Rachel Brathen está na moda, ou não fosse uma cara do ioga. Dá aulas, faz workshops e retiros, tem milhões de seguidores nas redes sociais. Agora escreveu um livro, Ioga Girl – Ioga para todos, que está prestes a chegar a Portugal. Não é só de ioga que se trata, mas de todo um estilo de vida que se quer inspirador.
Tem quase um milhão e meio de seguidores no Instagram e mais de cento e vinte mil no Facebook, mas não é um fenómeno virtual. Rachel Brathen enche salas com as suas aulas. Para a divulgação do livro fez uma digressão, The Happiness Tour, e nela deu uma das maiores aulas de sempre a que chamou “the bomb factory ioga class“.
Rachel tem um poder de seduzir diretamente proporcional à sua flexibilidade corporal. E mais: com os cães que não larga nem nas viagens, com as fotos em asanas (posturas de ioga), com as viagens pelo mundo, ela representa um ideal de bem estar que muitos gostariam de ter. Esta sueca um dia resolveu viajar até à Costa Rica e mudar de vida. Afinal a ioga girl, aos 26 anos, vive uma vida boémia em Aruba, uma das ilhas do Caribe, tem um casamento de sonho e ganha dinheiro com o que gosta de fazer.
A ser lançado no próximo dia 8 de junho pela Editora Nascente, numa chancela da 20|20, o livro é um misto de biografia com dicas de auto-ajuda e receitas para uma vida saudável. A editora encontrou o momento ideal para a publicação. «Decidimos publicar agora devido ao crescente interesse no tema pelos portugueses, por ser um livro leve com assuntos diversificados e interessantes para quem gosta de viver uma vida saudável, física e mentalmente», explica Joana Freitas, responsável pela editora. Um tiro certeiro já que Ioga Girl é best seller na famosa lista do New York Times.
Rachel Brenton navega pelo ioga e por receitas de sumos e de smoothies com a mesma naturalidade com que assume que um dia foi uma adolescente problemática. É num tom de quem acredita na forma kármica de ver a vida que oferece a grande fórmula do ioga – afinal tudo está dentro de nós. «Apesar de estarmos no século XXI, em que mandamos pessoas de férias para a lua e vivemos conectados virtualmente de uma forma nunca antes vista, ainda estamos longe de sabermos tratar bem uns aos outros e, acima de tudo, de nos tratarmos bem a nós próprios», escreve nas primeiras páginas. «Não nos amamos o suficiente». É nesta frase que fica resumido o essencial do livro.
– Tens uma prática espiritual que divulgas pelas redes sociais. Há gente que te critica por considerar que isso é contraditório.
As redes sociais são uma expressão da prática, podemos pôr uma intenção de amor e decidir trazer algo de bonito ao mundo para construir uma comunidade, para juntar pessoas que partilham as mesmas ideias, que estão no mesmo caminho. Pode tornar-se um espaço muito sagrado. Quanto às pessoas que julgam, ou que dizem mal, ou que não gostam, penso que há nisso algum dose de medo envolvida, medo de perder a essência da prática. Mas não nos devemos preocupar porque muita gente começa a praticar e isso é muito útil, muito importante.
– O mundo vive tempos conturbados e as coisas parecem ainda piores se pensarmos no que os meios de comunicação nos trazem todos os dias para dentro das nossas casas. Perante este cenário, que importância achas que estas práticas têm hoje?
Penso que, na ordem natural das coisas, tudo tem de se desmoronar primeiro, de se perder o controlo, para depois se voltar a construir. Não podemos continuar a crescer indefinidamente, o planeta não aguenta tanta abundância e riqueza. Temos de mudar, individual e como colectividade. No fim será tudo para um bem melhor e para algo melhor renascer, para podermos construir algo melhor para as pessoas. As práticas espirituais ajudam muito, porque o verdadeiro equilíbrio vem de nos aceitarmos como somos e de gostarmos de nós cada dia da nossa vida.
– Portugal tem sofrido particularmente nestes últimos anos com a crise, como deves saber.
Sim, tomei conhecimento. Nunca fui a Portugal e quero muito ir, talvez na próxima digressão que faça pela Europa! Entendo que não é fácil para as pessoas mudar aquela ideia que se tem de que nem tudo está assim tão mau. São fases em que é negativo o que nos rodeia, ouvimos constantemente pensamentos negativos. Por isso, costumo dizer que é bom começar a mudança em nós mesmos, fazer a nossa transformação individual, mudar a nossa energia. Se pudermos mudar a nossa energia, podemos também mudar a energia colectiva. Fazer ioga ajuda muito.
– A maioria das pessoas tem uma vida agitada. E tu também, com esse crescimento exponencial. A prática de certeza que ajuda, mas queres explicar como manténs o teu centro no meio de tanto acontecimento, tanta aula, tanta viagem, e agora este livro?
Faço o meu melhor. Por vezes tenho de gerir as minhas expectativas relacionadas com a prática quando viajo com esta intensidade. Se estou todos os dias numa cidade nova e num novo aeroporto, a minha prática limita-se a uns 5 minutos. Levanto as pernas na parede e é isso. Mas acima de tudo, adapto-a ao que me rodeia, nesse momento é mais mellow, mais calma, mais térrea. Já é tudo tão rápido que trato de acalmar no tapete. Mas esta digressão é a maior que fiz e talvez demasiado grande para o que posso. São mais duas semanas e depois vou ter tempo para me restabelecer. Vou descansar muito (risos).
– O livro conta episódios traumáticos por que passaste em pequena.
Nada acontece por acaso. Tudo o que passamos é por alguma razão e esta vida serve para a descobrir. Quis mesmo mostrar o que aconteceu comigo, como encontrei a prática, quis mostrar as partes fáceis e também os obstáculos, que foram muitos, quando encontrei o ioga. Nem toda a gente sabe o difícil que foi para mim encontrar a prática. Por isso quis contar a minha história em profundidade.
– Quem são os teus professores, quem mais te inspira, já que inspiras tanta gente pelo mundo?
Tenho muitos professores por todo o mundo, faço retiros e treinos sempre que posso. Pratico com amigos e muitos dos meus professores nem são assim tão conhecidos, há um na Suíça que ninguém conhece (risos). Tenho uma professora que é uma amiga minha, muito conectada com o divino feminino e é ótima porque traz esta vertente para a classe, o que é importante para mim e para todas as mulheres neste momento. Mas eu viajo tanto que também exploro os professores que vou conhecendo pelo caminho.