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Um foi da Jota, o outro andou lá perto, mas nunca integrou a estrutura. Curiosamente, foi a esse que os jovens do PSD aplaudiram de pé. E curiosamente esse é Pedro Santana Lopes. Sim, enquanto estrutura, a JSD ainda não revelou qual o candidato que apoia na corrida à liderança do PSD, mas se o barómetro estiver nas gargalhadas arrancadas à plateia durante a intervenção ou os aplausos no final, não há dúvidas nenhumas de que o apoio dos jovens sociais-democratas vai para Pedro Santana Lopes. Desta vez não se cruzaram, como aconteceu nas jornadas parlamentares do PSD em Braga, mas mantiveram o registo de falar à vez com a plateia. Debates, nem vê-los. Santana foi o sorriso fácil e o riso imediato, Rui Rio prometeu uma felicidade de fundo — só que essa é mais difícil de arrancar.
As diferenças são claras, e ao fim de quase um mês a percorrer o país, é difícil fugir à cassete: Santana defende o passado, o do partido e o seu próprio, e quer pôr Portugal na trajetória de crescimento da média europeia; Rui Rio tem uma estratégia estrutural, de longo prazo, que foge da política corriqueira que se “preocupa com a notícia que vai sair amanhã no jornal” e que culminará em reformas profundas das várias vertentes do Estado. Passos Coelho chamava-lhe “política da espuma dos dias” e fugia dela a sete pés. Nisso, e no discurso do rigor orçamental e das contas públicas, Rui Rio é o espelho do atual líder do partido, mas é Pedro Santana Lopes quem mais recorre ao nome de Pedro Passos Coelho para defender o seu legado, lembrando até que “o outro” candidato passou os últimos quatro anos a criticar a liderança.
Quando Santana falou no púlpito, à margem do Conselho Nacional da JSD em Coimbra, foi afetuoso: contou histórias de quando tinha a idade dos jovens que estavam na plateia, dos dias passados entre Genebra e Colónia com Durão Barroso ou do dia em que Sá Carneiro reparou nele e “não o largou mais”. Fez piadas com o “007”, gozou consigo mesmo. A plateia desanuviou. Minutos antes, “o outro” candidato, Rui Rio, tinha estado a falar perante a mesma plateia com um discurso mais estruturado daquilo que quer para o país. Falou de números, de salários, de segurança social, de finanças públicas, de défice, dívida e investimento. Santana preferiu falar da tragédia dos fogos que “nos choca a todos como seres humanos”. Rio até admitiu que ninguém “é mais feliz por a dívida baixar”, mas garantiu que “é preciso que a dívida baixe para sermos felizes“. No fim, Rio deixou um conselho aos jovens, que têm votos decisivos na mão: perguntem nas ruas, aos amigos dos militantes, no barbeiro, na escola e nos cafés, quem é que tem melhores condições para ser primeiro-ministro de Portugal. E votem nessa pessoa. Que é ele, supõe. As sondagens estão do seu lado.
Ponto por ponto, eis os argumentos usados pelos dois candidatos para convencerem os jovens da JSD a votarem neles no dia 13 de outubro.
Relação com a JSD: um foi Jota, o outro ainda hoje queria ser
A estratégia foi semelhante: aproximar da plateia contando histórias de quando estavam no lugar deles. Rui Rio fez parte da JSD, Santana Lopes nunca chegou a fazer, mas não lhe faltaram história para contar. Se pudesse tinha pertencido à jota e, se pudesse, ainda hoje seria da jota, para “ousar” e “sonhar mais alto”.
Rui Rio tem um “elo afetivo” com a JSD. Em 1982 foi eleito vice-presidente nacional da JSD e lembra que foi ali mesmo, em Coimbra, que teve a sua primeira reunião. “Faço parte da fundação da JSD do Porto”, disse na intervenção que fez na Casa da Cultura de Coimbra, e Rio tem orgulho nisso. Porque, ao contrário da visão geral que reina na sociedade, “as juventudes são fundamentais no sistema partidário”. Foram os jovens da JSD que estiveram com ele na primeira campanha eleitoral à câmara do Porto, quando toda a gente achava que ia perder, e é também por isso que Rio diz que “somos todos importantes”, os novos com a sua “vitalidade e ambição” e os velhos com o seu “conhecimento e experiência”. Piscadela lançada. O pior viria dentro de portas, no período de perguntas e respostas a que a comunicação social não pôde assistir. Rui Rio foi questionado pelo famoso jantar em Azeitão onde reuniu apoiantes, que se resumiam a barões do partido, isto é, nomes de peso (e idade). Segundo apurou o Observador, na resposta, Rio foi “um pouco frio e invasivo”, ao dizer que tinha de se aconselhar com gente experiente.
Santana Lopes não chegou a ser o “JSD puro”, mas gostava. “Peço desculpa, não fui o JSD puro, mas ainda tentei”, começou por dizer. E depois contou a história de quando concorreu contra “o Pimentinha”, Carlos Pimenta, à distrital de Lisboa da JSD, e acabou por se afastar por ter percebido que “não tinha hipótese nenhuma”. “Depois também fui estudar para Colónia, como bolseiro do governo alemão”, por isso a coisa nunca se deu. Está desculpado. Mas só porque Santana viria a dizer que “gostava de ser Jota ainda hoje”. “Para ousar, para ter o sonho de ver o nosso país ao nível dos outros da Europa”.
Quem gosta mais de Sá Carneiro?
Outro trunfo de proximidade: Sá Carneiro. O ídolo de todo o jovem social-democrata, ou de todo o social-democrata, jovem ou não. Tanto Rui Rio como Santana vieram munidos daquele trunfo. Aqui ganha Santana, que tinha na ponta da língua a história do dia em que o fundador do partido reparou nele e o “mandou vir” de Colónia…
Rui Rio puxou Sá Carneiro para falar de afetos — que é visto como o seu maior handicap face ao adversário. “Eu entrei para a política com 15 ou 16 anos por ser um seguidor apaixonado de Sá Carneiro. Para onde ele ia eu ia também. Ele fundou o PPD, por isso eu fui para o PPD”, contou. Foi daí que nasceu uma relação de “afetos” e de “emoções” com a JSD, que ainda hoje preserva, diz.
Mas aqui Santana Lopes tinha o ás de trunfo: a história do dia em que Sá Carneiro reparou nele e o chamou para ser seu assessor jurídico na revisão constitucional. “Estávamos no Cinema Roma, eu estava lá dentro a falar e o Sá Carneiro estava cá fora. Às tantas ele ouviu barulho e palmas e perguntou quem é que estava a falar. Disseram-lhe que era um miúdo da faculdade de Direito. Mandaram-me chamar. Quando lá cheguei virou-se para mim e disse: ‘a partir de hoje vai-me ajudar na revisão constitucional’. E nunca mais me largou, eu fui para Colónia e ele não preencheu o lugar de assessor jurídico até eu ter voltado”, contou. “Isto para dizer que o importante é termos a nossa atividade profissional para além da atividade política”, ou para dizer outras coisas também.
Estratégia: falar do passado
Rui Rio pouco falou do passado, preferiu fazer o desenho daquilo que pensa ser o futuro perfeito. Santana falou (muito) do passado para dizer, por um lado, que tem orgulho e não se arrepende do que fez e, por outro, para dizer que já defendia os mesmos ideais há mais tempo, não os defende agora apenas por ser candidato. É o caso da criação das secretarias de Estado descentralizadas, quando era primeiro-ministro, de que se orgulha muito e não se cansa de repetir.
Rui Rio tinha um ponto que queria sublinhar: os partidos políticos não devem trabalhar apenas para a notícia do dia seguinte; devem trabalhar para o futuro e para resolver os problemas estruturais, que não se resolvem de um dia para o outro ou de um ano para o outro. Para isso recorreu algumas vezes ao seu passado de autarca, no Porto, para dizer que muitos dos jovens que tirou dos bairros sociais em 2002, e que pôs em boas escolas, “têm hoje mais de 20 anos e não têm possibilidade de me agradecer, nem sequer sabem que fui eu que fiz aquilo“. Ou seja, a política é um meio maior para resolver os problemas estruturais do país. E não para se limitar a “gerir a conjuntura” e “antecipar a notícia de amanhã ou comentar a notícia de ontem”. “Eu se for líder do PSD vou pensar sempre no futuro e lá no futuro ninguém sabe quem fez isto ou aquilo por nós”. Passos Coelho não teria dito diferente, adivinhamos.
Santana Lopes, o 007, falou muito do passado. Começou até por explicar porque é que, na apresentação da candidatura em Santarém, disse ‘O meu nome é Pedro Santana Lopes e assumo tudo o que fiz’. “Não é por ter a mania que sou o 007 e os outros são o 000, é porque sei por que razão quero lutar pelo meu partido e pelo meu país”, explicou. E depois justificou que tudo o que dizia hoje como candidato era o mesmo que tem vindo a dizer ao longo dos anos — “não por não ter aprendido nada nestes anos, isso estamos sempre a aprender”. Mas para mostrar coerência. Tinha alguns exemplos na manga, que são os mesmos que leva para todo o lado na volta que está a fazer pelo país. É o caso da descentralização das secretarias de Estado, quando era primeiro-ministro. Pôs por exemplo a secretaria de Estado da juventude em Braga, o turismo em Faro, a agricultura na Golegã ou a educação em Aveiro. “Diziam que era capricho mas eu quis dar um sinal ao país porque aprendi, quando fui presidente da câmara da Figueira da Foz, o que é a dependência bacoca do centralismo em Lisboa”, disse. Santana está mesmo apostado em conquistar o interior, as bases, as estruturas do partido, que não estão concentradas na capital. Outro exemplo: “Quando era líder parlamentar, em 2007, usei o agendamento potestativo para debater o combate à desertificação e toda a gente me gozou“. Ou ainda outro, este em 2004, quando era primeiro-ministro e quiseram fechar a maternidade de Chaves. “Não deixei, não deixo que se fechem serviços de saúde porque não admito que uma pessoa precise e tenha de esperar uma hora para ser socorrida”.
Consensos. Todos querem
Todos querem consensos, nenhum fala em Bloco Central. Santana diz que, consigo, não haverá discordâncias do Governo todos os dias, Rio diz que tem de haver políticas de estabilidade alargadas, ora na Segurança Social, ora na Justiça, ora na Educação.
Rui Rio quer “consensos de regime”. O exemplo que deu foi para a reforma da Segurança Social, mas pode alastrar-se a outras temáticas. “Se há problemas que um partido sozinho não consegue resolver, então tem de se juntar aos outros para o conseguir, e os louros têm de ser para o país”, disse perante a plateia de jovens sociais-democratas. O mesmo vale para a reforma do sistema judicial ou para a reforma do sistema educativo, que tem de ser estável: “não pode mudar quando muda o ministro”.
Santana Lopes só falou de consensos lá fora, aos jornalistas. E disse que se for eleito presidente do partido “não haverá discordância com o Governo todos os dias”. “Haverá concordância no que deve haver e alternativa naquilo em que ela deve ser levada a cabo”. Durante o dia, numa visita a Pampilhosa da Serra, Santana Lopes já tinha apelado ao “consenso entre todas as forças políticas” a respeito da reforma da floresta e das medidas a serem tomadas para a prevenção de incêndios, “e não combate político”.
Economia. Santana quer crescimento igual à média europeia, Rio tem a fórmula matemática para um futuro melhor
Números, números, IRC, Segurança Social, solidariedade intergeracional, défice, dívida, investimento para atrair empresas, economia real, Rui Rio foi a todas. Santana não. As visões e estratégias económicas dos dois candidatos a líder do PSD são muito diferentes. Rio é meticuloso e apresentou aos jovens uma fórmula quase matemática para virem a ter melhores empregos, melhores salários e melhor acesso à habitação. Feitas as contas, e noves fora, tudo passa por definir um modelo diferente para a economia, que será seguido se Rio for presidente do PSD e primeiro-ministro. Santana quer um crescimento económico do país em linha com a média da União Europeia, mas não diz como.
Rui Rio é o mestre das finanças públicas, e é esse trunfo que quer manter na jogada. Quem diz que Santana Lopes é o “herdeiro” do passismo, aqui parece enganar-se. Se em Braga, Rio já tinha dito que em termos de política económica faria “igual ou pior” do que Maria Luís Albuquerque, em Coimbra, perante os jovens do partido, voltou a defender o rigor das finanças públicas como “a condição essencial para a economia se resolver, e crescer”. Admitiu que não foi isso que o motivou a entrar na política, como quem diz que compreende que não seja isso que os motive a eles a fazer política, mas reforçou que sem esse rigor nas contas não haverá prosperidade no futuro. Desta vez não falou em défice zero, mas disse que “todo o défice significa impostos de amanhã.N ão há volta a dar”. E são os jovens que vão pagar. Rio sabe que este discurso é difícil de entusiasmar, por isso admitiu mesmo que baixar a dívida não traz felicidade imediata, mas traz um melhor futuro no longo prazo. “Não somos felizes com a dívida a baixar, mas precisamos que a dívida baixe para sermos felizes”, disse. O segredo, afirmou, está na melhoria da competitividade da economia, por um lado, e no reforço da classe média, por outro. É isso que resolve os problemas estruturais da economia, nomeadamente os problemas que afetam os mais jovens. Se a mudança não se fizer pela raiz, então os jovens “vão continuar a ganhar 600 ou 700 euros e ao fim de uns anos o máximo que vão conseguir levar para casa são mil euros”, disse, tentando piscar o olho à audiência.
Santana Lopes não tem uma fórmula estruturada como a do seu adversário, mas também quer aumentar a competitividade da economia e quer um “grande pacto para a produtividade”. Acima de tudo quer que Portugal não tenha um crescimento económico tão desproporcional face ao de países como a Irlanda ou Espanha. “É realista dizer que queremos crescer mais para estarmos dentro da linha de crescimento da União Europeia”, disse, mas não explicou exatamente como. Recorreu, sim, a histórias da sua juventude para explicar como também esse já é um sonho antigo. Desta vez o protagonista era Durão Barroso. “Eu estudava em Colónia, ele em Genebra, outro amigo nosso em Amesterdão, andávamos sempre de um lado para o outro e víamos como os nossos imigrantes eram tratados na altura. Com alguma presunção dizíamos uns para os outros que um dia gostávamos de ter responsabilidades políticas para acabarmos com aquela diferença de tratamento”, contou. Ei-lo.
Santana ataca Rio, Rio não ataca Santana
É visto internamente como a desvantagem de Santana Lopes, que deve ser corrigida: ataca muito Rui Rio e o contrário não acontece. Nem um nem outro disseram o nome do adversário nas intervenções que fizeram aos jovens sociais-democratas, mas Santana referiu-se a ele várias vezes. E no período de perguntas-respostas, à porta fechada, fê-lo com ainda mais vigor. Não se cruzaram na Casa da Cultura de Coimbra, Rio tinha acabado de sair quando Santana chegou (propositadamente), mas trocaram galhardetes via comunicação social. Ao que o Observador apurou, ainda não há debates marcados entre os dois, apesar dos pedidos feitos pelos canais de televisão e estações de rádio, mas a luta já promete ser fratricida. Questionado pelos jornalistas sobre o que Santana tinha dito no dia anterior, relacionado com o facto de Rio comandar um grupo “escondido de militantes que traíram o partido”, o ex-autarca do Porto não se poupou na resposta: “Quem vai muito atrás tem de criar factos para agitar as águas”.
Rui Rio não tocou no nome de Santana, nem sequer no de Passos Coelho. Disse apenas que queria que o PSD voltasse a ser um partido de centro, para que outros partidos (seja o PS ou outro que venha a surgir) não ocupem esse espaço deixado vazio. E, depois de dizer que a democracia vive uma das crises mais profundas de credibilidade das instituições, disse que o PSD tem de ser “liderante” nessas mudanças. “Pode não estar hoje em condições de o fazer, mas ainda é possível vir a estar”. Isto é, se o elegerem a ele como líder.
Já Santana Lopes fê-lo várias vezes. Primeiro, criticou quem põe o “défice zero” como topo das prioridades. “Faz-me impressão que as pessoas se apresentem a uma candidatura a falar de défice zero como objetivo principal”, disse, apesar de sublinhar que “as finanças públicas são importantíssimas, assim como o rigor e a racionalidade”. Depois, criticou quem “criticou” o trabalho de Passos Coelho nos últimos quatro anos e “agora vem dizer” que gosta de Passos Coelho porque é candidato. O nome nunca foi pronunciado mas o tom continuou já depois de as portas estarem fechadas, durante o espaço de perguntas e respostas da plateia. Segundo apurou o Observador, Santana referiu-se “três vezes” ao encontro das esquerdas que houve na Aula Magna em 2013, e no qual participou Pacheco Pereira, apoiante de Rui Rio. À primeira referência a plateia aplaudiu, à segunda e à terceira a ideia já tinha sido percebida.
Sondagens. Rio gaba-se de ser o preferido lá fora, Santana diz que só vai lá fora quem não ganha cá dentro
É o trunfo de Rui Rio. “Nunca fui muito bom em sondagens, sou melhor nas urnas. Esta é a primeira vez em que vou na frente”, diz. Rio pede aos jovens do PSD que perguntem lá fora, aos portugueses, quem é o melhor candidato a primeiro-ministro, mas Santana Lopes diz que quem se preocupa com “lá fora” é porque não estão animados com o apoio que têm “cá dentro”. No fim, quem decide são os militantes de papel passado.
Rui Rio falou se sondagens na intervenção inicial que fez perante os jovens. Santana não. Disse que não costumava ser muito bom em sondagens, a avaliar pela primeira campanha no Porto onde era dado como derrotado e saiu vencedor, mas que desta vez ia na frente. Aos jornalistas diria depois que estava “confortável” com essa “larga vantagem”, embora a sondagem final fosse a ida às urnas no dia 13 de janeiro. O importante, disse, é voltar a pôr o PSD na fasquia dos 35, 38, 40% (face ao PS) — patamar longínquo neste momento. Ou seja, o importante é voltar a dar ao PSD um bom candidato a primeiro-ministro, e é por isso que recorre às sondagens feitas “lá fora”, que o colocam geralmente como preferido dos portugueses em comparação com Santana.
Santana Lopes não disse uma palavra de sondagens, a não ser à porta fechada, quando foi questionado pelos militantes da JSD. Mas aí desvalorizou: disse que há umas semanas uma sondagem punha Rio à sua frente por “20 ou 30 pontos” e agora a mesma empresa de sondagem distanciava-os apenas com “sete pontos”. Mais: uma sondagem recente deixava-os empatados. Essa sondagem tinha sido encomendada pela campanha de Santana, o que, em todo o caso, demonstra preocupação. Aos jornalistas viria a dizer que “os que estão animados com o apoio interno, cá dentro, não passam a vida a falar do apoio que têm lá fora”. 1-0?
E no fim, os “tais afetos”…
Neste campo é sabido que Santana Lopes leva vantagem, mas ficou comprovado em Coimbra que entre os mais novos leva mesmo larga vantagem. Rio até tentou iniciar a sua intervenção a aludir aos “tais afetos e emoções que temos dentro de nós”, para se referir ao elo afetivo que tem com a JSD. “Todos tempo e eu também tenho, estou afetivamente ligado à JSD”, disse. Mas entrou e saiu sem grande alarido, sem se demorar em conversas com os jovens militantes, nem eles com ele.
Com Santana Lopes aconteceu o contrário e desta vez nem precisou de falar em “afetos”. À saída demorou-se mais tempo a cumprimentar os “miúdos”, não houve selfies — pelo menos à vista — mas houve conversas. E risos, e aplausos de pé. Se não era claro quem é que a JSD apoia, claro ficou. Santana esperava ter “pelo menos um 14”, como se dizia na faculdade, mas talvez tenha tido mais. O aplaudómetro não mente. Rui Rio pode ter passado no teste, mas as tentativas de aproximação à geração dos smartphones podem não ter surtido o efeito desejado. Nem a reproduzir o discurso passista da responsabilidade Rui Rio entusiasmou. Outros tempos para o PSD?