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Dona Manuela, 80 anos, vai ao cinema todos os dias: "Só comecei aos 34 porque nunca tinha dinheiro"

Os primeiros anos de vida passou-os no hospital. Foi retirada da escola e viveu longe da família. Agora está no Cinema São Jorge todos os dias. Esta é a história de Maria Manuel da Purificação Reis.

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Maria Manuel da Purificação Reis. Ou, para simplificar, dona Manuela. No dia 4 de Abril, horas antes da abertura de mais um festival, sentamo-nos para conversar no interior da Sala Manoel de Oliveira, a sala mais emblemática do Cinema São Jorge. Eu, sentado num lugar ao calhas, ela no lugar que lhe pertence por direito próprio. O lugar da dona Manuela. É no seu sítio preferido do cinema que se sente mais confortável para desfiar uma vida que parece um filme neo-realista, como os dos melhores mestres transalpinos. “Este festival de cinema italiano é dos meus preferidos, mas gosto de todos. Gosto de filmes”. A dona Manuela é, como já se percebeu, uma das habituais das sessões no São Jorge, mas divide o seu tempo entre várias salas da capital, como por exemplo o Teatro São Luiz ou a Fundação Calouste Gulbenkian. “Venho porque as pessoas daqui são a minha família”.

La Dolce Vita, ma non troppo

Manuela nasceu há 80 anos no coração de Lisboa, como gosta de dizer. Mais precisamente, no Hospital de São José, de onde saiu directamente para o Hospital de Dona Estefânia. Numa época sem exames pré-natais, a deformação óssea dos pés de Manuela só se revelou na altura do nascimento. Condição que haveria de condená-la a passar os primeiros seis anos de vida numa cama de enfermaria. “Só tive visitas da minha mãe, o resto da família achava que eu não prestava.”

Com o passar dos anos, Manuela habituou-se a viver em função das visitas de uma mulher de rosto fechado que nunca chegou a pegar-lhe ao colo, temendo provocar algum dano na filha. E também do ruído vindo do pátio com árvores e dos corredores, por onde os outros meninos da enfermaria espalhavam a criancice. Lembro-me muito bem de um, era marreco. Vinha até ao pé da minha cama e dizia te arrenego, te arrenego, nunca hás-de sair daí. Eu ficava cheia de raiva porque ele depois fugia, gostava de ter-lhe apertado o pescoço”, diz hoje com um sorriso travesso e isento de mágoas.

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As visitas da mãe cessaram antes de Manuela completar os quatro anos. A mãe foi levada pela tuberculose, que haveria de cobrar a vida de outros elementos da família. Manuela achou-se só. Sem a presença do pai, dos avós, de tios ou primos, acabou por ser levada da Estefânia aos seis anos, quando foi necessário libertar a cama que ela ocupava desde a nascença. Foi “levantada” do hospital por um casal de idosos, conhecidos da mãe, que aceitou criá-la e matriculá-la na escola. Trocou os corredores pediátricos por uma casa na zona do miradouro de Santa Luzia, a gente chamava-lhe a zona de São Tomé, ali com vista para o rio, até ao dia em que o pai, depois de perder outros dois filhos, se decidiu finalmente a reclamá-la. Manuela tinha 9 anos e um drama por viver carregado de clichés. Madrasta incluída.

Oliver Twist, menina e moça

Completada a instrução primária, Manuela foi retirada da escola. O pai, com emprego na Marinha, seguiu os conselhos da segunda mulher e acabou com o percurso de estudos da filha. Propôs-lhe que começasse a trabalhar, assim que fez 11 anos. “O que é que queres fazer? Eu para a costura não prestava, já sabia, e por isso disse ao meu pai, gostava de ser dactilógrafa. Ele aceitou e matriculou-me num curso”.

Como aprendeu depressa a arte de martelar as teclas com todos os dedos das duas mãos, rapidamente Manuela foi posta a trabalhar no Ministério da Marinha, então liderado por Américo Tomás, futuro Presidente da República em ditadura. Mas sobre política Manuela não fala. A vida dela fala por si. “Não tinha autonomia nenhuma, não podia ir a lado nenhum, tinha de entregar o dinheiro todo do salário à minha madrasta. Todo. Recebia a dia 22 e entregava-lho todo, porque ela dizia que eu dava muita despesa”.

Nos intervalos do trabalho e da escola, Manuela recordava as visitas da mãe na Estefânia. Mulher vestida de escuro, incapaz de sorrir ou sequer de pegar-lhe. E no entanto, aos 80 anos, Manuela bate mais do que uma vez na mesma tecla. “Morreu quando eu tinha três anos, mas deixou-me um amor para sempre”.

A hipótese de voltar a estudar chegou dois ou três anos depois de começar a trabalhar. Se fizesse formação numa Escola Comercial, ficaria com habilitações equiparadas ao 5º ano do Liceu e poderia subir na carreira administrativa, argumento que convenceu o seu pai. “Comecei a estudar à noite na Calçada do Combro, mas a minha madrasta avisou-me logo que não havia dinheiro para pagar os meus livros. Por isso usava uns emprestados pela Mocidade Portuguesa. No final do ano, tinha de ir entregá-los impecáveis”.

Mais estudos haveriam de traduzir-se em mais dinheiro entregue em casa. Todo o que ganhava, mês após mês. Perto da morte, o próprio pai de Manuela haveria de admitir: fui mais teu padrasto do que pai. O que acabou por servir de fraco consolo a uma mulher que esperou muito tempo até experimentar alguma liberdade. “Aos 17 anos estive para me suicidar. Ia atirar-me da janela da casa do meu pai, um sétimo andar ali perto da Casa dos Bicos. À última da hora desisti. Pensei, espera até aos 21 anos, depois logo se vê”. E esperou, entre milhares de teclas matraqueadas e riscos na parede do tempo, à espera da maioridade.

Tudo sobre a minha mãe

Nos intervalos do trabalho e da escola, Manuela recordava as visitas da mãe na Estefânia. Mulher vestida de escuro, incapaz de sorrir ou sequer de pegar-lhe. E no entanto, aos 80 anos, Manuela bate mais do que uma vez na mesma tecla. “Morreu quando eu tinha três anos, mas deixou-me um amor para sempre”.

Antes de ser levada para casa do pai, uma parente ainda levou Manuela a Faro, em busca da avó materna. Depois de uma longa viagem de comboio, encontraram-na no centro da cidade, sentada à entrada de uma casa com a porta escancarada. A avó recusou-se a aceitar qualquer tipo de ligação com aquela criança aleijada e chegada inesperadamente de Lisboa. E que ainda por cima insistia em querer levar como recordação uma fotografia que a mulher desconfiada tinha pendurado em tempos na parede. Reconhecia-a logo, era uma foto da minha mãe. Pedi-lhe a fotografia porque não tinha nenhuma e ela mandou-nos embora, assim, com o dedo espetado. Parece que estou a vê-la”.

Fotos: Manuel Geada

Ao longo das décadas seguintes Manuela haveria de regressar muitas vezes ao Algarve, na pista de familiares e daquela fotografia em particular. A avó acabaria por morrer e o recheio da casa foi parar a parte incerta. Muito mais tarde, autónoma, ao volante do seu carro (“Eu tinha de tirar a carta, o carro é a minha liberdade; o carro e as mãos destras, já que os pés não prestam para nada), acabou por entrar em contacto com uma prima enfermeira, colocada no hospital de Faro. Foi ela que lançou uma pista decisiva. “Ela não sabia da fotografia, mas disse-me que outra prima, que vivia na serra com um resineiro, tinha levado com ela uma série de coisas da nossa avó. Só que não dá para ires lá, não há estradas nem caminhos, eu vou escrever-lhe a ver se ela sabe alguma coisa”.

No dia em que completou 21 anos, Manuela anunciou ao pai e à madrasta a decisão de sair de casa. Vais, mas não levas daqui nada, nem um lençol, nem uma colher, sequer. Por essa altura, já tinha deixado o Ministério da Marinha para trabalhar no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, lugar onde ficaria durante 42 anos, até se reformar. Fui lá muito feliz, trabalhei durante 21 anos na área da contabilidade, eu gostava dessa área, e depois o meu director propôs que eu me mudasse para o Centro de Documentação. Fiquei lá mais 21”.

21, 21, 21. Número chave para a vida de Manuela – a par do 34, idade com que entrou pela primeira vez num cinema –, mulher afoita que se lançou de cabeça em direcção à sua própria independência. “No dia em que saí de casa, saí sem nada. Tinha entregado o salário à minha madrasta há uma semana, mas resolvi o assunto”. Alugou um quarto na casa do farmacêutico que fornecia o LNEC, garantindo que pagaria duas mensalidades no dia em que recebesse o salário do mês seguinte. Os donos da casa aceitaram, tal como a porteira do prédio aceitou negociar com Manuela. “Já tinha resolvido o problema do tecto, faltava-me o da comida. Não tinha um tostão”.

Manuela propôs-se comer a crédito na casa da porteira, acertando contas no dia de pagamento. Mostrou o recibo de ordenado para provar que tinha emprego certo e o trato ficou fechado. “Mostrei, para ela não pensar que eu era alguma galdéria. A partir daí, comia sempre lá. Era uma maneira da porteira também fazer um dinheiro extra. Quando contei no emprego, houve mais gente que começou a querer a mesma coisa, e ela começou a cozinhar para mais. Chegámos a ser dezasseis. Comíamos por turnos, seis de cada vez”, relembra divertida.

Boa parte dos amigos de Manuela, da dona Manuela, como é conhecida no São Jorge, trabalham no cinema. “Este aqui que me está a tirar as fotografias, o Manuel, gosto tanto dele. Dá-me muitos abraços [...] As fotografias são importantes para mim, quer ver?"

Foi no gabinete que ocupava no LNEC que Manuela recebeu uma encomenda. A prima enfermeira tinha de facto entrado em contacto com a mulher do resineiro. E a filha destes lembrava-se de ter visto “fafías” “parece que a miúda dizia ‘fafías’, não conseguia dizer ‘fotografias’” guardadas num baú. O portador da encomenda entregou-lhe o pacote, mas recusou qualquer tipo de pagamento. A sua prima diz que isto é importante para si. Mais de 30 anos depois de a ter visto pela última vez, Manuela tinha o rosto emoldurado da mãe à sua frente. “Era a fotografia que a minha avó tinha na parede. Consegui encontrá-la tanto tempo depois”.

Hoje em dia está pendurada na casa que Manuela tem perto de Portimão. “Tive de fazer lá uma casinha, para provar que também conseguia ter uma casa no Algarve. Tudo pago por mim. Porque fiz duas promessas quando saí de casa do meu pai. Que ia ser sempre independente. E que nunca mais ninguém me ia tratar mal”.

Blow Up ou da importância da Instanta

As promessas de Manuela acabaram por conduzi-la a uma vida sem ninguém ao lado. Conheceu muitas pessoas, namorou com alguns rapazes, teve um caso sério. Só que decidiu nunca casar. “Não casei por medo. Agora sei que foi por isso. Tinha medo de sofrer, de que me tratassem mal. Eu não sei o que é a solidão, tenho muitos amigos, mas as pessoas de idade não devem estar sós”.

Boa parte dos amigos de Manuela, da dona Manuela, como é conhecida no São Jorge, trabalham no cinema. “Este aqui que me está a tirar as fotografias, o Manuel, gosto tanto dele. Dá-me muitos abraços”. O fotógrafo arrisca um agradecimento embaraçado e prosseguimos. “As fotografias são importantes para mim, quer ver?”. Manuela traz consigo uma série de imagens que importa decifrar e explorar. Instantâneos feitos à medida da sua vontade e das memórias que quer preservar. Ou mesmo construir. “Há uns anos entrei numa loja que é a Instanta e disse quero tirar uma fotografia com uma pessoa que já morreu. O homem ficou a olhar para mim como se eu fosse maluca e disse ah, já morreu… e onde é que ela está?” Manuela estendeu-lhe a fotografia da mãe. “Está aqui. Quero que me ponha na fotografia com ela”.

Militantemente autónoma, compensa as dificuldades de locomoção movendo-se de carro por Lisboa. “Aqui na Avenida só há aquele lugar de deficiente, por isso tenho de chegar sempre cedo”, revela entre risos.

Foi graças a uma montagem feita já depois dos seus 70 anos que Manuela se juntou à mãe pela primeira vez numa imagem que poderá durar outros tantos. A mãe jovem, ainda, Manuela tornada uma mulher da terceira idade, as duas juntas contrariando as leis da vida e da morte. O destino e as suas circunstâncias. “Inverti o tempo, parece que eu é que sou a mãe, estou velha na fotografia, e ela está nova. E vamos ficar sempre juntas”. E os pedidos insólitos de Manuela não se ficaram por aqui. Haveria de voltar à loja para pedir que se fizesse uma montagem na qual surgem uma Manuela criança e uma Manuela velha. “Como a minha mãe nunca me pegou ao colo, pedi ao senhor que me juntasse a mim própria. Esta sou eu com três anos, foi a minha mãe que me mandou tirar um retrato no hospital… e estou ao meu colo, assim velha, com 77 anos”. É uma imagem de Manuela a cuidar de si própria, como quase sempre. “Tenho aqui mais uma. Eu a posar com a Morte. Ela que venha, agora, mas devagar. Estou à espera, havemos de dançar uma com a outra. Por isso ficámos juntas nesta fotografia”.

Em mais um instantâneo efabulado, Manuela abraça um esqueleto (um daqueles de sala de sala de aula, recortado de uma revista) com um sorriso e as mãos fortes. “Eu não posso dançar, eu sei, mas posso abraçá-la. Só não preciso de ir já, o cangalheiro tem tempo para me vender o caixote”.

Cinema Paraíso

Manuela é a espectadora mais fiel do São Jorge. “Comecei a vir aqui e comecei a conhecer pessoas, isso foi o mais importante”. Marca presença em todos os festivais e não falha uma sessão de abertura. “Só fui pela primeira vez ver um filme aos 34 anos porque nunca tinha dinheiro. Mas é a melhor coisa que há, ver filmes, espectáculos. O cinema é vida. É uma maneira de correr o mundo, de viajar, de ver poesia”.

Militantemente autónoma, compensa as dificuldades de locomoção movendo-se de carro por Lisboa. “Aqui na Avenida só há aquele lugar de deficiente, por isso tenho de chegar sempre cedo”, revela entre risos. No dia da nossa conversa assistirá ao filme “Sicilian Ghost Story” e entretanto já perdeu a conta ao número de fitas assistidas. Recuperou seguramente o tempo perdido, entre festivais, sessões especiais, ante-estreias. Vê de tudo, do cinema de animação às narrativas mais experimentais vindas de territórios longínquos. “Gosto mais de uns do que de outros, claro”.

“Fiquei muito feliz, tenho tudo o que preciso. Venho aqui, vejo os filmes, dão-me abraços e beijinhos. Vir aqui, ir ao São Luiz, à Gulbenkian… a cultura tem-me compensado pela vida que eu tive. Sou uma felizarda”.

O último aniversário de Manuela, o octagésimo, foi assinalado em plena Sala Manoel de Oliveira. Ela foi apanhada de surpresa, já que a festa-relâmpago aconteceu imediatamente antes do início de uma sessão. A equipa do cinema cantou-lhe os parabéns e ofereceu-lhe uma T-shirt do staff, que Manuela exibe orgulhosa. “Fiquei muito feliz, tenho tudo o que preciso. Venho aqui, vejo os filmes, dão-me abraços e beijinhos. Vir aqui, ir ao São Luiz, à Gulbenkian… a cultura tem-me compensado pela vida que eu tive. Sou uma felizarda”.

No final da sessão, Manuela haverá de seguir para casa, lugar onde convive com as suas memórias mais ou menos fabricadas, com os seus recortes, com os poemas ingénuos que dedica ao seus pés incapazes, às mãos que lhe permitiram ganhar o sustento, “valorizo-as muito”, e à mãe que espera reencontrar do lado de lá da morte. “Tenho a certeza de que vamos estar juntas. A certeza absoluta. E se a minha vida fosse um filme chamava-se ‘Uma Vida Bem Vivida’”. A casa de Lisboa onde não há televisão, não há internet, não há outra família sem ser aquela que pede emprestada ao cinema. “Eu tenho uma família tão grande, é universal. E tenho o meu carro à porta para me servir. É o meu escravo. É a minha liberdade”.

Fotografias de Manuel Geada

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