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Cristo pode não ter descido à terra mas Marcelo está em toda a parte

Cristo não desceu à terra, mas há 100 dias que Marcelo está em Belém e em toda a parte. Semeia popularidade para colher os frutos. Santana fala em "marcelomania". Por que é que a ele tudo se permite?

Furar o protocolo deixou de ser notícia nos últimos cem dias. É uma constante na agenda frenética de Marcelo Rebelo de Sousa, que finta seguranças para ir à praia ou à bomba de gasolina, que põe François Hollande a condecorar portugueses, ou que tira selfies com o primeiro-ministro que lhe estende o guarda-chuva. Assim é Marcelo. E é assim mesmo, pelo nome próprio, que é quase sempre referido, ainda que o cargo que ocupa há precisamente 100 dias seja agora o de Presidente da República. O estilo sobrepôs-se ao cargo, ainda que seja a função que torna a figura mais sedutora para os holofotes mediáticos. No Parlamento é visível o incómodo da direita pelos “excessos” cometidos mas desvaloriza-se o “efeito Marcelo” e garante-se que a proximidade política é uma exigência para todos nos dias que correm. Certo é que na política nacional há poucos que beneficiem desta condescendência para atos públicos mais ousados. Será genuíno ou só tática política? As duas podem viver felizes para sempre, até que uma crise as separe.

Imagina Cavaco Silva a nadar de manhã na praia, fintando seguranças? Passos a cantar rap? E Cavaco a acertar os passos de dança de uma coreografia africana? E o primeiro-ministro António Costa a prestar-se a segurar um guarda-chuva enquanto alguém discursa? Bom, sim, esta última até imagina, se debaixo desse guarda-chuva estiver… Marcelo Rebelo de Sousa. “É difícil outro político adotar este tipo de imagem”, explica ao Observador o politólogo e professor de Ciência Política na Universidade de Aveiro Carlos Jalali. Porque “Marcelo já cultivou a imagem de diálogo e proximidade na televisão” e o estilo que tem agora “é consistente com a imagem e persona pública” que construiu ao longo de uma década enquanto recordista de audiências. Ou seja, não há volta a dar: as marcelices apenas a Marcelo assentam bem.

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Pedro Santana Lopes, que, antes de soarem os tiros de partida para a corrida presidencial foi apontado como um dos nomes mais prováveis para avançar, é o primeiro a reconhecer que se fosse ele no lugar de Marcelo a dançar com uma mão na cintura e outra na cabeça à frente das televisões, o gesto “não caía bem”. “Acho que não preciso de ser eu a dizer, acho que não me fica bem”, disse ao Observador o ex-líder do PSD e ex-primeiro-ministro. Santana não arrisca as razões para que haja dois pesos e duas medidas no tratamento mediático dos agentes políticos, mas reconhece que assim seja. “Em Portugal é assim”, diz, sublinhando que a boa imprensa de que Marcelo goza é o “reflexo do estado de espírito generalizado das pessoas”. E do “estado de graça” em que ainda vive, e que pode viver durante mais uns largos meses.

“Há uma marcelomania, e não digo isto no sentido depreciativo, é um facto”, continua Santana Lopes, que conhece de ginjeira o agora Presidente da República (estiveram os dois na Nova Esperança nos anos 80 contra a coligação entre PS e PSD), com quem teve divergências ao longo dos anos.

Há 100 dias a semear capital político

Primeiro plantam-se as sementes, depois colhem-se os frutos. É isso que Marcelo Rebelo de Sousa estará a fazer, à semelhança do que fez um pouco em toda a sua vida política. “Está a reunir um grande capital de popularidade que lhe permite vir a sair bem de uma eventual situação de crise”, explica o politólogo António Costa Pinto ao Observador, sublinhando a ideia de que Marcelo sabe que é a popularidade do Presidente que mais lhe legitima as decisões. Assim, quando tiver de tomar decisões mais caras, estará sempre escudado na opinião pública.

"O instrumento-chave do Presidente passa pela popularidade porque isso legitima os poderes constitucionais e não só"
Carlos Jalali

E como é que se conquista popularidade? Com proximidade. Eis a chave para o sucesso, segundo Marcelo Rebelo de Sousa. Marcelo chegou mesmo a explicá-lo aos jornalistas na visita de três dias que fez ao Alentejo no âmbito do “Portugal Próximo”: “Quando me perguntam — e a comunicação social gosta muito de perguntar isso — se não há o risco de aparecer muitas vezes, eu pergunto: como é que é possível estar próximo estando distante? Ou se está próximo ou não se está próximo”. Optou por estar próximo.

As voltas cá dentro

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Já iniciou as suas voltas pelo país, com uma visita de três dias pelo Alentejo, na iniciativa que lançou para promover a política de proximidade: “Portugal Próximo”.

Para este ano estão previstas outras duas visitas semelhantes: a Trás-os-Montes em julho, e mais tarde à Beira Interior. À Madeira vai também em julho.

O objetivo, assume, é “chegar a todas as freguesias e a todos os municípios”. Se a meta for muito ambiciosa promete “tentar estar o mais próximo possível”.

Começou logo no dia da tomada de posse, a 9 de março, quando quis ir a pé até à Assembleia da República, em Lisboa. Continuou no Porto, quando mais parecia uma estrela pop a distribuir beijos e selfies pelos fãs do que um Presidente a fazer o take 2 da sua tomada de posse. E isto foi só nos primeiros dois dias em Belém. Continuou por aí fora, no mesmo ritmo até hoje: onde quer que passe, para desespero do corpo de segurança que o acompanha, pára para falar demoradamente às pessoas, pronuncia-se sobre todos os temas da atualidade e envolve-se nos episódios mais caricatos. Aplaude, canta, dança, só não se atira ao Tejo porque já não precisa.

Analistas e especialistas em ciência política não veem, para já, consequências negativas nesta atitude. “À medida que o mandato for avançando pode ter de se adaptar, mas para já o seu estilo muito próprio não traz qualquer consequência negativa, ainda está na onda da recuperação da popularidade perdida”, afirma Costa Pinto, referindo-se à restauração da popularidade da Presidência da República, perdida no último mandato de Cavaco Silva.

Comunicou ao país uma vez

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Pode aparecer todos os dias a falar na TV mas comunicações formais ao país ainda só fez uma.

E foi tudo diferente de Cavaco: sentado, sem discurso escrito e às 17 horas. Foi desta forma a primeira comunicação ao país do Presidente Marcelo que, assim, anunciou a promulgação do Orçamento do Estado. Foi também momento para os primeiros avisos ao Governo: é preciso muito rigor na execução orçamental.

Carlos Jalali não tem dúvidas de que o objetivo inicial de Marcelo é precisamente reassumir a importância da Presidência no sistema político. E sabe que isso só se faz “reconquistando a popularidade que Cavaco não teve no segundo mandato”. “O instrumento-chave do Presidente passa pela popularidade porque isso legitima os poderes constitucionais e não só”, sublinha o politólogo.

Vasco Pulido Valente é que não concorda e avisou, recentemente em entrevista ao Observador, que a política de proximidade que Marcelo cultiva, pouco significado tem. “Ele tem a mesma espécie de relação que um cantor pop tem com o seu público. Dar beijinhos à população não é ter uma relação com o país. Que mensagem é que ele passa? Que convicção é que representa um beijinho?”

Mas para Marcelo, só esse apoio generalizado das bases lhe dará legitimidade para exercer a sua função de “Presidente de todos os portugueses”. É o que quer ser, mesmo tendo sido eleito por 52% dos votos, ou seja, sem uma “esmagadora” maioria absoluta, como nota António Costa Pinto, retirando-se a abstenção e sublinhando-se a falta de adversários de peso na corrida. Daí querer ser o Presidente-contente, o Presidente-otimista, o Presidente-conciliador, o Presidente menos político de todos, porque de política as pessoas gostam pouco.

Em todo o caso, a popularidade depende sempre da conjuntura, e isso um chefe de Estado não controla inteiramente. “Basta olhar para o primeiro ano de mandato de Cavaco Silva: em 2006 o saldo médio positivo era de 53%, mas tem uma queda muito substancial no segundo mandato porque também é condicionado pelo efeito resgate”, diz Carlos Jalali. A verdade é que a própria conjuntura em que Marcelo é eleito não era propícia à eleição de um Presidente da direita, a mesma área política de onde vinha o último PR e, sobretudo, o último Governo que governou no auge da austeridade.

É por estas e por outras razões que Marcelo tem de “cultivar a popularidade”. Para lhe dar “capital político” para “negociar situações mais complexas que possam surgir ao longo do tempo”, conclui o politólogo Carlos Jalali. Resta saber se não estará a semear ventos para colher tempestades.

E o excesso de insólitos tem ainda outro risco, assinalado por Vasco Pulido Valente. Sem meios-termos, o colunista atira: “O Marcelo é um desequilibrista. Está sempre quase a cair. É como no circo. Isto parece engraçado, mas tem um efeito muito grave“. Qual? “Acaba com a seriedade na política. Ele transformou a política num espetáculo”.

De hiperativo a omnipresente. Ou a “emotivização” da política

Lembra-se da famosa jura de Marcelo Rebelo de Sousa de que não avançava para a liderança do PSD? “Nem que Cristo desça à terra…” Cristo não desceu, mas Marcelo acabou por avançar para a liderança do partido nesse ano de 1996. Mas vinte anos depois parece que ficou com um dom divino: a omnipresença. As contas são simples: em 100 dias em Belém, teve uma média de 2,5 iniciativas por dia; só descansou dez dias e só poupou a voz em 18. De resto, esteve sempre lá, nas televisões, a dizer ou a fazer coisas. Mesmo que fosse para dizer que não dizia nada, como foi o caso da polémica dos contratos de associação em que Marcelo esteve toda a semana a dizer que comentaria o assunto “mas só depois de falar com o primeiro-ministro” — encontro que acontece todas as quintas-feiras.

10

Em 100 dias de Presidência, Marcelo teve apenas 10 dias de descanso. Por incrível que pareça, só nos dias 19, 20, 25 e 27 de março, pela altura da Páscoa, é que não participou em qualquer evento ou audiência; assim como nos dias 3, 16, 24 e 30 de abril, e 7 e 28 de maio teve folga.

E entre este corrupio presidencial, Marcelo não perde os velhos hábitos de comentador, como aquele episódio em Estrasburgo, durante uma visita ao Parlamento Europeu, quando foi Marcelo quem deixou escapar à frente dos jornalistas que a então eurodeputada socialista Elisa Ferreira iria para um cargo de topo no Banco de Portugal. Era Marcelo, comentador e jornalista, a dar notícias como nos velhos tempos. Ou quando, falando em si na terceira pessoa, disse enigmaticamente que “o Presidente da República não iria dar um passo para provocar instabilidade até às autárquicas”. “Depois das autárquicas, veremos”. Marcelo, comentador, a comentar Marcelo, Presidente?

A necessidade de estar em toda a parte faz com que a imagem que se começa agora a construir do Presidente da República seja a de alguém que “paira lá em cima”, a distribuir jogo e a “pregar à paz e ao amor” apelando à estabilidade e ao entendimento entre os partidos nas matérias de fundo. É assim que descreve ao Observador o deputado social-democrata Pedro Pinto, vice de Passos na anterior liderança e contemporâneo de Marcelo nos tempos do partido. É que esta elevação face aos partidos é também uma estratégia de aproximação à população e de recolha de popularidade. É que o discurso dos consensos é muito fácil de propagar, na medida em que o cidadão comum não compreende o porquê de os partidos teimarem em não se entender em nome do interesse nacional.

250

100 dias, mais de 250 iniciativas de agenda, entre visitas, encontros e audiências. Feitas as contas, a média de iniciativas diárias foi superior a 2,5.

 

“A seguir a Ramalho Eanes, Marcelo foi o Presidente eleito com maior capital político autónomo e isso também é um trunfo para o manter acima dos partidos”, reforça o politólogo Costa Pinto ao Observador. Ou seja, a estratégia começou desde logo na campanha, quando o ex-líder do PSD, que não morre de amores por Pedro Passos Coelho, optou por não ter o envolvimento das máquinas partidárias, apesar de ter o apoio formal do PSD e do CDS. Assim não deve nada a ninguém nem aparece colado a ninguém. Fica acima dos políticos.

18

Em 100 dias, Marcelo só não falou publicamente em 18. Isto aconteceu não só nos dez dias em que não teve agenda oficial como também nos dias em que a agenda se limitava a reuniões ou audiências em Belém, isto é, sem declarações públicas.

A única vez em que esteve num evento público e não prestou declarações foi a 8 de maio, acabado de chegar de Moçambique, quando participou na Procissão de Nossa Senhora da Saúde, em Lisboa. Não falou, mas apareceu.

Em 100 dias não se pode dizer que Marcelo já esteja a mudar a instituição Presidência da República, mas percebe-se que tenciona deixar a sua marca de inovação. Por isso, fura constantemente o protocolo e contorna algumas regras. Na verdade, um chefe de Estado que que faz tudo, desde que dentro do democraticamente aceite e constitucionalmente declarado.

No Parlamento, enquanto o PS goza o prato e vê na presidência de Marcelo uma “reconciliação do país com o cargo de Presidente da República”, como resumiu ao Observador o deputado e porta-voz João Galamba, no PSD prefere-se relativizar o “efeito Marcelo”. Miguel Morgado, deputado e ex-assessor de Passos, prefere chamar-lhe “emotivização” da política, um fenómeno mais vasto que se tem propagado ao nível das democracias ocidentais, e que advém da crise de representatividade que a política tem vindo a sofrer. “Se os cidadãos se sentem distanciados da classe política, o que os políticos procuram fazer é pôr-se ao lado deles, e não acima, e falar a mesma língua”. “A campanha dos afetos é isto, mas não é da exclusividade de Marcelo”, diz.

Um Conselho de Estado inovador

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Um mês depois de eleito convocou pela primeira vez o Conselho de Estado para debater o Programa Nacional de Reformas e o Programa de Estabilidade, que o Governo tinha de entregar esse mês em Bruxelas. Inovou ao convidar para participar na reunião do órgão consultivo o Presidente do Banco Central Europeu Mario Draghi, que veio fazer uma exposição sobre a situação económica e financeira europeia.

PR da direita que incomoda a direita

Pedro Passos Coelho ri-se quando se fala do aparente romance vivido no último fim de semana em Paris entre Marcelo e António Costa, a propósito das celebrações conjuntas do 10 de junho. A imagem do chapéu-de-chuva da companhia de seguros “Fidelidade” que Costa segurou para o Presidente não apanhar chuva ainda está fresca na memória. Mas não se descose sobre os pensamentos que lhe vieram à cabeça. Só a mulher saberá o que o ex-primeiro-ministro disse quando, sentado no sofá da sala, viu as imagens do chapéu-de-chuva passarem na televisão.

O chapéu depressa se propagou como o símbolo perfeito da relação entre ambos, Presidente e primeiro-ministro, que estão formalmente em coabitação por provirem de áreas políticas diferentes. Entre os socialistas diz-se que a cena tanto pode ser lida como sendo Costa a servir Marcelo ou como sendo Marcelo a “precisar de Costa para não se molhar” — preferindo esta opção. Certo é que a convergência tem sido notória e sublinhada para inglês — e português — ver.

À direita, o desconforto existe e não é fácil de esconder. No Parlamento, a ala direita foge a sete pés ao tema ‘Marcelo’. Que se fale antes de futebol, da Seleção Nacional de futebol ou do tempo que faz lá fora, para não se ser obrigado a mentir. Ou a não dizer a verdade toda. “Excessivo”, comenta-se. “Desnecessário”. Mas, entre os políticos mais experientes, há quem não se deixe surpreender pelo alarido do show de Marcelo ou pelas chamadas “marcelices” e faça outras leituras mais latas.

As 7 voltas lá fora

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Nestes 100 dias de Presidência, Marcelo já fez sete visitas ao estrangeiro, a mais longa foi a visita de Estado a Moçambique, no início de maio. A primeira de todas foi ao Vaticano, para uma audiência com o Papa Francisco, em que no regresso parou em Madrid, Espanha. Também foi a Estrasburgo, ao Parlamento Europeu, a Itália, Alemanha e agora, a 10 de junho, a Paris, para passar o dia de Portugal entre a comunidade portuguesa.

Pedro Pinto prefere apontar para a “normalidade” de, em início de mandato, se viver em lua-de-mel. Quanto ao estilo, “só quem não conhece [Marcelo] é que se surpreende”. Para os sociais-democratas, que se beliscam por verem um ex-líder tão próximo do atual primeiro-ministro socialista, na verdade as “marcelices” não passam de “entretenimento” para “alimentar a espuma dos dias”. Porque “a política vive de tempos muito próprios” e o que importa, defende Pedro Pinto, é a corrida de fundo e, aí, até pode haver vantagens na aproximação entre ambas as instituições: “Este é o tempo do Governo governar; é o Governo, juntamente com os partidos que o apoiam, que é responsável pela governação e o facto de o Presidente dar corpo a essa governação faz com que não sobre ao PS, PCP ou BE nenhuma escapatória possível”, diz. Terão mesmo de ser responsabilizados pela governação.

“No dia em que um deles quiser saltar fora não vai ser este Presidente da República a dar-lhes esse pretexto”, concretiza Pedro Pinto.

O caso da promulgação da lei das 35 horas, para o deputado Miguel Morgado, é paradigmático: “Só promulgou para não criar problemas entre a esquerda, numa fase em que se mete o verão e depois entra logo a preparação do Orçamento do Estado de 2017”. Caso contrário, Marcelo não teria tido necessidade de levantar dúvidas constitucionais nos avisos que fez. Bastava ter feito um puxão de orelhas público, pedindo contenção na despesa. Mas o que fez foi mais do que isso, foi levantar dúvidas muito precisas sobre a eventual inconstitucionalidade da lei. “Uma crise política nesta fase não convém a ninguém”, diz.

O especialista em ciência política António Costa Pinto avança outra justificação para a grande convergência entre Costa e Marcelo. É que a clivagem maior a que se assiste na conjuntura atual não é entre a esquerda e a direita mas sim entre o país e a União Europeia. “Isto faz com que haja um sentido maior de defesa do interesse nacional que alinha mais facilmente o Presidente e o primeiro-ministro. Mas quando a clivagem maioritária na política nacional passar a ser entre a esquerda e a direita, então aí voltamos a falar”, diz. Que é como quem diz, se os holofotes se virarem novamente para o grande fosso entre a esquerda e a direita e Marcelo for obrigado de alguma forma a escolher lados, então aí a conversa será diferente.

O primeiro e único veto (até agora)

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Apenas cinco dias separaram o primeiro veto presidencial de Marcelo da estreia de Cavaco no uso deste poder. O anterior chefe de Estado foi mais rápido, vetou a lei da paridade a 2 de junho de 2006. Marcelo vetou a lei das barrigas de aluguer a dia 7 deste mês.

No dia em que Marcelo considerou ter dúvidas suficientes para vetar este diploma, promulgou as 35 horas com uma condição: se aumentar a despesa pública, envia decreto para fiscalização sucessiva do Tribunal Constitucional.

Passados os primeiros 100 dias de Rebelo de Sousa em Belém, para trás ficaram os tempos da mera magistratura de influência. Agora a Presidência vestiu uma nova pele. E se 100 dias em 10 anos (o tempo que corresponde a dois mandatos presidenciais que todos os Presidentes acabaram por cumprir) pode parecer muito pouco para se assumir que Marcelo Rebelo de Sousa vai manter o mesmo estilo interventivo e de proximidade até ao fim, há quem lembre que o ex-líder do PSD “gosta muito de surpreender” e ainda há espaço para reviravoltas. O deputado Pedro Pinto, por exemplo, acredita numa mudança de registo, ao estilo camaleónico. “[Marcelo] tem um faro muito apurado para se antecipar, e isso faz com que consiga mudar rapidamente para se adaptar às diferentes realidades”.

Que Marcelo conhecerá o país num cenário de crise política continua a ser a pergunta para um milhão de euros.

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