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Do fugitivo mais procurado do Algarve a um argentino que raptou o filho de um ministro. Quem são os cinco reclusos que fugiram da prisão

Um procurado na Argentina, um dos fugitivos mais perigosos do Algarve, um georgiano misterioso, um inglês que já tinha fugido da prisão e um líder do gangue. Estes são os 5 reclusos a monte.

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Fernando Ferreira, Rodolf Lohrmann, Mark Roscaleer, Shergili Farjiani e Fábio Loureiro. Estes são os cinco homens que conseguiram fugir este sábado do estabelecimento prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no município da Azambuja, que dispõe um nível de segurança alto. São considerados reclusos perigosos — e dois deles estão condenados à pena máxima em Portugal, de 25 anos — e com uma vida intrinsecamente ligada ao crime.

Rodolf Lohrmann. “El Ruso” raptou o filho de um ex-ministro na Argentina

Com 59 anos, Rodolf Lohrmann foi condenado a 18 anos e 10 meses pelos crimes de associação criminosa, furto, roubo, falsas declarações e branqueamento de capitais. Foi detido em 2016, mas apresentou uma identidade falsa inicialmente à Polícia Judiciária: tinha um passaporte com o nome José Luis Guevera Martinez e alegava ser da Guatemala. Mais tarde, as autoridades descobriram que tinha nacionalidade argentina e que tinha adotado uma identidade falsa — era, afinal, um dos criminosos mais procurados no seu país natal e já andava foragido há 14 anos.

Naquela altura, uma fonte próxima do processo comentou ao Observador que tinha saído o “jackpot” à PJ, já que nunca imaginaria que tinha detido um criminoso tão procurado. Na Argentina, em 2003, Rodolf Lohrmann obtivera um grande mediatismo, após ser acusado — juntamente com outros três homens — de sequestrar o filho de um ex-ministro da Saúde argentino, o estudante de Direito Christian Schaerer. O pai, Juan Pedro Schaerer, seria o alvo, mas “El Ruso” não conseguiu raptá-lo e exigiu um suborno de 277 mil dólares (mais de 230 mil euros) para libertar o jovem.

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Como a PJ apanhou os dois criminosos que a Argentina procurava há 14 anos

O que aconteceu com Christian Schaerer é um mistério. O ex-ministro pagou a verba, mas nunca se soube do seu paradeiro, especulando-se que o jovem terá sido assassinado na noite do sequestro. Na senda de crimes violentos, segundo noticiou a imprensa argentina, Rodolf Lohrmann liderou um gangue que também terá sequestrado e matado Cecilia Cubas, filha do ex-Presidente do Paraguai Raúl Cubas. Mas nunca foi formalmente acusado.

Durante anos, Rodolf Lohrmann manteve-se em paradeiro desconhecido, após ter sido emitido um mandado de captura internacional. Os jornais argentinos chegaram a escrever que o argentino tinha feito uma operação plástica para não ser reconhecido. Tendo em conta o passaporte apresentado às autoridades portuguesas, acredita-se que o homem tenha passado pela Guatemala. Confirmado, como escreveu o Observador em janeiro de 2018, é que, por volta de 2011, “El Ruso” foi preso na Bulgária por roubo agravado pelo uso de arma e homicídio. Naquele país europeu, também conseguiu fugir da prisão em 2014. 

Numa carta enviada ao jornal argentino Clarín desde a prisão de Monsanto — onde esteve antes de ser transferido para o Vale de Judeus — Rodolf Lohrmann, que se descreve como um “ladrão de coração e não de fome”, explica por onde andou. “Durante os primeiros tempos do pedido de captura internacional regressei várias vezes à Argentina. Estava a viver no Paraguai”, contou.

“Sendo o argentino mais procurado pela Interpol, Europol e todos os serviços secretos andei pelas cidades mais importantes do mundo e pelos aeroportos mais controlados”, afirmou Rodolf Lohrmann, acrescentando: “Desfrutei em todo o mundo, roubando por todos os lados. Passei em frente aos olhos de distintas polícias e não me encontravam”.

“Não recomendo a ninguém a vida de delinquente. Por isso é que nunca quis que os meus filhos fossem assim. Reconheço que o que faço não está bem. Mas não nego tudo o que fiz na minha vida, nem estou arrependido”.
"El Ruso" numa carta que escreveu ao jornal Clarín a partir da prisão de Monsanto, onde esteve antes de Vale de Judeus

Na Bulgária, segundo o que contou Rodolf Lohrmann na carta, fez uma fuga como uma de “filme”: “Espetacular”. Em Portugal, diz o homem de nacionalidade argentina na carta, foi detido em 2016 pelo “roubo de cinco bancos”. Sobre o estabelecimento prisional de Monsanto, por onde passou primeiro, “El Ruso” descreveu-a como uma “cadeia de máxima segurança” — a “pequena Guantánamo de Portugal”.

Na missiva, o argentino contou ainda ter sete filhos — dois rapazes e cinco mulheres. “Graças a Deus, nenhum saiu delinquente. Eu sou a única ovelha negra da família. O resto são todos saudáveis”, saudava Rodolf Lohrmann na carta ao Clarín, em que escreve: “Não recomendo a ninguém a vida de delinquente. Por isso é que nunca quis que os meus filhos fossem assim. Reconheço que o que faço não está bem. Mas não nego tudo o que fiz na minha vida, nem estou arrependido”.

Fábio Loureiro. O criminoso que liderou um gangue algarvio

Com 21 anos, já liderava um gangue. Algarvio, Fábio Loureiro, também conhecido por Fábio Cigano, estava a cumprir pena pelos crimes de tráfico de menor quantidade, associação criminosa, extorsão, branqueamento de capitais, injúria, furto qualificado, resistência e coação sobre funcionário e condução sem habilitação legal. Estava condenado a 25 anos de prisão e conseguiu fugir este sábado.

Foi detido em 2014. Na casa que utilizava como refúgio, segundo relata o Diário de Notícias, foram apreendidas quatro caçadeiras, duas carabinas, uma pistola e cerca de um quilo de haxixe. As autoridades já o tinham detido em 2011, mas saiu em liberdade. Três anos mais tarde, encontrava-se novamente foragido à Justiça, movimentando-se por todo o Algarve e por Espanha.

Fábio Loureiro ficou conhecido como o fugitivo mais procurado da região algarvia. Liderava um gangue desde os 21 anos e cometia crimes com contornos violentos. Por exemplo, em 2011, utilizou uma Kalashnikov para metralhar uma casa em Albufeira, no que terá sido um acerto de contas.

O passado de Fábio Loureiro é marcado pela criminalidade, principalmente pelo tráfico de droga. Ficou conhecido, como recorda a TVI, como o fugitivo mais procurado da região algarvia. Liderava um gangue desde os 21 anos e cometia crimes com contornos violentos. Por exemplo, em 2011, segundo o Correio da Manhã, utilizou uma Kalashnikov para metralhar uma casa em Albufeira, no que terá sido um acerto de contas.

Na prisão, Fábio Loureiro já foi apanhado com droga e telemóveis. Por isso, deixou de ter acesso a visitas íntimas, o que dificultou um dos seus sonhos de vida: ter um filho. De acordo com o Correio da Manhã, o algarvio fez um pedido para uma inseminação artificial. Àquele jornal, em agosto de 2023, a mulher do antigo líder de um gangue defendeu a honra do marido. E garantiu: “O Fábio quer estudar Direito, quer tirar a carta de condução, ele está diferente. Precisa é que deixem de o perseguir”.

Mark Roscaleer. O inglês que já conseguiu fugir da prisão

Natural do Reino Unido, Mark Roscaleer, de 39 anos, foi condenado a nove anos pelos crimes de sequestro e roubo. Estava detido em território nacional pelo menos desde 2019. Inicialmente esteve na prisão de Silves, no Algarve, de onde tentou fugir. Por conta disso, o inglês acabou transferido para o Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Na capital, Mark Roscaleer não desistia de tentar fugir da prisão. Como relata a imprensa britânica, o homem partiu uma janela na sua cela e espalhou óleo no corpo para tentar sair da cela. Não conseguiu escapar com sucesso. Foi depois transferido para Vale de Judeus, onde, este sábado, teve mais sucesso.

Tal como aconteceu este sábado, no passado, Mark Roscaleer já tinha obtido êxito em organizar fugas. Em outubro de 2015, preso numa cadeia de Kirkham, em Lancashire, no oeste de Inglaterra, conseguiu fugir. Oito dias depois, o inglês decidiu entregar-se novamente às autoridades. 

O homem de nacionalidade inglesa estava a cumprir sete anos de pena no Reino Unido. Juntamente com um cúmplice, de acordo com a imprensa britânica, assaltou um pub em Kirkham, no oeste de Inglaterra, e ameaçou “esmagar” o crânio do dono do estabelecimento. O assalto ainda rendeu cerca de 7.500 euros. Não é conhecido o motivo pelo qual veio para Portugal.

Fernando Ferreira. O homem que sequestrou um empresário

Natural da Lousã, Fernando Ferreira estava a cumprir pena máxima no estabelecimento prisional de Vale de Judeus. A lista de crimes era vasta: tráfico de estupefacientes, associação criminosa, furto, roubo e rapto. Era líder de um grupo violento a que se dava o nome de Mosqueteiros, de acordo com o Correio da Manhã. Este gangue (de que também fazia parte um ex-polícia) assaltava supermercados, ourivesarias e levava a cabo sequestros, muitas vezes recorrendo à violência.

Fernando Ferreira raptou um empresário em Condeixa-a-Nova. A vítima não teve acesso a água, alimentos e foi agredido e eletrocutado, revelando ao Correio da Manhã que lhe batiam "todos os dias" e apertavam-lhe "os dedos dos pés com um alicate".

Em 2010, Fernando Ferreira raptou um empresário em Condeixa-a-Nova — e manteve a vítima em cativeiro durante quatro dias, como relata o Jornal de Notícias. A vítima não teve acesso a água, alimentos e foi agredido e eletrocutado, revelando ao Correio da Manhã que lhe batiam “todos os dias” e apertavam-lhe “os dedos dos pés com um alicate”. Em troca da libertação do empresário, os agressores (o homem natural da Lousã teve ajuda de outros cinco homens) exigiram 20 milhões de euros.

Garantindo que tinha esse dinheiro na conta, a vítima convenceu os agressores a levá-lo ao banco, onde estaria o dinheiro. No local, o empresário conseguiu alertar os funcionários para a situação e acabou por ser salvo. Já Fernando Ferreira, foi detido na sequência do sequestro. Como tinha cadastro, foi-lhe aplicada a pena mais gravosa.

Shergili Farjiani. O georgiano misterioso

Com nacionalidade georgiana, Shergili Farjiani foi condenado a sete anos pela prática de crimes de furto, violência depois da subtração e falsificação de documentos. Porém, não é conhecida para já mais informação sobre o que levou este homem de 40 anos até ao estabelecimento prisional de Vale de Judeus.

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