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Ilustração de pessoa com gripe
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Andrea Piacquadio/Pexel

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Gripe A voltou e provoca sintomas mais agressivos e duradouros. O que fazer? Especialistas dão seis respostas

Explicador. Atividade gripal está a subir de forma "exponencial". Maioria de casos são gripe A e provocam sintomas prolongados. Especialistas dão conselhos para lidar com a gripe e evitar o contágio.

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Há uma epidemia de gripe a afetar Portugal que causa sintomas mais agressivos e duradouros — e que, por isso, está a levar a um aumento da afluência às urgências hospitalares. De acordo com o último boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe (divulgado pelo Instituto Ricardo Jorge) 91% dos casos de gripe registados entre 11 e 17 de dezembro eram do tipo A, que, geralmente, provoca doença mais grave.

Três médicos explicam o que está na origem do aumento da incidência gripal e da maior agressividade dos sintomas nesta época gripal. E aconselham a hidratação, o repouso e a medicação antipirética a quem tem sintomas. Já para evitar o contágio, é fundamental recuperar as regras de etiqueta respiratória, amplamente difundidas aquando da pandemia de Covid-19. Quanto ao pico da atividade gripal, “ainda não deverá ter sido atingido”.

Casos de gripe estão a aumentar?

Sim — e muito. “Estou preocupado. Estamos a ver um aumento exponencial da atividade gripal“, diz ao Observador o pneumologista Filipe Froes. A incidência de novas infeções pelo vírus influenza, que provoca a gripe, tem aumentado ao longo das últimas semanas e atingiu quase um milhar entre os dias 11 e 17 de dezembro, de acordo com o último boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe (divulgado pelo Instituto Ricardo Jorge) — sendo que a esmagadora maioria dos casos identificados (91%) é do tipo A. É, aliás, evidente a diferença no número de novas infeções em relação à mesma semana do ano passado, em que foram registados 497 casos de gripe, cerca de metade dos 960 registados este ano.

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Gripe A. “Surto pode estar relacionado com a Covid-19”

No entanto, neste momento, o cenário parece ter-se agravado. Nos últimos dias, a circulação do vírus entre a população terá acelerado, pelo que a incidência de gripe terá aumentado substancialmente, alertam os especialistas, devido à quadra natalícia, que potenciou as infeções em ambientes fechados. “É nesta altura do ano que costuma haver picos de incidência. A época natalícia, que se caracteriza por uma maior proximidade entre as pessoas em ambientes fechados, acaba por facilitar a transmissão dos vírus”, explica o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, António Morais.

A gripe está mais agressiva e persistente este ano?

Tudo indica que sim. “Estamos a assistir a casos de maior sintomatologia”, alerta o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, Gustavo Tato Borges, em declarações à Rádio Observador. E, dentro dos dois tipos de gripe mais comuns, o A e o B, são as estirpes do primeiro grupo que predominam em Portugal. “Sabe-se que a gripe de tipo A resulta, habitualmente, numa doença com sintomas mais exuberantes. Determinadas pessoas podem ter sintomas do aparelho digestivo, principalmente os mais idosos”, diz António Morais.

Segundo os especialistas, o facto de a doença se apresentar, nesta época gripal, com sintomas mais agressivos deve-se a uma conjugação de vários fatores, como as características das variantes em circulação e de uma taxa de vacinação aquém do desejável. “Pode ter a ver com as variantes em si [a H1N1, que é predominante, e sobretudo a H3N2, mais agressiva]”, diz António Morais. Já Filipe Froes alerta que a gripe “tem formas de apresentação mais graves quando a infeção é causada pelo H3N2”, principalmente nos idosos e, sobretudo, nos idosos não vacinados.

A agravar o quadro, em muitos casos, pode estar a ausência de vacinação contra a gripe. Este ano, as taxas de vacinação estão abaixo das atingidas na época gripal de 2022/23. “Temos taxas de cobertura vacinais razoáveis, mas aquém do desejado (de 60% na população com mais de 60 anos e de 75% na população com mais de 80 anos, abaixo dos valores do ano passado)”, avança Filipe Froes. Uma cobertura vacinal “que não é tão elevada quanto isso”, concorda Gustavo Tato Borges.

"Estamos a assistir também a um aumento dos internamentos por descompensação de comorbilidades" provocados pela gripe, diz o pneumologista Filipe Froes

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Para além da maior agressividade dos sintomas, a marcar esta época gripal está também uma maior duração da doença. “Temos casos a durarem seis, sete, oito semanas”, garante Tato Borges. “Algumas pessoas referem uma maior duração dos sintomas. Muitas vezes, o quadro gripal dura duas a três semanas mas durar um mês e meio (seis semanas) é perfeitamente possível, sobretudo em doentes com comorbilidades e imunodeprimidos”, explica Filipe Froes.

A gripe A é mais contagiosa?

Não. Os sintomas da gripe A duram, em média, sete dias, mas este tipo de gripe não é mais transmissível. “O período de incubação (tempo que decorre entre o momento em que uma pessoa é infetada e o aparecimento dos primeiros sintomas) do vírus da gripe A varia entre três a dez dias, com uma média de sete, durante o qual a contagiosidade é reduzida”, pode ler-se no site do SNS. Segundo António Morais, “o vírus influenza do tipo B até tem um tempo de transmissão maior do que o grupo A”.

Quais são os sintomas característicos de um quadro de gripe A?

Os doentes queixam-se de “febre, tosse, calafrios, mialgia (dores musculares), dor de garganta, cefaleias, congestão nasal”, enumera Filipe Froes. “É fundamental as pessoas estarem atentas a sinais de alerta, como febre persistente durante mais de 3-4 dias, reaparecimento de febre após alguns dias de ausência, evolução para casos de doença respiratória, sangue na expectoração, alterações de estado de consciência e alterações gastrointestinais, como náuseas ou vómitos”, completa o especialista.

"Temos casos a durarem seis, sete, oito semanas"
Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública

Nos mais idosos e nos grupos de risco, a vigilância deve ser redobrada, realça o presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia, no sentido de os sintomas poderem ser identificados o mais cedo possível.

Que conselhos para quem tem gripe? E o que fazer para evitar o contágio?

“Na maior parte dos casos, a gripe resulta numa doença autolimitada, com sintomas que duram 3-5 dias e que se resolve espontaneamente”, começa por referir António Morais. Ainda assim, e para aliviar os sintomas, as pessoas “devem fazer medicação antipirética, para baixar a febre”, e devem “hidratar-se” e repousar.

Já no campo da prevenção, de modo a reduzir o risco de contágio pelo vírus da gripe, “as pessoas devem ter o cuidado de usar as regras de etiqueta respiratória, lavar as mãos, proteger-se ao tossir e, caso tenham sinais de infeção, devem usar máscara”.

Qual o impacto do aumento de casos de gripe nas urgências?

Nos últimos dias, e principalmente a partir do início do último fim de semana, a afluência às urgências de utentes com quadros gripais tem aumentado substancialmente, com muitos hospitais a enfrentarem dificuldades para responder à procura e a registarem quase 18 horas de espera para doentes urgentes (no caso do Hospital Amadora-Sintra, ainda na manhã desta quarta-feira).

Tempo médios de espera para doentes urgentes entre 1 e quase 18 horas nos hospitais de Lisboa

“Há um acréscimo acentuado de idas às urgências por gripe, na maior parte dos casos por gripe do tipo A”, sublinha Filipe Froes, o que, completa António Morais, “acaba por resultar numa pressão muito significativa sobre os serviços de urgência”. Embora uma parte significativa das pessoas com gripe que se deslocam às urgências não precisassem de o fazer — uma vez que, na maioria dos casos, a infeção “resulta numa doença autolimitada –, nos mais idosos e nas pessoas com doenças crónicas um quadro gripal pode fazer descompensar as doenças de base e criar complicações. “Nos grupos de risco (idosos e pessoas com doenças crónicas, do foro respiratório ou cardíaco), a infeção pode resultar numa doença mais grave, com descompensação das suas doenças de base e necessidade de hospitalização, e que pode colocar mesmo em risco a vida dos doentes”, alerta António Morais.

“Estamos a assistir também a um aumento dos internamentos por descompensação de comorbilidades e queixas de infeções respiratórias. A principal complicação da infeção pela gripe é a pneumonia”, relembra Filipe Froes.

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