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Os Massive Attack eram cabeça de cartaz no primeiro dia do festival Meo Kalorama
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Os Massive Attack eram cabeça de cartaz no primeiro dia do festival Meo Kalorama

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Os Massive Attack eram cabeça de cartaz no primeiro dia do festival Meo Kalorama

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Massive Attack no Kalorama: mais do que um concerto, música para pensar o mundo

Ao primeiro dia, a consciência social e política da banda de Bristol dominou o palco da Bela Vista. Sam Smith exaltou a liberdade. Para alguns, as filas pareceram intermináveis.

Quantas vezes fica o público de um festival de música em absoluto silêncio? Foi o que aconteceu esta quinta-feira, no primeiro dia do Meo Kalorama, quando os ecrãs do palco maior do Parque da Bela Vista, em Lisboa, passaram imagens devastadoras de Gaza, números de uma Palestina destruída, mensagens sobre o mundo de teorias da conspiração em que vivemos.

Foi por breves instantes, mas aconteceu durante o concerto de Massive Attack, cabeças de cartaz que não seguem a bula artística que recomenda o recato e a neutralidade sobre os problemas do mundo. Os concertos de Robert “3D” Del Naja e Grant “Daddy G” Marshall são conhecidos pela sua atmosfera rica e envolvente, com experiências imersivas e projeções visuais impactantes com mensagens políticas e sociais carregadas de significado. Em Lisboa não foi diferente, com Robert Del Naja a dizer em bom português: “viva Palestina”.

Claro que também houve canções, como Angel, Unfinished Sympathy, ou Song to the Siren, com a delicadeza da voz de Elizabeth Fraser, dos Cocteau Twins, a surpreender o público. Atravessada pela luz em palco, a escocesa foi aplaudida durante vários segundos após entoar a canção de Tim Buckley. A voz de Teadrop, um dos maiores sucessos da banda de Bristol, tornaria a palco para esse momento luminoso mais próximo da despedida.

Os concertos de Robert "3D" Del Naja e Grant "Daddy G" Marshall são conhecidos pela sua atmosfera rica e envolvente

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

A banda britânica aterrou em Lisboa cinco anos depois de se apresentar em nome próprio no Campo Pequeno, também na capital, e vinda de um espetáculo especial em Bristol, cidade-berço, altamente politizado.

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Vestidos de negro, discretos, arrancaram com a cover de In My Mind, de Gigi D’Agostino, enquanto várias mensagens começaram a surgir no grande ecrã: “Am I Real?” (Sou real?), “Am I Unique” (Sou única?).

Das críticas à guerra na Ucrânia e na Palestina (Safe From Harm foi dedicada à Palestina), do alerta para as fake news à exposição de teorias da conspiração mirabolantes, como a de que “redes pedófilas controlam a política e os media” ou que as “vacinas Covid alteram o nosso ADN e implementam microchips”, os Massive Attack dispararam para todos os lados: Donald Trump, Vladimir Putin, Xi Jinping, Benjamin Netanyahu (as imagens do primeiro-ministro israelita provocaram fartos assobios por parte da audiência). “A grande substituição já está a acontecer”, ironizam. “A suspeição é uma outra forma de controlo”, rematam.

Questionada pelo Observador, a organização não revela número de entradas no arranque do Meo Kalorama. Nenhum dos dias está esgotado

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Com a ideia de suspeição e dúvida em mente, a primeira noite de Kalorama tornou-se também o momento em que voltámos a perguntar-nos: será que o artista Banksy é Robert Del Naja dos Massive Attack?

O rumor circula há anos e a tese ganhou força há uns meses com o desenterrar de uma entrevista perdida, feita em 2003, na BBC, na qual Banksy diz que o seu nome é Robbie. Seja ou não Del Naja o cérebro por detrás do artista urbano, certo é que os Massive Atack deram um concerto irrepreensível esta quinta-feira, sobretudo tendo em conta um percurso com mais de 30 anos no qual não é fácil mergulhar par extrair um alinhamento que satisfaça gregos e troianos.

Contando ainda em palco com outros conhecidos, como Horace Andy, os Young Fathers ou Deborah Miller, foi só pena que nessa altura tantos que os queriam vislumbrar aguardassem cá fora. Ao final da tarde havia filas de mais de um quilómetro para entrar no recinto. Aliás, houve quem esperasse uma hora e meia para o conseguir. Ao que o Observador apurou, o motivo da demora deveu-se à necessidade de trocar os bilhetes (mesmo os diários) por pulseiras de acesso ao recinto. A troca é feita em postos designados para o efeito, junto à Rotunda da Bela Vista, mas as filas começavam muito antes, perto do centro comercial, e daí continuavam até à entrada do recinto.

As queixas rapidamente saltaram da estrada (cortada ao trânsito) para as redes sociais, onde constam vários relatos de frustração. “Como é possível isto? Põem os Massive Attack a tocar às 20h de uma 5a e não se prepararam para toda a gente chegar a partir das 19h?”, critica um utilizador no Twitter.

O Parque da Bela Vista é, pelo terceiro ano consecutivo, o espaço escolhido para receber o Meo Kalorama, que acontece este ano pela primeira vez em simultâneo com uma edição em Madrid

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Sam Smith: “Este espetáculo é sobre liberdade”

“Pessoal, águas para encher, é preciso alguma coisa?”, diz um jovem da organização, com uma mangueira em riste, minutos antes de deixar um grupo fotógrafos entrar pelo fosso adentro.

Um trio logo lhe estende garrafas. Vão precisar delas para manter a hidratação na longa espera até Sam Smith, que atua já perto das 23h. São poucos, não chegam sequer a encher a primeira fila, mas entraram mal o recinto abriu, às 16h, para ver o artista britânico.

Tarefa inglória a da portuguesa Ana Lua Caiano: cantar para um recinto despido no arranque do festival Kalorama

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Antes, ainda haveria de passar por ali Muleca XIII, rapper brasileira a quem coube estrear o palco Meo num curtíssimo concerto antes de Ana Lua Caiano, que com simpatia tentou aproximar as pessoas. Que o sangue circule foi a música que começou por cantar para um público escasso, que foi sendo cativado pela voz da cantautora.

A circulação, mas no recinto, só se viria a intensificar às portas de Massive Attack e, pouco depois, para o muy aguardado Sam Smith. Mesmo tendo passado há um ano por Algés, e sendo a quinta vez que o artista passa por Portugal, Sam Smith encantou o séquito de fãs que o aguardavam como se fosse a primeira vez.

Fez as delícias ao arrancar o concerto com Stay With Me, quebrando o jejum habitual de fazer o público sofrer pelas músicas conhecidas e dando-lhes algo que podem gritar a plenos pulmões. E foi isso que aconteceu. O gancho foi uma celebração: os 10 anos da canção, do álbum de estreia In the Lonely Hour, que é, ainda, um dos pontos mais altos da carreira do cantor britânico, que o lançou internacionalmente e o catapultou para o reconhecimento global.

O tema, sobre o momento da manhã seguinte depois de um encontro de uma noite, em que a pessoa com quem estamos abandona e nos deixa sozinhos, encontrou conforto nas vozes da firma.

Sam Smith atuou pela quinta vez em Portugal, para uma legião de fãs que o recebeu como se fosse a primeira vez

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Sorridente, simpático, durante mais de uma hora Sam Smith distribui sorrisos e acenos ao público. “Este concerto é sobre liberdade”, atira a dada altura, quando nota o facto de estar na reta final da sua digressão de Gloria, o mais recente disco, lançado em 2023. Depois de Portugal, apenas mais três concertos se seguirão, anuncia, qual desculpa perfeita para lançar  Too good at Goodbyes e colocar o público a cantar em uníssono: quem não te dificuldade em despedidas?

Se alguns poderão acusar de trazer ao Kalorama o mesmo alinhamento que trouxe há um ano ao NOS Alive — afinal, trata-se da mesma digressão — a verdade é que não há um sentimento de falso quando Sam Smith nos diz que escreveu uma música sobre um tipo que lhe partiu o coração. Todos sabem que Smith se refere a Dancing with a stranger. Foi só mais um dos muitos êxitos que Sam Smith desfilou ao longo de uma hora e meia, sabendo sempre agarrar o público, motivando-o, num carrossel emocional com direito a canções para dançar, canções para chorar, canções para sofrer e canções para gritar.

I’m Not Here To Make Friends dirá também, no que não pode ser levado à letra — basta vê-lo uns dias antes, fotografado numa loja de vinis em plena baixa lisboeta, sorridente ao lado de uma fã.

“Agradeço por me ajudarem a viver os meus sonhos”, disse o cantor a dada altura no palco, referindo-se ao apoio incondicional da sua base de fãs nos últimos 10 anos. É caso para dizer que, a dar concertos destes, a resposta é só uma: “não tem de quê”.

Cabeças de cartaz arrumadas, muitos rumaram a casa, mas quem ficou pelo festival ainda tinha música a explorar.

O rapper Loyle Carner ganhou esta quinta-feira uma merecida "promoção" no alinhamento do festival

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Desde logo, o lugar deixado livre pelo cancelamento de Fever Ray, por motivos de saúde, na manhã desta quinta-feira, levou a que o artista britânico de hip-hop Loyle Carner fosse “promovido” do Palco Lisboa para o Palco San Miguel — promoção que viria a provar-se merecida. O infortúnio de Fever Ray abriu caminho também para a entrada de Filipe Sambado, que assim se juntou ao cartaz do Meo Kalorama, com um concerto no Palco Lisboa, onde mostrou o seu Três Anos de Escorpião em Touro.

Belas canções que só não colheram mais público porque, ao mesmo tempo, brilhava no palco San Miguel Peggy Gou, DJ sul coreana que é um verdadeiro fenómeno da música de dança. Já tendo passado por Portugal no Neopop, em Viana do Castelo, Gou subiu a palco, não se deixando fotografar, mas não esquecendo I Hear You, um dos álbuns mais badalados de 2024, e receita para fazer do Parque da Bela Vista uma verdadeira pista de dança.

O Meo Kalorama prossegue esta sexta-feira com LCD Soundsystem e Jungle como figuras de maior destaque. O festival termina sábado com Burna Boy.

 
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