipotecada, viu‐se obrigado a procurar novos meios de subsistência e estava sozinho: a namorada com quem vivera uns meses de amor louco não ficara à espera dele. Apesar das incertezas e da desilusão amorosa, a viagem valera a pena. Vira mais mundo em três meses do que no resto da vida. E ainda aproveitara para ler. Era um outro homem. E Portugal, pelo menos aparentemente, era outro país.

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