Poderá ser caso para ler os sinais, ou a paleta cromática. Há precisamente dez anos, Barack Obama surpreendia as hostes com aquele que passou à História como um “tan suite”, uma escolha que contrastava com os habituais fatos escuros — e a internet assistia então a um verdadeiro cisma no que ao estilo diz respeito. Na abertura da Convenção Democrata em Chicago, a vice-presidente e candidata à Casa Branca Kamala Harris repescava a fórmula “bronzeada” e a consequente abundância de artigos sobre o fenómeno. “Read my tan suit”, titulava a crítica de cultura do La Times, certa de que Harris não irá tomar notas a partir da imprensa para nortear as suas escolhas. Decisão deliberada ou pura casualidade? Bom, nestas coisas, os pormenores costumam ter pouco de menor.
Para uma análise mais sucinta do guarda-roupa, e à luz de um apreciador de sitcoms passadas na barra dos tribunais, é fácil imaginar a protagonista, antiga procuradora e procuradora-geral, num episódio de Lei&Ordem. Fiel aos fatos de calças ou saias, à predominância dos tons neutros, e aos clássicos colares de pérolas, Kamala bem pode tentar enfiar este tipo de escrutínio na gaveta, mas claro que por estes dias o tema está por todo o lado, em especial quando arrisca numa cor um pouco mais fora do baralho. “Ousada ou segura, Harris é forçada a pagar o imposto feminino final — ela deve dedicar muito mais tempo, energia e dinheiro às decisões de seu guarda-roupa do que seu oponente masculino.”, admite o LA Times. Mas, para sermos sinceros, nem as lentes escuras aviador de Joe Biden o livraram do estigma de um certo “machismo suave”, para citar o The Washington Post, se dúvidas houvesse de que tudo é escrutinável.
Provavelmente em 2020 ninguém queria saber disto, mas em 2024 até os que outrora não quiseram saber disto estavam a falar disto e atreviam-se nas sentenças: “o estilo é bastante monótono”. Um pouco por todos os meios, os escribas rendem-se à analise e recolecção de looks. Até porque temos sempre os números. Os números que mostram de forma inequívoca como as escolhas de uma protagonista feminina (na vida em geral e na política em particular) têm impacto. Os números que provam que a roupa raramente é só roupa e que ajudam a explicar porque afinal de contas estão todos a falar do mesmo — basta pensar na recente aparição de Michelle Obama, e como a Monse, marca fixada em Nova Iorque preferida pela ex-primeira dama na convenção, recebeu mais de 800 pré-encomendas de peças iguais depois desta presença em palco. A trabalhar com a stylist Meredith Koop, Michelle celebrizou-se por conceder palco às etiquetas americanas, tanto emergentes como bem estabelecidas.
Falta acrescentar as inevitáveis leituras políticas e sociais, as entrelinhas que se escondem numa singela cor, corte ou nome gravado na etiqueta, a que a protagonista, tão classy quanto sassy, não será alheia. Muito menos os radares da Moda.
Dos EUA para o mundo?
Nas últimas semanas, não foi apenas o tom menos convencional que saltou à vista. Nesse castanho claro, ou em azul escuro, já por duas vezes Harris escolheu um fato da marca francesa Chloé, cuja direção criativa é há um ano assegurada por Chemena Kamali. Será a designer alemã a nova estrela no armário da democrata? E que peso poderá ter esta visibilidade, sendo que já em maio usara uma criação Chloé, para um jantar na Casa Branca? “O que Kamala Harris pode alcançar como futura líder dos Estados Unidos da América é infinitamente mais importante do que o que ela veste. No entanto, como editora de moda, estou intrigada com a sua escolha da casa parisiense Chloé e sua atual designer, Chemena Kamali, que encontrou uma maneira de criar roupas para fazer a formalidade parecer moderna. “, distingue Susy Menkes, lembrando ainda como a marca conta uma longa história de poder no feminino, desde a sua fundação em 1953, com a judia egípcia Gaby Aghion, passando pelas inúmeras designers que assumiram os destinos, como Stella McCartney, Phoebe Philo, Claire Waight Keller, ou Gabriela Hearst (com Karl Lagerfeld nos entretantos). “O que une essa longa história da moda com uma mulher que pode liderar uma América mais deliberadamente feminina?”, interroga-se Menkes. “A moda é sempre sobre o momento. Vamos esperar e ver se Kamala Harris consegue. Essa nova visão de moda do estilo feminino / masculino já pode estar a contar-nos o fim dessa história turbulenta.”
Sim, é possível que parte do público critique o facto de Kamala não ter trazido para a linha da frente um criador norte-americano nesta ocasião em concreto. Mas é possível que outra parte, nota o Washington Post, entenda que “talvez ela preferisse usar roupas feitas por uma mulher. Ou talvez Harris esteja a fazer o que a maioria dos homens antes dela fez: a vestir o que parece certo para que ela possa se concentrar em fazer o trabalho em mãos. (Quantos presidentes usaram fatos de designers internacionais, sem que ninguém soubesse? Talvez nunca saibamos!)”. Ainda tem dúvidas de que o tema dá pano para mangas? Ora fonte de “poder” ora de “alegria”, o diário não hesita: as roupas de Kamala importam.
“Teve significado. O fato de Kamala pareceu-me uma jogada de poder. Ela usou um fato azul marinho escuro como os homens usariam e não teve medo de se inclinar para isso. Em certo sentido, conseguiu enfatizar que seria [potencialmente] a primeira mulher presidente. Para ela aquilo era business.”, sublinhou ao WWD Richard Ford Thompson, autor de “Dress Codes: How the Laws of Fashion Made History.” Sobre a opção por uma marca internacional, Thompson acredita que Kamala decidiu apenas confiar numa designer com a qual se sente confortável, ligando menos à proveniência das peças.
Negro, cinzento, branco, creme, castanho. É verdade que uma pesquisa aturada no arquivo fotográfico devolve-nos uma mancha mais ou menos compacta e consistente. Mas não pense que a explosão de cor é propriamente uma novidade no armário de Kamala. Em rosa choque, em diferentes declinações de azul, ou com um apontamento laranja, há muito por onde escolher. Basta escavar um pouco mais.
“Claro, eu sou todas estas coisas – mas não sou apenas estas coisas’. Isso, e também o facto muito simplesmente de gostar das coisas [que veste]”. É assim que a Elle imagina Kamala a posicionar-se frente às gavetas e prateleiras. E que de alguma forma explica a pluralidade na hora de aparecer em público. Por diversas vezes Harris já desfilou um sortido de designers americanos como Sergio Hudson (que desenhou o look que Michelle Obama usou na tomada de posse do marido ), e Joseph Altuzarra, mas a candidata não parece querer entrincheirar-se neste recanto ou bandeira. Para lá da Chloé, também Valentino, Celine e outras marcas europeias vão entrando em cena, como se a candidata falasse para lá do contexto doméstico.
“É nítido, é profissional e ela sente-se confortável em algo que tem que funcionar o dia todo. Em última análise, ela faz a moda funcionar para a sua posição, ela não faz a sua posição funcionar para a moda.”, descreve Hudson sobre a indumentária infalível de Harris, citado pela The Hollywood Reporter. Segundo o designer de Los Angeles, a equipa da democrata sempre transmitiu instruções muito concretas sobre o pretendido: garantir que Kamala fosse levada a sério e não apenas vista por uma questão de moda. “Nos primeiros anos, os fatos que fiz eram apenas pretos, azul marinho, cinza. Agora sinto que ela está um pouco mais confortável, portanto estamos a projetar outras cores”. Sergio destaca os recentes exemplares em rosa e turquesa que realizou para a candidata.
É verdade que à superfície não há grande turbulência a assinalar nas decisões de Kamala. Talvez o tópico mais fraturante, e a um nível mínimo, seja detetar se optou pelos seus Manolo Blahnik de 70 milímetros ou pelos práticos ténis que também costuma usar — e que apenas entre os meses de julho e agosto tiveram um incremento brutal na procura, a avaliar pela Retail Brew. Mas ao mesmo tempo Kamala também não parece tão inflexível ou temerosa quanto Hillary chegou a ser. “Um uniforme também era uma técnica anti-distração: como não havia muito a dizer ou relatar sobre o que eu vestia, talvez as pessoas se concentrassem no que eu estava a dizer”, escreveu a antiga candidata democrata nas suas memórias.
Para uma Kamala Harris mais descontraída e imune a opiniões de terceiros, teremos sempre aquele momento em que a mulher que oficializou o primeiro casamento homossexual na Califórnia dançou para celebrar o orgulho gay, devidamente vestida a rigor, com um blusão Levis com o devido efeito de statement arco-íris.
You can't celebrate #SFPride without dancing. pic.twitter.com/2aSXy8Uc2Z
— Kamala Harris (@KamalaHarris) July 1, 2019
Claro que nem tudo é descontração máxima e alheamento de códigos vitais. Fora os momentos mais fora do guião, os ombros estruturados dos casacos e as calças loose fit há muito que consolidaram o seu lugar. E prestar a devida atenção à diplomacia não aleija ninguém. A revista W recorda como durante a tomada de posse do presidente Biden em 2021, Harris vestiu um casaco roxo da marca nova-iorquina Christopher John Rogers. “O roxo, é claro, é visto como um sinal de bipartidarismo”, símbolo de cooperação entre os dois principais partidos dos EUA.
Para outras mensagens mais ou menos subtis transmitidas através do seu guarda-roupa, basta pensar no casaco camel que usou em janeiro de 2021, num evento de homenagem às vítimas da pandemia de Covid-19. Kamala elegeu uma criação do designer negro Kerby Jean-Raymond, fundador da Pyer Moss, estúdio que no começo da pandemia chegou a fazer um donativo a favor dos profissionais de saúde na linha de frente. Mas há mais.
Os símbolos-chave e as mensagens subtis
É possível uma anatomia ainda mais apurada dos looks da democrata. Basta concentrar-nos ao nível do pescoço e decidir se preferimos a modalidade francófona, que se popularizou entre artistas, académicas e intelectuais ainda no século XIX, ou anglófona. Há quem lhe chame lavallière, mas desde os anos 40 que as célebres Gibson Girls deram o seu cunho, passando a designar o modelo em questão de “pussy cat bow”. Em português, as blusas de laçada reforçam o pendor feminino em conjuntos historicamente atribuídos aos homens, e tornaram-se imagem de marca em lideranças como a da antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Tornou-se a sua versão particular dos colarinhos engravatados, com a Christie’s a chegar a leiloar três peças em 2019. Também Kamala Harris adere por várias vezes a este tipo de camiseiro, preterindo nesse caso uma outra peça-chave: o colar de pérolas.
As pérolas são uma herança dos tempos de aluna na Howard University, historicamente associada à comunidade negra em Washington, DC. Harris fazia parte da organização feminina Alpha Kappa Alpha, a qual pertenceram nomes como a autora Toni Morrison, a atriz Phylicia Rashad, ou a ativista Bernice King, e cuja liderança original era conhecida como “The Twenty Pearls” (As Vinte Pérolas). Para a tomada de posse, em 2021, Kamala pediu ao designer porto riquenho Wilfredo Rosado para criar uma colar de propósito. Segundo Rosado, o desenho representa a força e o sentido de moda da destinatária. Irene Neuwirth e Marco Bicego são outros nomes que assinam joias usadas pela candidata.
O conciliador tom roxo que já elegeu acumula outros significados especiais. A cor presta tributo a Shirley Chisholm, figura política icónica, primeira mulher negra eleita para o Congresso, a primeira a concorrer por um grande partido ao cargo de presidente dos EUA, e que por várias vezes ao longo da campanha vestiu roxo.
@meena IMPEACH NOW
Para lá das roupas de Harris , também os acessórios acrescentam camadas de leitura a esta história. Basta espreitar as meias “Future is Female” que usou num vídeo de TikTok da sobrinha Meena. Ela também usou um medalhão de Liberdade de Expressão, uma pregadeira de lapela GLAAD e outras peças com alguma relevância ao longo de sua carreira política.
“Não se trata realmente de uma medida objetiva do que é chique. Não se trata de ser endossado pela Vogue, embora Harris tenha sido. É sobre o que os eleitores leem no que a Sra. Harris veste; como eles se relacionam com isso. As roupas se tornam, de muitas maneiras, um substituto para todos os sentimentos rudimentares que o eleitorado tem sobre um candidato, bom e mau, e especialmente sobre uma candidata mulher.”, descrevia no final de julho a editora de Moda do The New York Times, Vanessa Friedman, que sondava Ashley Allison, executiva-chefe da Watering Hole Media e ex-conselheira de campanha de Biden-Harris. “A forma como uma mulher na liderança se apresenta é uma questão que todas as mulheres na liderança devem considerar”, admitiu. Harris, acrescentou, “está a tentar quebrar aquele que é potencialmente o maior e mais grosso teto de vidro que existe”. E como se prepara para esse passo que pode ser pioneiro, também importa.
Um dos looks mais icónicos e a capa que dividiu as hostes
Não é que fosse o tema mais quente em Washington por esses dias mas em pouco tempo transformou-se um assunto com honras de tratamento no The New York Times. Em janeiro de 2021, pouco depois dessa tomada de posse, a edição de fevereiro da revista Vogue concedia honras de capa à nova vice-presidente, mas aparentemente o resultado esteve longe do consenso. Conhecida bíblia da Moda, rigor, cuidado e produção elaborada pareciam ter ficado de fora do modus operandi naquela edição. Olhando para a capa, Harris surgia de forma descontraída — talvez numa produção excessivamente descontraída, não só pelo look escolhido como pela pose, e até pelo cenário, pelo menos a avaliar pela avalanche de comentários.
Kamala, com o seu casaco Donald Deal, calças justas, pérolas e Converse nos pés, deixava-se fotografar por Tyler Mitchell, o mesmo que fotografou Beyoncé para a publicação em 2018 — e terá escolhido ela própria a roupa para esta sessão. Perante o desfecho, talvez pouco vice-presidenciável, a mesma Vogue lançou um novo retrato — desta feita com um fato azul cinza Michael Kors com o pin da bandeira norte-americana na lapela. Em fundo, uma cortina dourada. E uma pose mais em sintonia com a imagem do poder executivo. A nova partilha foi justificada como sendo “a capa digital”. Se há quem diga que ambas as versões estavam previamente previstas, também se opinou que este segundo shot tentaria repor alguma formalidade.
Uns meses antes desta primeira página que dividiu as águas, já Kamala carimbava uma das suas intervenções em público com um look de impacto. Em 7 de novembro de 2020, cantava vitória como vice-presidente recém eleita e fazia aquilo que terá sido lido como (mais) uma declaração através do visual. O conjunto branco Carolina Herrera, cuja direção criativa está entregue a Wes Gordon, de novo com uma blusa de laçada, foi encarado como uma referência ao movimento sufragista e às questões feministas dos últimos anos.
A Vanity Fair dedicava então um longo artigo ao famoso pantsuit branco, popularizado há cerca de trinta anos por Geraldine Ferraro, a democrata que se tornou a primeira mulher na corrida oa cargo de vice-presidente dos EUA. E que fez o seu caminho em nomes como Ivanka ou Melania Trump.
Poucos meses depois, a tomada de posse da primeira madam vice president fazia crescer a curiosidade definitiva sobre o que usaria Kamala Harris no evento. E a caixa de Pandora abria-se em absoluto. “Todos querem vesti-la mas ninguém quer falar sobre isso”, titulava então o WWD. Há rumores de que a stylist de Hollywood Karla Welch, cujos clientes incluem Justin Bieber, Tracee Ellis Ross, Elisabeth Moss e a Levi’s, com sede na Bay Area, está a trabalhar com Harris no seu guarda-roupa, mas não respondeu a uma única pergunta sobre isso.”.
De acordo com o mesmo meio, a afinidade faria todo o sentido já que Welch é amiga de Meena Harris, sobrinha de Kamala, amante de Moda, fundadora da campanha de ação política Phenomenal Woman e ainda de uma marca de roupa. Confirmado ou mero zunzum, facto é que “as suas escolhas de Moda estão a tornar-se uma fonte de fascínio silencioso dentro e fora da indústria da moda.”, sentenciavam.
Já esta semana, a plataforma Fashionista punha as suas fichas em Leslie Fremar. Segundo este meio, a stylist de Charlize Theron e Jennifer Connelly estaria agora a orientar a vice-presidente, depois de ter assinado uma produção para a Rolling Stone. Retirada do métier, poderá assim oferecer a Harris um “look chique que não é demasiado Holywood nem demasiado elitista”.
Um closet online e merchandising com toque de design
www.kamalacloset.com. Sim, o endereço existe mesmo e reúne online as principais escolhas da candidata democrata, para quem procura um moodboard à altura. Do calçado à roupa casual, dos acessórios aos momentos mais formais, é possível seguir os passos de estilo neste armário à vista de todos. E há mais curiosos por aí. Em setembro de 2020, a escritora Susan Kelley, de Lansing, Michigan, lançou o WhatKamalaWore, seguindo os seus sites de estilo real WhatKateWore, WhatKatesKidsWore e WhatMeghanWore.
Para um passo ainda mais além, seja bem vindo à loja Harris/Waltz, um pequeno paraíso para fãs de merchandising. Ah, e de marcas de designers alternativos. Por aqui não encontra apenas banais canetas e canecas de fabrico duvidoso e interesse passageiro, descartáveis no final da corrida ou meros candidatos a um lugar no fundo do baú de memorabilia presidencial. Como se poderia dizer do outro lado do Atlântico, isto pode manter os níveis de efemeridade no sítio mas é todo um next level. Senão vejamos: nomes como Ulla Johnson e Prabal Gurung assinam muitas das peças disponíveis para compra no site da campanha democrata, que misturam no mesmo liquidificador moda e política.
Temas como os direitos reprodutivos, as mudanças climáticas ou o apelo ao voto povoam t’shirts, hoodies, sacos e outros items, disponíveis a partir dos 35 dólares. As peças incluem uma sweatshirt com capuz floral de Ulla Johnson estampado com “Our Bodies” e “Our Vote” ao longo das mangas, um tank top Victor Glemaud com a frase “não vamos voltar / kamala” no peito, uma camisola cinza “Kamala.” de Willy Chavarria e uma outra da poetisa e artista Cleo Wade com uma foto da candidata presidencial democrata quando jovem com as palavras, “a primeiro, mas não a última.” Há ainda meias e cachecóis, t’shirts de inspiração retro de Aurora James (“America is an idea”), bonés de beisebol Gabriela Hearst, e um camo hat que viralizou ao ponto de esgotar.
Para avaliar a diligência das mentes por detrás desta loja, há poucos tópicos, polémicas e bordões saídos desta campanha que não tenham sido já devidamente imortalizados numa peça para vestir ou usar, da “senhora dos gatos sem filhos” aos memes que envolvem cocos.
Durante a Convenção Democrata, o USA Today deu conta da euforia em torno do merchandising de campanha e relatou as preferências do público. Um boné azul, com a sílaba “la” bordada, ajuda a lembrar como pronunciar corretamente o primeiro nome da vice-presidente Kamala Harris, enquanto as t’shirts com a frase “Voting is my blackjob” também tiveram saída.
De gala ou reluzente num concerto de Beyoncé
De fato em fato, o que talvez muitos não tenham visto é uma vertente mais glamorosa de Kamala Harris. Uma viagem pelos arquivos fotográficos oferece-nos momentos à margem dos conjuntos mais sóbrios. Sem correr riscos desnecessários, o preto ou dourado, em versões mais curtas ou longas, amparou estreias, inaugurações e outros compromissos festivos.
Apontamentos de volume, brilho e até lantejoulas já tiveram direito ao seu momento de glória. Como um Ralph Lauren dourado de ombro a descoberto, um Monique Lhuillier dado a transparências, um J. Mendel rendado, um cintilante Sergio Hudson, ou ainda o glamoroso Pamela Rolland com que se apresentou na festa dos Óscares da Vanity Fair de 2015, ao lado do marido, Doug Emhoff. Em 2018, Kamala Harris posou nos bastidores do Glamour Women Of The Year Awards com um vestido curto preto Carolina Herrera.
“Que enorme honra vestir a senhora vice-presidente, Kamala Harris, para o Kennedy Center Honors esta noite.”, escrevia em dezembro de 2022 Vera Wang. “Ela escolheu um vestido de manga curta de crepe de seda preto personalizado com decote redondo, um peplum drapeado em cascata frontal e saia, tudo acentuado por um cinto de cristal e luvas de couro na altura do cotovelo.”, continuava, sobre esta criação de alta-costura.
Em agosto de 2023, Harris associou-se à toada brilhante da fauna que acorreu à tour de Beyoncé. Ao lado do companheiro, deixou-se fotografar com uma camisa de lantejoulas dourada do designer nova-iorquino LaQuan Smith, o look escolhido para assistir ao espectáculo da cantora em Maryland. A rematar, calçado Stuart Weitzman.
Já que falamos de família, ao nível do estilo o interesse estende-se a outros elementos, caso da enteada Ella Emhoff, já apelidada de “Primeira Filha de Bushwick”, uma jovem estrela em ascensão que tanto surge em Proenza Schouler como em Helmut Lang, e que também já está a ser devidamente seguida.