O que interessa saber:
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Nome: Jezzus
Abriu: final de novembro
Onde fica: Rua da Guiné, 1A,
O que é: uma pizzaria de bairro, que aposta em fermentação natural e produtos nacionais
Quem manda: o grupo Alfredo de Jesus e, em particular, Tiago Jesus
Uma dica: a pizza à Bulhão Pato e a Mother of Jezzus
Contacto: 21 814 2186
Horário: terça-feira a domingo, das 12h às 00h
História
Até o mais convicto dos ateus nomeia a divina providência face à surpresa, ao inesperado, arriscamo-nos a dizer. E quantas vezes não chegará essa sensação de pasmo por via das papilas gustativas?
Atente ao número 1A da Rua da Nova Guiné: quase na esquina com a Avenida Almirante Reis, vai deparar-se com “Jezzus” e “Pizza Saves”, em letras grandes e iluminadas por luzes néon. É aqui que mora uma nova pizzaria de bairro, projeto que chega pelo grupo Alfredo de Jesus, nome do fundador do negócio familiar, agora e em parte, nas mãos de Tiago Jesus.
O nome do novo espaço é, então, uma homenagem à família, mas, num passeio pelo restaurante, descobrem-se várias alusões que brincam com o sagrado. “Usamos expressões ligadas ao divino quando nos deparamos com uma coisa muito boa”, diz Tiago Jesus. “Quisemos criar uma espécie de templo das pizzas.”
O lugar já estava nas mãos do negócio familiar — que detém 40 espaços de restauração, desde restaurantes de rua a cafetarias em universidades e outros organismos públicos — e serve de laboratório para dar o pontapé de saída para uma nova fase, em que o grupo, que já detém a Leitaria Lisboa, pretende apostar em “conceitos da nova geração”.
Houve consenso em relação ao produto a ser celebrado, já que outros membros do clã Jesus — pelo menos, a mãe, Graça, e o irmão, Diogo — são fãs de pizza. Mas queriam-na na sua versão mais premium e, assim, foram recuperar a qualidade fornecida pelos métodos do antigamente. “Foi o primeiro objetivo: criar uma pizzaria de qualidade, com fermentação natural, com cereais e farinhas vivas portuguesas de moleiro [Paulino Horta]”, destaca Tiago.
As receitas, desenvolvidas em parceria com o chef padeiro Luís Alvim, conferem à pizza de estilo napolitano o cunho português, outro dos pilares essenciais, através da escolha de produtos de estação que crescem por cá, vindos de pequenos e médios produtores. Mas já lá vamos.
Espaço
Não há toalhas aos quadrados, mesas redondas em madeira, cores que aludem à origem italiana do protagonista. Num clima que segue as novas tendências, aqui o manto é cor de rosa: desde as caixas empilhadas, que depois transportam as pizzas no take away ou serviço de entregas; às paredes; tubagens de um teto que dispensa camuflagens; ou os mármores das mesas e do balcão, agora num tom ligeiramente mais leve. A imagética do “universo visual dos anos 80 e 90”, explica Tiago.
O sítio onde agora vive o negócio já pertencia ao grupo: “Entendemos que era um bom espaço para testarmos aqui este projeto. Arroios, Anjos… é o novo bairro da moda de Lisboa”, considera. “É uma zona que tem crescido muito nos últimos dois ou três anos. Há mais pessoas que vieram viver para aqui, houve muitas casas remodeladas. É também muito a onda dos estrangeiros, dos nómadas digitais, que vieram estudar ou trabalhar para Lisboa.”
Uma “franja etária” que faz parelha com a disposição da Jezzus, que na entrada guarda alguns lugares para uma refeição sentada em cadeiras altas, de frente para a rua — e que, numa sala mais escondida, tem mais 30 lugares.
E o forno? Esse não é nacional. “Veio de Itália, da zona do Vesúvio — é feito com pedra do Vesúvio”, conta Tiago. Dele, as pizzas entram e saem no espaço de 20 segundos, confecionadas a 400 graus, detalha.
Comida
O tipo de massa mais fino e integral, destaca Tiago Jesus, é propício à velocidade com que o produto sai do forno. Esta característica da Jezzus surge expressa numa das paredes do espaço, onde são destacadas as outras duas características de toda a oferta: a fermentação natural, que utiliza “100% massa mãe” e que demora entra 48 a 72 horas. Por último, a utilização dos ingredientes nacionais, orgânicos e de estação, de pequenos e médios produtores.
Trazer o país para as receitas foi um dos pontos estabelecidos logo à partida. “Há produtos muito bons em Portugal. Gosto muito daquilo que é nosso”, diz. “Trabalhamos 90% com produto nacional.”
É assim que nasce, por exemplo, a pizza à bulhão pato (16€), que aqui surge na forma de uma espécie de desconstrução do tão adorado petisco português. “Fazemos o creme com a redução do molho das amêijoas e natas, que depois é a base da pizza. Adicionamos a amêijoas, fazemos um pesto de coentros e ainda acrescentamos uma raspa de limão. Todos os sabores estão lá.”
Tiago Jesus destaca também a Mother of Jezzus (13€), pizza com courgete, alho francês, queijo azul de Azeitão, pistácio, parmesão de 24 meses (um dos poucos produtos que não são nacionais, nota); e ainda a Judas dos Açores, com mozzarela flor di latte, pesto de coentros, chouriço de porco preto alentejano e ananás assado dos Açores. Nota: os mais céticos em relação à introdução do fruto na pizza devem, neste caso, dar uma oportunidade.
Estas são apenas três das 14 pizzas presentes na carta. Conte ainda com a clássica Marguerita (11€), com tomate, mozzarella fior di latte, manjericão, parmesão 24 meses e azeite virgem extra; com a Nossa Senhora Burrata (16€), com tomate, mozzarella, rúcula, coração de burrata, tomate cereja e pesto de pistacho; ou com a Holy Guanciale (13€), com tomate, mozzarella, papada de porco preto alentejano, cebola roxa e salsa.
No campo das entradas, o proprietário chama a atenção para os rolinhos de massa mãe, disponíveis em três sabores (chouriço, porco preto e cebola roxa; tomate cereja, pesto e mozzarella; e a courgete, alho francês, e queijo azul) e para as bordas de massa mãe (6€), para mergulhar em três molhos distintos (tomate temperado, creme de queijo de ovelha e pesto de Manjericão). De destacar, acrescenta, é ainda a burratabela (10,5€), uma burrata artesanal servida com tomates confitados e pesto de pistácio.
Para terminar, a Sweet Lord (5€), tarte de queijo no forno com calda de goiabada.
“Cuidado, está quente” é uma rubrica do Observador onde se dão a conhecer novos (e renovados) restaurantes.