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Itália surpreendeu no último Europeu com a conquista do título após vencer a Inglaterra em Wembley no desempate por grandes penalidades
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Itália surpreendeu no último Europeu com a conquista do título após vencer a Inglaterra em Wembley no desempate por grandes penalidades

Marco Canoniero

Itália surpreendeu no último Europeu com a conquista do título após vencer a Inglaterra em Wembley no desempate por grandes penalidades

Marco Canoniero

Itália (Grupo B). A squadra que vai à guerra sem os habituais generais (e sem o Call of Duty no estágio)

Em três anos tudo mudou na Itália. Selecionador, jogadores, referências, ambições. Campeões não são favoritos mas entram no top dos outsiders com um Spalletti que deixou as vinhas para fazer história.

Em três anos, tudo mudou. Mudou o selecionador, mudaram as principais referências, mudaram também as ambições antes da competição. Pode uma campeã europeia em título chegar a uma nova competição sem ter o estatuto de favorito a reconquistar a prova? Sim. A Itália é um dos casos mais particulares deste Euro-2024 que se segue à presença falhada no Mundial do Qatar, daqueles em quem poucos ou nenhuns põem as fichas mas que ao mesmo tempo ganham em toda a linha nas apostas das potenciais surpresas. É entre este cenário quase paradoxal que emerge Luciano Spalletti, que depois de conseguir o impossível com o título de campeão em Nápoles tenta mais uma façanha para coroar uma carreira sempre em crescendo aos 59 anos.

Há menos de um ano, o treinador estava desempregado por vontade própria (apesar de o Nápoles dizer que tinha acionado a opção para ficar mais um ano no sul de Itália) e apostado em passar um período sabático a cuidar das suas vinhas na casa de “retiro”. Depois, veio a “bomba”: Roberto Mancini alegou problemas na construção da equipa técnica, foi para a Arábia Saudita e Spalletti foi a solução para o “vazio” criado antes do Europeu. Seguiram-se outros problemas, nomeadamente o caso das apostas de Sandro Tonali que chegou a outros jogadores como Zaniolo, mas a equipa foi-se reinventando numa nova fase sem os grandes bastiões que foram as bandeiras da squadra azzurra durante vários anos como Gigi Buffon, Bonucci ou Chiellini.

Está a nascer uma nova era no futebol transalpino. A coesão defensiva e a forma de controlar jogos a partir de trás mantém-se como um ADN comum mas Spalletti quer mais e entrou com medidas mais “radicais”. Uma deu nas vistas: os telemóveis têm de ser aceites mas as PlayStations estão proibidas no estágio. “Há jogadores que pensam que o Spalletti ladra mas não morde. Estão enganados. Eu invento um jogo qualquer para que pensem e se distraiam durante a noite. Se vens para a seleção é para ganhar o Europeu e não para ser campeão do Call of Duty”, atirou. Para reforçar o espírito de equipa, o treinador trouxe também ao estágio antigas glórias como Roberto Baggio, Del Piero, Francesco Totti, Gianni Rivera ou Antognoni, que falaram sobre o peso da camisola e a necessidade de assumir responsabilidades. Problema? Depois de Acerbi, a Itália perdeu também Scalvini por lesão. E essas baixas na defesa podem ser um calcanhar de Aquiles.

Depois da vitória no Euro-2020, há uma nova geração renovada que tentará colocar de novo a Itália no topo

BI

  • Ranking FIFA atual: 9.º
  • Melhor ranking FIFA: 1.º (novembro de 1993, fevereiro de 2007, abril a junho de 2007 e setembro de 2007)
  • Alcunha: Squadra Azzurra (A Equipa Azul)
  • Presenças em fases finais: 10
  • Última participação. Vencedor no Europeu em vários países, em 2020
  • Melhor resultado. Vencedor do Europeu de Itália em 1968 e em vários países em 2020
  • Qualificação. Apuramento direto no segundo lugar do grupo C com Inglaterra, Ucrânia, Macedónia do Norte e Malta
  • O que seria um bom resultado? Regressar à final do Europeu

Jogos em 2024

  • Jogo particular, 21/3: Venezuela (neutro), 1-2 (V)
  • Jogo particular, 24/3: Equador (neutro), 0-2 (V)
  • Jogo particular, 4/6: Turquia (casa), 0-0 (E)
  • Jogo particular, 9/6: Bósnia (casa), 1-0 (V)

O onze

  • 3x4x3: Donnarumma; Buongiorno, Bastoni, Calafiori; Di Lorenzo, Barella, Jordinho, Dimarco; Pellegrini, Chiesa e Retegui

O treinador

  • Luciano Spalletti (italiano, 65 anos, desde 2023)
  • Outros clubes/seleções: Empoli, Sampdoria, Veneza, Udinese, Ancona, Roma, Zenit, Inter e Nápoles

Luciano Spalletti teve pouco tempo de descanso sabático e vai procurar outro "milagre" após ter sido campeão com o Nápoles

O craque

  • Donnarumma (25 anos, guarda-redes do PSG)
  • Outros clubes: AC Milan

A revelação

  • Davide Frattesi (24 anos, médio do Inter)
  • Outros clubes: Sassuolo, Ascoli, Empoli e Monza

O mais internacional e o maior goleador

  • Gianluigi Buffon (176 internacionalizações) e Gigi Riva (35 golos)

Gigi Donnarumma, que foi uma figura central na conquista do último Europeu, chega à edição de 2024 como capitão da squadra azzurra

Emmanuele Ciancaglini

Os 26 convocados

  • Guarda-redes (3): Donnarumma (PSG), Alex Meret (Napoli) e Guglielmo Vicario (Tottenham)
  • Defesas (10): Alessandro Bastoni (Inter), Raoul Bellanova (Torino), Alessandro Buongiorno (Torino), Riccardo Calafiori (Bolonha), Andrea Cambiaso (Juventus), Matteo Darmian (Inter), Giovanni Di Lorenzo (Nápoles), Federico Dimarco (Inter), Federico Gatti (Juventus) e Gianluca Mancini (Roma)
  • Médios (7): Nicolò Barella (Inter), Bryan Cristante (Roma), Nicolò Fagioli (Juventus), Michael Folorunsho (Verona), Davide Frattesi (Inter), Jorginho (Arsenal) e Lorenzo Pellegrini (Roma)
  • Avançados (6): Federico Chiesa (Juventus), Stephan El Shaarawy (Roma), Giacomo Raspadori (Nápoles), Mateo Retegui (Génova), Gianluca Scamacca (Atalanta) e Mattia Zaccagni (Lazio)

O centro de estágio

  • Hemberg Stadium, em Iserlohn

A ligação a Portugal

Ainda não tem 30 anos mas parece que anda nisto há muito mais com uma razão: a passagem pela Primeira Liga portuguesa quando era novo. Bryan Cristante, médio da Roma orientada por duas épocas e meia por José Mourinho, foi uma aposta forte do Benfica de Jorge Jesus em 2014 (e de Rui Costa, que ajudou a fazer as pontes para o AC Milan, clube onde fez a formação) e parecia ter todas as condições para assumir um lugar de destaque nas opções dos encarnados, Não foi isso que aconteceu: depois de fazer 15 jogos em 2014/15, foi ainda menos utilizados nos primeiros seis meses com Rui Vitória em 2015/16 e acabou a entrar numa espiral de empréstimos a Palermo, Pescara e Atalanta até chegar a título definitivo à Roma em 2018/19.

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