894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Marta Temido: o trunfo eleitoral que os autarcas do PS não dispensam

Ministra foi solicitada pelos candidatos do PS às duas maiores câmaras do País. No caso de Lisboa foi uma das protagonistas num comício da Aula Magna. Popularidade faz da ministra trunfo eleitoral.

Marta Temido entrou para o partido e diretamente para o lugar da preferida dos candidatos socialistas para fazer campanha. Nos últimos dois dias esteve nos palcos das candidaturas do PS às duas maiores câmaras do país e esta segunda-feira, depois de estar ao lado de Fernando Medina em Lisboa, tinha ainda mais um evento esta noite (ainda que remotamente) organizado pela candidatura do PS à câmara do Bombarral.

O incumbente que se recandidata à Câmara de Lisboa andava a tentar acertar agenda, há já algum tempo, com a ministra da Saúde, que é sua vizinha na cidade e que encontra regularmente no mercado que ambos frequentam. Medina confirmou ao fim da manhã que Temido ia conseguir aparecer no comício da Aula Magna ao final da tarde e com o objetivo evidente: Medina, tal como os outros socialistas em campanha, querem aproveitar a popularidade de que goza a ministra que mais rapidamente os portugueses associam ao combate do último ano e meio e que está prestes a ser controlado no país, o da pandemia.

O argumento usado na candidatura de Medina para explicar esta procura é a ação conjunta que as câmaras e o Governo tiveram durante o combate à pandemia. No caso do candidato à Câmara de Lisboa, serviu também para atirar aos planos do seu adversário à direita, Carlos Moedas, em matéria de Saúde.

Marta Temido é pouco versada nas lides partidárias e antes de começar a falar atirou um tímido “olá”, acompanhando de um desajeitado aceno com a mão, à sala cheia à sua frente. Mas o seu peso político nesta altura faz-se sobretudo da oportunidade a ela associada. O Governo prepara-se para entrar na última fase de levantamento de restrições da pandemia e, associado a isso, vem a elevada fasquia de 85% de população com vacinação completa. Um cenário a que António Costa se tem referido como “um sucesso” na sua volta pelo país socialista nesta campanha eleitoral e que muitos candidatos também quiseram que subisse aos seus palcos na pessoa de Marta Temido.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Em Lisboa, esta segunda-feira, a simples referência feita pelo líder da federação de Lisboa do PS, Duarte Cordeiro, quando agradecia aos que combateram a pandemia e apontou a ministra da Saúde ali sentada na primeira fila do comício de Medina fez a sala levantar-se num longo aplauso. A única outra vez que essa mesma reação surgiu na Aula Magna foi quando Rui Tavares, o candidato do Livre na lista de Medina, falou do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que morreu dias antes da campanha oficial autárquica arrancar.

E quando, finalmente, a recém militante socialista subiu ao púlpito, bastou dizer um “estou aqui, caro Fernando Medina”, para a sala voltar a irromper num aplauso. Trazia guardado um ataque à direita para desferir a partir daquele palco, a propósito de uma proposta de Carlos Moedas na área da saúde que passa por prometer um seguro de saúde para os maiores de 65 anos com dificuldades económicas, que inclua duas consultas uma delas de triagem. Para a militante que Medina convidou para ir ali pela autoridade que tem, nesta altura, nesta área, a proposta é “um penso rápido” e um “engodo”. “Não serve os cidadãos”, garantiu.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Logo a seguir, Medina havia de pegar na mesma proposta do adversário, ao dizer que “nunca diria melhor do que a Marta aqui disse. A nossa aposta é para continuar a reforçar o SNS. Não faremos a publicidade enganosa que é oferecer duas consultas por ano” aos idosos, disse. A proposta do PS passa, contrapôs o socialista, “por oferecer a garantia de dotar a cidade de uma rede de cuidados de saúde primários que sirva todos”. Mal subiu ao palco, o candidato do PS em Lisboa já lhe tinha atirado o elogio da noite, em resposta a uma tirada que a ministra ali também tinha deixado sobre as dificuldades da gestão autárquica; “Ó Marta só mesmo a brincar podes dizer que alguém tem um trabalho mais difícil do que o teu. Não tem”.

A preponderância política de Marta Temido no PS é ocasional nesta altura, mas tem dado que falar no último mês. Recorde-se que há menos de um mês, no congresso em que entregou a Temido o cartão de militante do PS, António Costa explicou ao Observador que tinha sido ele a convidá-la e, sem ainda a pergunta lhe ter sido dirigida, colocava Marta Temido no lote de futuro do partido. A frase havia de ter uma tentativa de correção, por parte de Carlos César dias depois, em entrevista ao Observador, mas o factor Temido já estava lançado no PS, com a própria a dizer à entrada do congresso do partido, em Portimão, que que liderar o PS é uma hipótese que “a vida leva a não descartar completamente“. Em poucas horas, a ministra da Saúde de António Costa desde outubro de 2018, entrava diretamente de mais recente militante do PS para um dos quadros de futuro do partido.

No Porto com o Tiago, um “jovem” da sua “geração”

Antes deste apoio a Fernando Medina, Marta Temido marcou presença na segunda autarquia mais importante do país, que não está nas mãos do PS há duas décadas. Foi a primeira governante a pisar a campanha do improvável candidato Tiago Barbosa Ribeiro (antes ainda dos amigos do candidato, Pedro Nuno Santos e Duarte Cordeiro) e fê-lo durante um pequeno-almoço a dois, dispensando intervenções públicas e plateias compostas.

Rui Oliveira/Observador

Sem mostrar sinais de pressa, Marta falou aos jornalistas enquanto esperava que lhe servissem a meia torrada e o abatanado no café Guarany, para mostrar que prestava atenção ao trabalho do deputado socialista no Parlamento. Enalteceu-lhe as “intervenções na Assembleia da República” e tentou colocá-lo no mesmo patamar de maturidade, referindo-se a Tiago Barbosa Ribeiro (visto como uma espécie de enfant terrible ex-BE no partido) como “um jovem” da sua “geração”.

Quase meia hora depois e recusados os bolos, ao pequeno-almoço (o Governo tem lutado por uma alimentação saudável), Temido respondeu aos jornalistas para explicar o significado daquela visita. A “militante de coração” vestiu a capa de ministra e transformou os momentos difíceis que viveu durante a pandemia (e a capacidade de responder a eles) num elogio ao candidato: “Como sabem considero que nunca se deve fugir aos desafios, mesmo quando são difíceis e acho que vale mesmo a pena apoiar este projeto, esta candidatura a uma mudança no Porto”.

Vinte anos depois de ter perdido a autarquia e com Rui Moreira a ter como certo que — caso vença, este será o seu último mandato à frente da autarquia, por limitação de mandatos — o Partido Socialista sabe que precisa de preparar terreno para recuperar o poder na invicta — mesmo que seja apenas nesse longínquo 2025. E Temido trouxe essa lição estudada: “O Porto é muito importante para Portugal, não é só para os portuenses. Todo o país deve estar de olhos postos no Porto e todos aqueles que acreditam em determinados princípios e valores devem pensar na escolha que têm para fazer”, disse a ministra.

Apesar do clima de harmonia e sintonia vivido durante a ação de campanha, esta visita de Temido havia de lhe causar incómodo já que a ministra utilizou um dos carros do ministério da Saúde para se deslocar à pastelaria onde tomou o pequeno-almoço com Barbosa Ribeiro.

Marta Temido utilizou carro do Governo para participar em campanha do Partido Socialista

Apesar deste caso e do desconforto que causou no PS (António Costa recusou-se a comentar o caso e chegou a disparar um “até logo” fugidio aos jornalistas), Marta Temido continuou a ser um ativo importante. A prova disso é que, três dias depois de se saber do uso indevido da viatura, o autarca da maior autarquia do país não dispensou a presença da governante.

O trunfo desejado por todo o país (que não nega ajudar o partido)

A ministra da saúde tem sido solicitada um pouco por todo o país desde que o ritmo de campanha se intensificou e a data das eleições se aproxima. A 21 de agosto, Marta Temido foi até Valongo apoiar a candidatura de José Manuel Ribeiro à câmara municipal. Foi antes até António Costa só acabaria por lá ir no último domingo, onde fez questão de tirar uma fotografia com uma regueifa de cinco quilos que dizia “Costa” e “PS”.

https://www.facebook.com/psvalongo/posts/4248032591900508

Três dias depois, a 24 de agosto, foi a vez de Marta Temido marcar presença na sessão de apresentação dos candidatos aos órgãos autárquicos na Marinha Grande, que tem como candidata à presidência da câmara a socialista Cidália Ferreira.

https://www.facebook.com/PartidoSocialistaMG/photos/3008322259489304

Na apresentação pública da candidatura de Luís Antunes à Câmara da Lousã, no dia 3 de setembro, a grande estrela foi novamente a ministra da Saúde.

https://www.facebook.com/LuisAntunes2021/photos/pcb.1921426178016258/1921419031350306

No dia 11 de setembro a governante foi igualmente convidada para um evento na Lourinhã, que estava previsto que acontece na Praça José Máximo da Costa e consistia na apresentação dos candidatos à Assembleia Municipal, à Câmara Municipal e à União de Freguesias de Lourinhã e Atalaia. O evento acabou adiado (para 18 de setembro), como registou o Jornal Alvorada, com os organizadores a lamentarem já não conseguirem garantir a presença da governante.

https://www.facebook.com/585353331496354/photos/a.1055313977833618/4734155359949443/

Em Loures, no dia seguinte, o candidato à câmara municipal pelo PS, Ricardo Leão, e a candidata à Assembleia Municipal e colega de governo de Temido, contaram também com uma intervenção da ministra da Saúde na apresentação das listas aos órgãos municipais junto ao Pavilhão Paz e Amizade. Voltou, como nos restantes concelhos, a ser a cabeça de cartaz do evento.

Marta Temido tem sido solicitada por outros autarcas socialistas para vários eventos noutros pontos do país, não podendo acorrer a mais pedidos precisamente porque tem de desempenhar as funções de ministra da saúde durante uma pandemia que ainda acabou, embora a DGS já tenha registado que o país se aproxima do “fim de uma fase pandémica”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.