894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Eduardo Pinheiro
i

LUSA

LUSA

Escolha de Costa para o Porto divide PS. Possível acordo com Moreira arrepia estruturas

Há quem goste e quem deteste a ideia, mas todos acreditam que Eduardo Pinheiro facilita possível acordo com Moreira. Os dois são próximos e o autarca não traça cercas sanitárias. Estruturas não gostam

Nem o candidato repetente, nem o responsável pelo aparelho, nem o homem das bases. A escolha de Eduardo Pinheiro, atual secretário de Estado da Mobilidade, como candidato do PS à Câmara Municipal do Porto surpreendeu muitos socialistas. Indiferente aos possíveis estilhaços, António Costa quis arrumar a discussão e escolheu uma quarta via — a via com mais possibilidades de chegar a um hipotético acordo com Rui Moreira no futuro. Mas o cenário provoca calafrios em parte do partido e está a partir ao meio o PS/Porto.

Entre os socialistas ouvidos pelo Observador — mesmo aqueles que aprovam a escolha — esse é, de facto, um dado adquirido: se Rui Moreira estiver disposto a reeditar um casamento com o PS (ou precisar de o fazer), Pinheiro será mesmo o nome mais pacífico, daí já ter sido sondado nos últimos dias e convidado formalmente esta terça-feira à tarde. Os dois conhecem-se há muito, são próximos e têm até alguma cumplicidade política. E esse cenário — o de uma possível aliança — pode interessar a António Costa.

A relação de cumplicidade entre Rui Moreira e Eduardo Pinheiro foi confirmada ao Observador por vários fontes ligadas ao universo do atual autarca e do PS local e nacional. Em 2017, aliás, o agora candidato socialista à autarquia do Porto chegou a ser sondado por Moreira para fazer parte das listas do autarca.

"Não interessa se o PS ganha, interessa como vai gerir a derrota", explica ao Observador uma fonte que acompanhou o processo no Porto, recordando o trabalho que Manuel Pizarro, presidente da distrital portuense, fez enquanto vereador ao lado de Moreira. O passo seguinte é lógico: "Nada impede que haja um acordo posterior às eleições...", diz a mesma fonte. As pontes vão ser relançadas.

Existe um fator que pode precipitar essa equação: uma eventual perda da maioria absoluta, na Câmara e/ou na Assembleia Municipal. Mais: das sete juntas de freguesia, o Movimento de Rui Moreira controla cinco, PSD e PS uma cada um; não há garantias que essa dinâmica não se possa alterar e, aí, seria importante para Moreira assegurar junto do PS alguma simpatia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não interessa se o PS ganha, interessa como vai gerir a derrota“, explica ao Observador uma fonte que acompanhou o processo no Porto, recordando o trabalho que Manuel Pizarro, presidente da distrital portuense, fez enquanto vereador ao lado de Moreira. O passo seguinte é lógico: “Nada impede que haja um acordo posterior às eleições…”, diz a mesma fonte.

As pontes vão ser relançadas. Resta saber com que alcance. A apesar do divórcio de má memória com Pizarro em 2017, o Observador sabe que Rui Moreira não exclui a hipótese de um dia voltar a entregar um pelouro a um vereador socialista.

Para Rui Moreira, de resto, a questão nunca foi traçar um cordão sanitário em relação aos socialistas. O atual presidente da Câmara do Porto só entende que dificilmente teria condições para negociar diretamente com socialistas com o perfil de Tiago Barbosa Ribeiro ou José Luís Carneiro, por exemplo. Nesse caso, o passado e percurso de Pinheiro pode ser um trunfo.

As pontes vão ser relançadas. Resta saber com que alcance. A apesar do divórcio de má memória com Pizarro em 2017, o Observador sabe que Rui Moreira não exclui a hipótese de um dia voltar a entregar um pelouro a um vereador socialista. Mas tudo depende do perfil do escolhido.

“Para já, vamos disputar a Câmara. Depois, depende de se o Rui Moreira tiver maioria absoluta…”, assume outra fonte socialista, que aponta ao Observador as valências do atual secretário de Estado na área da Mobilidade — um setor em que poderia convir ao atual autarca do Porto ter cobertura para o futuro.

Uma escolha que partiu o PS

Eduardo Pinheiro nunca foi sequer apontado como possível candidato do PS ao Porto. Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e líder da concelhia do PS/Porto, chegou a ser dado como certo mas mudou de ideias por não gostar da indefinição do partido.

José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, sempre quis ser candidato, teria a bênção de Barbosa Ribeiro (antigo adversário local), estava empenhado nessa possível candidatura, mas também se pôs de fora — dificilmente uma candidatura sua passaria sem o crivo de Pizarro e de outras figuras do PS do Norte.

Manuel Pizarro, eurodeputado e líder da distrital do PS/Porto, que sempre foi próximo de Barbosa Ribeiro mas nunca gostou de Carneiro, não queria ser candidato mas também não queria que Carneiro fosse — a sua oposição acabou por condicionar todo o processo. E assim nasceu a solução “Eduardo Pinheiro”, pensada por Costa e Pizarro, mas muito mal recebida pelas tropas de Barbosa Ribeiro e de Carneiro.

Ricardo Castelo/Observador

A proximidade com Moreira

Entre 2013 e 2017, Eduardo Pinheiro foi vice-presidente do então autarca em Matosinhos, Guilherme Pinto. O número um acabou por deixar a Câmara por motivos de doença e Pinheiro assumiu interinamente a presidência da autarquia.

No entanto, apesar de ter ocupado a pasta, Eduardo Pinheiro acabou por não ser escolhido como candidato ao PS nas eleições desse ano. A escolhida seria Luísa Salgueiro, que venceu as eleições e se tornou-se um dos nomes fortes do partido na região. De resto, há quem pergunte o óbvio: “Se Eduardo Pinheiro não serviu como candidato do PS a Matosinhos, servirá para o Porto…?”, interroga-se fonte do PS.

ESTELA SILVA/LUSA

E se…?

Entre alguns dos apoiantes de Rui Moreira, há quem duvide que um eventual acordo entre o atual autarca e os socialistas esteja na calha, até porque as sondagens que vão aparecendo apontam para uma nova maioria absoluta do autarca.

Mas caso Selminho, que levará mesmo Moreira a julgamento, acusado de favorecer a imobiliária da família contra o município, preocupa. E a saída de António Fonseca, que constava das listas de Moreira, para se candidatar pelo Chega à autarquia também.

Se elementos como estes causarem alguma erosão, assim como a perceção de que a corrida está ganha para o lado de Moreira, que pode desmobilizar o seu eleitorado, o atual presidente não exclui voltar a olhar para o PS.

Este cenário — o de um possível acordo futuro entre Moreira e o PS — desanima uma parte do aparelho socialista. “Assim, o PS desiste da Câmara“, lamenta uma fonte local.

Selminho. Quatro perguntas e respostas sobre o caso que leva Rui Moreira a julgamento

Falta de notoriedade vs currículo cheio

O nome de Pinheiro foi confirmado esta terça-feira de manhã, numa reunião que juntou os três candidatos apontados — José Luís Carneiro, no papel de secretário-geral adjunto do PS, Manuel Pizarro, presidente da distrital, e Tiago Barbosa Ribeiro, presidente da concelhia. Foi Pizarro, já concertado com António Costa, o responsável para trazer para cima da mesa formalmente o nome de Pinheiro.

As dúvidas sobre o secretário de Estado são claras: por um lado, todas as fontes ouvidas pelo Observador — mesmo aquelas a quem a candidatura agrada — mencionam a falta de notoriedade do governante e o escasso tempo para preparar uma candidatura, especialmente em tempos de pandemia.

Ainda assim, há quem destaque o currículo “feito para o lugar” de Pinheiro, apontando para a experiência na área da Mobilidade, o historial a gerir fundos comunitários e a experiência autárquica em Matosinhos.

A isto soma-se, no último ano, o trabalho que desenvolveu enquanto secretário de Estado encarregado de gerir regionalmente o combate à Covid-19 — foi um dos cinco governantes escolhidos por Costa (com a concordância de Rui Moreira) para desempenhar esse papel.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS) , António Costa (D), acompanhado por José Luis Carneiro, durante a reunião da Comissão Nacional do PS, para aprovar a data e as alterações ao regulamento do XXIII Congresso, previsto para 10 e 11 de julho, bem como as datas da eleição do secretário-geral e da presidente das Mulheres Socialistas, em Lisboa, 20 de março de 2021. ANTÓNIO COTRIM/LUSA

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

A expectativa não é de vitória, mas antes que Pinheiro consiga agarrar o essencial eleitorado do PS no Porto e evitar um resultado desastroso, que poderia resultar num terceiro lugar na corrida à Câmara.

Dos outros nomes na calha, Tiago Barbosa Ribeiro já tinha vindo a fazer saber, nas últimas semanas, que apesar do apoio quase unânime da concelhia do Porto não iria avançar, dado o escasso tempo para preparar uma candidatura — só o PS ainda não apresentou um nome fechado na capital.

Autárquicas. Tiago Barbosa Ribeiro ganha força no PS/Porto para avançar com candidatura à câmara

Também José Luís Carneiro tinha acabado por dar conta da sua indisponibilidade, como noticiava esta terça-feira a TSF. Ao nº2 do partido não agradaria a hipótese de poder ainda estar em cima da mesa um acordo com Moreira, além de contar com alguns anticorpos nas estruturas locais do partido, tanto na concelhia como na federação — as discordâncias são antigas e passam muito pela disputa distrital que dividiu as tropas entre José Manuel Ribeiro (apoiado por José Luís Carneiro) e o vencedor e atual líder da distrital, Manuel Pizarro.

Acabou por ser Pizarro quem, embora concertado com Costa, assumiu a escolha na reunião desta terça-feira e defendeu as qualidades de Pinheiro para uma candidatura no Porto. As bases não terão ficado radiantes. Agora, é seguir em frente — não há planos na concelhia para colocar obstáculos ao nome escolhido, nem para mostrar entusiasmo por aí além.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.